CAPÍTULO 34

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A rotina da manhã de Damon mudou totalmente desde o nascimento de
Nate. Antigamente ele pegava trabalho as 7:30, agora pegava as 9:30,
assim podia acordar o filho com calma, alimentá-lo, aprontá-lo e levá-lo pra torre branca. Antigamente ele acordava e fazia o que bem queria,
agora precisava ser silencioso, porque o menino podia acordar. Mas não
se importava. Acordava mais cedo, porque precisava fazer suas coisas, e
o deixava dormindo, mas só de acordar e ver o menino aconchegado
nele, o rostinho inocente adormecido, o enchia de uma alegria sem explicação. Ele bem tentava fazer Nate dormir no próprio quarto, e as
vezes conseguia, colocando-o lá enquanto dormia, mas a verdade é que os dois preferiam dormir juntos. Naquela manhã Damon acordou e
sorriu, vendo o filho agarrado em seu braço, se soltou dele e seguiu sua
rotina. Foi pro escritório, adiantou algumas coisas, voltou pro banheiro de onde saiu de banho tomado e barbeado, se aprontou e voltou pra cama.
Damon: Você não precisa acordar ainda, mas está pensando seriamente nisso. – Disse, acordando o filho, que assentiu – Está pensando?
Nate: Tô. – Murmurou, dormindo, e Damon riu, beijando o cabelo do menino. Sempre o despertava 20 minutos antes dele precisar levantar.
Ele não sabia que seria um dia cheio. Logo voltou e acordou o menino,
levando-o pro banho, então os dois se aprontaram e vieram pra sala, Nate
bonitinho em uma calça azul clara e uma camisa branca e Damon impecável em seu terno cinza.
Nate: Bom dia, Ga... Gai... – Ele se atrapalhou, enquanto o pai o colocava na cadeirinha.
Damon: Gail. – Sussurrou, ajudando-o, e ele sorriu.
Nate: Bom dia, Gail.- Disse, todo pomposo, e Gail sorriu, trazendo o prato com o mingau dele.
Gail: Bom dia, menino Nate. Bom apetite. – Disse, tranqüila, e Nate atacou seu prato. Damon sorriu, tomando um gole de seu café e abrindo o jornal. Era impossível não gostar do menino. Mas, falando na exceção a regra... Damon terminou seu café primeiro e foi aprontar suas coisas pra sair, checando o celular, deixando Gail ajudando Nate a terminar o suco, e se bateu com Jennifer sentada na sala.
Jennifer: Damon, quanto tempo mais vai me dar esse gelo? – Perguntou,
parecendo magoada – Eu disse a você, foi um acidente. Não atenda isso, me
dê atenção. – O celular chamava.
Damon: O que teria acontecido se eu não tivesse chegado, Jennifer? –
Perguntou, se sentando numa poltrona. O celular continuou – Teria batido no meu filho?
Jennifer: Sabe que eu não seria capaz! – Disse, exasperada.
Damon: Eu não sei de mais nada. – Cortou. O celular parou de chamar e caiu na caixa. A saudação de Damon soou na sala. - Salvatore, deixe sua mensagem. Então veio a voz de Elijah. Parecia afobado, apressado, não sabia se dizer ao certo. Damon franziu o cenho.
Elijah: Irmão, sou eu. Escute, eu sei que parece impossível, eu não... Não dá pra explicar agora. Elena acordou. Venha pra cá. - Fim da mensagem. Um silencio pesado se apoderou da sala. Jennifer parecia ter acabado de ouvir a noticia da própria morte; Damon estava estupefato. Durou uma fração de segundo, até que ele discou de volta. Elijah não atendeu devia estar ocupado. Damon saltou da poltrona,
afoito, ignorando Jennifer e indo pra cozinha.
Damon: Filho, papai teve uma emergência. – Disse, limpando a boca de Nate – Hoje você fica com a tia Hayley, ok? – Nate assentiu, satisfeito. Queria brincar com Juliet.
Jennifer: Ela não pode ter acordado. – Disse, quando Damon voltou com o
menino no colo, sem pasta nem nada, só o celular e a chave do carro. Damon a lançou um olhar letal.
Nate: Quem acordou? – Perguntou, confuso.
Damon: Hayley. Mas tenho certeza que acordou, Juliet chora quando tem
fome. – Disse, atravessando Jennifer, enquanto esperava o elevador. Damon deixou Nate com uma Hayley que parecia também ansiosa e partiu, cantando pneu pelas ruas de NY até chegar no hospital. O Richard
Salvatore General Hospital era um hospital de luxo, enorme... Grande
demais. Damon esperou o elevador impaciente, e notou a alteração ao
chegar no quarto de Elena: Haviam médicos demais. Um neurologista e
um cardiologista, além de Elijah. Haviam fios novamente ligados a
cabeça de Elena, alguns em sua testa e alguns debaixo dos cabelos, e ela... Ela encarava o teto. Os olhos estavam abertos. Havia uma maquina do lado da cama, com a imagem de um cérebro, totalmente cinza, exceto
por dois pontos nas laterais que estavam em um laranja que ficava cada vez mais vivido.
Damon: O que... – Perguntou, sem fôlego pela corrida.
Elijah: Ela abriu os olhos de madrugada. Não sei quanto tempo passou de olhos abertos, mas a enfermeira veio fazer a ronda das 3 da manhã e ela estava encarando o teto. – Resumiu – Eu estava em casa, voei pra cá. Eu não sei o que aconteceu, o cérebro dela simplesmente reagiu, sem nenhum
estimulo, sem nada.
Damon: Porque ela está parada assim? – Perguntou, ansioso.
Elijah: Ela passou 4 anos quase morta. O cérebro está reagindo aos poucos,
mas os lobos temporais dela estão ativos. Ela está ouvindo. – Ele se
aproximou, checando a maquina e olhou o neurologista, que assentiu – Elena, sou eu, Elijah. Você está no hospital. Pode me ouvir? Elena não respondeu, mas virou o rosto na direção do som, como se quisesse segui-lo. Elijah apanhou uma caneta, levando uma lanterna aos olhos dela, que nem pestanejou com a luz. Não estava enxergando quase nada. Damon se lembrou dela na gincana de Greg, anos atrás. “Você é uma cega terrível”, ele disse.
Elijah: Tudo bem, eu vou pegar sua mão. Faça alguma coisa se me sentir. –
Ele apanhou a mão dela, apertando-a.
Levou um instante, então a mão de Elena, tremula, retribuiu um aperto
fraco. Elijah sorriu e o neurologista anotou algo.
Elijah: Lobo occipital quase inativo. – Disse, olhando o monitor. A única parte que havia reagido eram as da audição. O neurologista assentiu – Você consegue falar comigo? Aperte minha mão se conseguir. Não houve nada. Elena só tinha a cabeça virada na direção do som, piscando os olhos castanhos cegos, mas definitivamente acordada.
Elijah: Hemisférios inativos. – Avisou aos médicos, que continuaram com suas anotações.
Damon: Ela vai ficar assim? – Perguntou, em um murmúrio.
Elijah: Não, o coma dela só foi muito severo. Acredito que as funções vão
voltar. – Disse, confiante. Damon encarava Elena, que não o via, como quem testemunha algo sobrenatural, então algo caiu com um peso morto em seu estomago. Ele desenvolveu respeito e carinho por ela durante esses anos, e desejava sinceramente que ela acordasse, mas só ao ver os olhos castanhos piscando, vivos novamente, se atentou a algo: Elena Katherine o odiava. O momento em que mais o odiou foi justamente quando sofreu o acidente. Agora que acordada, o ódio dela acordou com ela. E ela era mãe do filho dele, tinha direitos. A compreensão veio com um choque desagradável: Ela voltou pra lhe tomar Nate.

Levou dias até que as funções de Elena voltassem. Todas menos a voz, o
que era estranho, porque segundo os aparelhos o cérebro dela estava
funcionando totalmente.
Damon: Ela me odiava. Me odeia, é claro, com razão. Tenho medo de que ela tente me tomar Nate. – Confessou ao irmão, enquanto os dois olhavam Elena pela porta de vidro do quarto.
Elijah: Dê tempo a ela. Até agora ela reagiu bem a sua presença. – Elena não demonstrara nenhuma aversão à presença de Damon no quarto.
Damon: Eu tento, mas não consigo não me preocupar. Fiquei cheio de vida desde que ele nasceu. – Murmurou, quieto.
Lydia: Porque ela não diz nada? Ela passou os últimos 4 anos em coma, qualquer pessoa ia querer saber as coisas! – Disse, exasperada – Saber do filho, qualquer coisa!
Caroline: Ela precisa de tempo. – Disse, quieta. Também estranhou. Achou que a primeira reação de Elena ao acordar seria procurar pelo filho.
Hayley: Ou... Amor. – Ela passou pelos outros, se aproximando do marido,
olhando a vidraça – Olhe aquilo. - Elena os observava a conversar por um bom tempo, e agora batia os lábios, uma expressão curiosa no rosto, meio frustrada. Elijah franziu o cenho, e agora todos observaram. Ela tinha uma mão na garganta e batia os
lábios, parecia tentar falar.
Elijah: Eu não acredito nisso. – Murmurou, puxando a porta de correr e entrando no quarto. Elena os olhou, quieta – Elena? – Nada. Ele tocou a garganta, imitando-a, e ela o olhou – AAAAAAAAAAH. – Disse, só usando a voz. Elena demorou um instante, parecendo concentrada...
Elena: AAAAAAAH. – Repetiu, a voz clara e firme, e Damon sorriu de canto ao ouvi-la de novo. Elijah, entretanto, parecia frustrado.
Lydia: Qual é o seu problema? Ela finalmente falou alguma coisa. – Disse, olhando o irmão.
Hayley: Ela não falou Lydia; ela o imitou. – Corrigiu, parecendo penalizada também. Stiles e Lydia lançaram um olhar irritado.
Elijah: Ela não estava calada porque queria. – Constatou, olhando Elena com algo que beirava pena – Ela estava calada porque não se lembra de como falar. Ela esqueceu. Tudo. – Completou. Já havia lidado com casos assim: Após um coma severo a pessoa perdia parte da memória, ou em casos mais graves toda ela. Parecia que esse
era o caso. Curioso, no mínimo.

Elijah apanhou o celular, discando alguns números e falando
rapidamente, chamando algumas pessoas, e Elena foi levada a uma
ressonância magnética, logo voltando ao quarto. Os médicos estudaram
os resultados, mas não havia outra resposta. Os outros esperaram,
ansiosos, até que Elijah se voltou pra Elena, que olhava sem interesse.
Stiles: Pode explicar agora? – Perguntou, debochado.
Elijah: Ela não rejeitou a presença de Damon, não perguntou por Nathaniel,
não disse nada... Porque ela não lembra. Aparentemente o cérebro dela foi zerado. – Disse, do modo mais claro que podia.
Hayley: Ela dormiu os últimos dias tranquilamente, sem precisar de remédio algum. Devíamos ter notado. – Disse, olhando Elena.
Stefan: E você devia fazer faculdade de medicina. – Cortou – E agora?Elijah: Nós vamos ensiná-la outra vez. Temos uma ala no hospital dedicada a
pacientes com amnésia. Ela já ia precisar de fisioterapia de qualquer forma, por causa do coma, mas vamos ensiná-la a falar, a comer, a escrever... A viver de novo. O cérebro dela não reteve nada. – Disse, resignado.
Caroline: Como isso pode ser possível? – Perguntou, totalmente exasperada.
Elijah: Depois do acidente ela teve um traumatismo craniano, um inchaço e
uma hemorragia. A hemorragia, juntamente com o inchaço, pressionou o cérebro dela contra o crânio. Um traumatismo nunca é igual ao outro, então só podemos supor. – Explicou. Elena parecia entediada agora.
Stiles: Mas ela pode se lembrar, não é? – Tentou, angustiado. Damon olhava
Elena, calado. Ele apanhou a mão dela, o dedão acariciando o pulso, um
carinho familiar dos dois, e ela olhou, parecendo gostar do afago.
Elijah: Pode, como não pode. É como toda amnésia. – Finalizou.
Damon: Eu preciso conversar com vocês. Todos vocês, incluindo Jennifer, então precisa ser na minha casa. – Disse, decidido, olhando Elena. Os outros o olharam, curiosos – Vou sair agora, vou ver Nate, encontro vocês na minha casa. Todos. Hoje à noite. – E saiu, parecendo atordoado, mas obstinado. Voltas, voltas, voltas. Elena observou Damon sair com o olhar tranqüilo, enquanto os outros pareciam confusos. Bastava esperar pra saber o que é que ele tinha de tão importante a que dizer.

Elena começou a fisioterapia e a terapia naquela mesma tarde. A
fisioterapia era o mais fácil, já havia um padrão estabelecido, mas a
terapia era diferente. Ela precisava aprender a falar, aprender o significado das palavras, das ações, saber distinguir quando sentia fome,
sede, aprender todas as coisas que no normal temos a infância inteira
para aprender. Era complicado.
À noite, o apartamento de Damon estava anormalmente cheio. Havia um clima de curiosidade mutua ali (principalmente do porque Jennifer tinha que estar em algo relacionado à Elena). Damon se ausentou por um instante, pra colocar Nate pra dormir, um golpe de sorte o menino ter sono aquela hora: Como todos correram pro hospital com a noticia de Elena, as crianças ficaram com Grace, e uma
reunião Clair + Nate + Greg + Juliet foi exaustiva. Enquanto os Salvatore
chegavam Damon cuidou do filho, dando banho e alimentando, e o
menino simplesmente apagou, inocente de tudo. Gail colocou uma empregada pra servir bebidas e tira-gostos enquanto a reunião durava, mas ninguém tinha muita fome.
Stiles: Imaginei encontrar vocês aqui. – Disse, debochado, saindo do elevador com Lydia.
Elijah: Você mora aqui agora ou o que? – Perguntou, no mesmo tom de
deboche, sentado no piano.
Lydia: Morará. – Cortou, simples, se abaixando pra dar um beijo em Juliet,
no colo de Hayley.
Stefan: Como assim “morará”? – Perguntou, exasperado.
Lydia: Quero me casar em comunhão total de bens. Como mamãe e papai.
– Disse, dando de ombros – O meu apartamento será dele também. Não
gostaria de me mudar daqui.
Stiles: Não olhem pra mim, eu tentei fazer ela desistir. – Cortou, antes que os outros pudessem tomar fôlego. Já tinha problemas de aceitação demais
mesmo sem colocar dinheiro no meio. Stefan e Elijah se encaram, em
uma exasperação muda. Mas antes que um dos dois pudesse falar, Damon saiu do quarto, fechando a porta com cuidado. O silencio se abateu sobre a sala. Era palpável.
Stiles: Certo, eu preciso beber pra passar por isso. – Disse, apanhando um martini na bandeja que a empregada obedecia.
Jennifer: Estamos aqui, como você pediu. – Disse, dando voz ao resto. Estava de pé do lado de uma poltrona, a mão no recosto.
Damon: E eu agradeço. – Ele respirou fundo, tentando encontrar um modo
razoável de falar aquilo – É sobre Elena, é óbvio. Eu quero pedir algo a vocês. A todos vocês. – Os outros esperaram, mas Caroline sorriu, deitando a cabeça de lado.
Caroline: Você não quer que ela lembre. – Disse, suave, estudando a reação dele. Damon suspirou.
Stefan: Como é? – Perguntou, como se tivesse perdido alguma parte.
Caroline: Essa Elena, a Elena que está se recuperando no hospital, ela não
sabe de nada. Ela não é a Rainha Katherine que humilhou você quando adolescente, ela não guerreou com
você por anos, ela não tentou te matar. – Era exatamente o que estava na cabeça de Damon. Ele franziu a testa, desconfortável – Você não quer que ela lembre porque, enquanto ela não lembrar, não tentará tirar Nathaniel de você. – Completou. Damon se sobressaltou.
Damon: Não. – Os outros esperaram. Elijah saiu do piano, indo pro lado de
Hayley, pensativo – Não é só por Nathaniel. – Aquilo era totalmente
desagradável – Eu não quero que ela lembre, porque não quero que ela me
odeie. Eu quero ter a chance de tentar. Quero fazer meu casamento dar certo. - Houve um instante de silencio enquanto todos absorviam o que foi dito, então um bombardeio de vozes, todas falando ao mesmo tempo, subiu. Juliet riu, animada. Cada um parecia ter um ponto de vista sobre o
assunto, mas não dava pra entender o que ninguém dizia.
Damon:SHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! – Sibilou, batendo palmas. Aos
poucos as vozes pararam. – Vão acordar Nate!
Hayley: Ok. Você está aqui, olhando no meu olho, e me dizendo que quer uma chance de “tentar”. – Damon assentiu, passando a mão no rosto.
Damon: Nunca daria certo se ela soubesse o que já aconteceu, mas ela não sabe, então há uma chance. – Ponderou.
Caroline: E você quer que, depois da série de barbáries que aconteceram nos últimos anos, incluindo espancamento, tentativas de assassinato e envenenamento, nós entreguemos uma Elena mais indefesa que nunca pra viver com você. – Continuou. Damon ficou quieto.
Damon: Ela é a minha mulher. – Disse, por fim – Eu quero tentar. Por ela. Por
Nathaniel. Por mim.
Elijah: Damon, a condição de Elena é muito complicada. Ela pode acordar
amanhã e se lembrar de tudo, ou pode nunca mais lembrar. O cérebro humano não tem padrões totalmente seguros onde se guiar. – Lembrou.
Damon: É nessa esperança a que eu me prendo. Que ela não lembre. – Disse, tentando se fazer claro – Nesse momento, ela não sabe de nada que sofreu. Não sabe de nada do que me fez sofrer. Ela conseguiu esquecer, e essa é a minha chance de arrumar essa confusão.
Lydia: Irmão, me diga especificamente o que você está me pedindo, porque minha cabeça está começando a doer. – Pressionou, no colo de Stiles.
Damon: Eu quero que ela venha viver comigo, e com nosso filho, e quero...
Quero que vocês não contem a ela. Quero que me ajudem a tirar do caminho tudo o que possa fazê-la recuperar a memória. – Ele respirou fundo – Eu quero começar uma vida do zero.
Elijah: É complicado demais. – Insistiu – Qualquer coisa pode ser o gatilho pra que a memória dela volte, parcial ou total. Ela pode se lembrar ao entrar aqui, onde foi a jaula dela por anos, pode se lembrar ao visitar lugares, ao ver coisas. O gatilho pode estar em qualquer lugar. É pretensão demais dizer que podemos evitar que ela lembre. – Concluiu.
Stiles: Digamos... – Começou, apanhando a azeitona no fundo da taça – Que concordemos. – Damon o encarou, quieto. – Você pretende trazê-la pra casa, como se nada daquela merda tivesse acontecido...
Damon: Na cabeça dessa Elena nunca aconteceu. – Disse, desesperado em fazer com que os outros entendessem.
Hayley: Mas na sua aconteceu. – Impôs, séria ao lado do marido – Ela pode não se lembrar da infância, do St. Jude, do casamento, mas você lembra. Quem me garante que, colocando-a aqui, nas suas mãos, não estou tornando- a um alvo?
Damon: Eu a toquei hoje à tarde, e ela sorriu pra mim. – Disse, cansado – Ela
nunca havia sorrido pra mim daquele jeito. Eu não seria capaz de machucá-la. – Ele respirou fundo, exasperado – Durante nosso casamento, ela sempre teve a chance de revidar! Eu nunca usei o trauma dela no meio disso porque ela não tinha defesa, e não seria justo. Até quando estávamos tentando nos matar, era uma vez de cada um, sempre houve uma chance de contra-atacar... Mas não é assim agora. O jogo acabou. – Esclareceu, respirando fundo.
Jennifer: Quando acabou? Quando você decidiu lamber o chão dela porque ela conseguiu te dar um filho? – Se pronunciou pela primeira vez, e Damon negou com a cabeça.
Damon: Acabou no momento em que nós dois caímos daquela ponte.
Ultrapassamos todo o limite do normal e do saudável, e o jogo acabou ali. Eu poderia ter morrido, ou ela, nosso filho... isso foi longe demais. – Disse, simples.
Jennifer: E se ela soubesse? Se ela soubesse agora, se soubesse de tudo, se não tivesse esquecido? – Pressionou. Damon deu de ombros.
Damon: Íamos brigar pelo nosso filho, porque foi tudo o que nos restou. Mas
não precisa ser assim. – Ele respirou fundo – Ela não lembra, então não
precisa. Nós podemos criar Nathaniel juntos, mãe e pai, de um modo saudável. Ela vai reaprender tudo, e nós podemos começar do zero, aos poucos.
Stiles: Se eu concordar, e eu disse SE. – Damon o encarou de novo – E você
atacá-la, o que eu faço com você?Damon: O que você quiser. – Disse, dando de ombros. Ele respirou fundo por um momento, parecendo exausto, olhando o chão – Eu já perdi essa mulher duas vezes. Ganhei uma terceira chance por intervenção divina, não sei. Quantas vezes mais vou ter que perdê-la antes que isso acabe? – Ele estava quase implorando.
Lydia: E se concordarmos, e um dia ela se lembrar? Não hoje, não amanhã, mas um dia? – Perguntou, observando-o.
Damon: Então vamos pesar o que foi bom e o que não foi. Se no fim o que for ruim ainda prevalecer, vamos seguir nossos caminhos, como pessoas
civilizadas, e vamos brigar por Nathaniel, porque desistir dele não é uma opção pra mim, e já ficou obvio que nem pra ela. – Disse, decidido – Mas não precisa ser assim. Eu tenho a chance de mudar as coisas, eu quero usá-la. - Mais silencio. Damon esperou outro estouro de vozes, mas não ocorreu. Todos pesavam o que fora dito ali, e ele esperou. Soube que queria isso desde o momento em que descobriu que ela perdeu a memória. Precisou disso desesperadamente quando a acariciou e ela sorriu pra ele, um sorriso doce, inocente. Pôde ver naquele sorriso tudo o que os dois
poderiam ter, se as coisas fossem diferentes, e agora elas podiam ser.
Caroline: Você está vendo Elena como uma maquina. Uma maquina cujo HD
foi formatado, está em branco e você pode usá-lo pro que bem quiser. –
Devaneou, os olhos distantes, e Damon suspirou, levando as mãos aos olhos – Eu voto sim. – Concluiu, tranqüila. Damon piscou duas vezes, confuso.
Damon: Desculpe? – Perguntou, duvidando de si mesmo.
Caroline: Eu voto sim. Dependendo de mim, ela não vai se lembrar. – Seguiu.
Dessa vez as vozes pipocaram de novo. Stiles teve um acesso de riso no
meio do processo, engasgando com a bebida. Damon estava atordoado
demais pra pedir silencio. Jennifer estava revoltada demais pra sair do
lugar. As vozes foram voltando aos poucos ao tom normal.
Hayley: Você ficou louca? – Perguntou, exasperada.
Caroline: Usem a cabeça. O que Elena tem a ganhar se lembrando de quem
era? – Perguntou, cruzando as pernas – Ela vai se lembrar de que foi estuprada quando criança. Por anos depois disso. Vai se lembrar que a mãe foi negligente. Vai se lembrar que quase morreu de bulimia. Vai lembrar da loucura que foi o casamento dos dois. Vai se lembrar da dor de ter perdido o pai, principalmente da forma como perdeu. – Explanou.
Stiles: Seu ponto é...
Caroline: Meu ponto é que a Elena não tem lembrança feliz alguma. A única coisa que a trazia alegria, esperança, era Nathaniel, e ela perdeu a gestação e os três primeiros anos da vida dele. A vida de Elena foi uma desgraça. – Disse, obvia. Stefan ouvia, considerando.
Jennifer: E entregá-la a Damon é o modo de transformar a desgraça em um arco-íris? – Perguntou, desesperada. A opinião do grupo estava mudando, ela podia sentir. Isso simplesmente não podia acontecer.
Caroline: Todos temos motivos pra duvidar de Damon. Por um tempo eu
cheguei a acreditar que ele tinha problemas mentais. – Disse, sem encarar o cunhado, franzindo o cenho. Damon esperava, quieto – Mas eu vi a dedicação com a qual ele cuidou de Nathaniel. Eu o ouvia, nos primeiros meses, acordado a noite inteira, cuidando do menino. Ele mudou a vida dele toda por esse filho,
é quase irreconhecível. Você sabe disso também, Hay. – Hayley assentiu,
pensativa.
Hayley: ...Se ele cuidar de Elena com 1/3 da devoção que aplicou ao cuidar de Nate... – Ela pensou, quieta – Meu voto é sim. – Damon pestanejou de novo, surpreso.
Jennifer: Quem garante? – O desespero na voz dela já era aparente.
Damon: Eu garanto. – Disse, imediatamente – Eu a quero. E não pra machucá- la ou pra me vingar, dessa vez.
Jennifer: Prove. – Cuspiu de volta.
Hayley: Jennifer, vamos por um segundo fingir que você está pensando em Elena, e não no fato de que Damon escolheu ela de novo ao invés de você. – Cortou o bate boca, sem nem olhar a outra. Jennifer passou a mão no cabelo,
exasperada.
Caroline: A Elena que está no hospital não tem traumas. Ela dorme tranqüila a noite, sem remédio algum. Mesmo que ela não se lembre, eu sou amiga dela, e é como amiga que eu quero que ela tenha uma chance de ser feliz. Sem toda aquela carga nas costas. Ela merece poder recomeçar. – Disse, decidida – Eu não sei vocês, mas meu voto é sim.
Hayley: O meu também. Eu quero que ela tenha a chance de criar o filho dela em uma família. – Disse, balançando a cabeça – Elijah?
Elijah: Sim. – Damon estava pregado no chão. Nem acreditava. – Por mim,
ela não vai se lembrar.
Lydia: Sim. – Os outros olharam pra ela, que assentiu, pensativa – Eu devo
isso a ela.
Stiles: Se você diz que seu objetivo é cuidar dela... – Disse, olhando Damon, que assentiu – Sim.
Stefan: Sim. – Votou, encarando a esposa, e Caroline sorriu em
aprovação, se inclinando e beijando-o. Faltava Jennifer.
Jennifer: Não! – Disse, vendo todos olhando pra ela.
Damon: Nós precisamos de unanimidade nisso, Jennifer. Depois do que você fez a Nathaniel, se quer meu perdão, não é o momento de me negar algo! – Disse, quase fora de si. Todos haviam concordado. Jennifer não ia estragar isso, não agora que ele chegou tão perto. Surpreendentemente, Lydia se
levantou, se virando pra prima.
Lydia: Nós fomos criadas tendo toda a proteção e carinho possíveis. – Disse, os cabelos ruivos emoldurando o rosto. Usava uma camiseta branca,
longa, indo até o inicio das coxas, uma jeans escura e salto alto. – Nossa
infância foi feliz. Damon pode não entender como Stiles não entende, ou
Stefan, ou Elijah, mas você é mulher. Você sabe o que significa. Você não
pode querer que ela se lembra de ter sido violentada quando criança, abusada por anos, só porque Damon preferiu ela. – Interferiu, dura. Jennifer respirou fundo, exasperada. Stiles apertou a mão de Lydia em aprovação. - É cruel demais, não é o que nós somos, Jennifer.
Jennifer: Está bem! – Damon suspirou, aliviado – Está bem, que seja! Mas
quem garante que ele não vai se ressentir de novo ao ter ela aqui? – Jogou, tentando mudar a mente dos outros.
Caroline: Ele não tem pelo que se ressentir. Essa Elena não é a Rainha Katherine, Ele não senti mas aquele ódio todo, porque essa Elena nunca o rejeitou. – Disse, tranqüila. Damon fechou a cara, mas não disse nada.
Elijah: E a primeira prova disso você vai precisar dar, Damon. – Damon parou de atravessar Caroline – Porque alguém vai precisar contar a Nate que a mãe dele acordou, e não sabe que tem um filho. Vai precisar desiludir ele de que ela o está esperando com os braços abertos. – A alegria de Damon se esvaiu como um balão sendo esvaziado – E esse alguém é você.
Stiles: Nosso voto é “sim”, mas você vai precisar provar que não estamos
errados, e a prova é fazer o menino entender a condição atual sem odiar
Elena. Ela não escolheu esquecê-lo. – Disse, sério – Nós vamos fazer todo o
possível, desviar dela tudo o que possa fazê-la se lembrar, protegê-la das próprias lembranças, porque você pediu. Mas se seu objetivo é construir uma família, você vai precisar provar, e a prova é reintegrar Nathaniel e Elena como mãe e filho, nas condições em que estamos.
Damon: Posso fazer isso. – Disse, seguro – Ela vai amá-lo com o tempo. Ele já a ama. Vai funcionar. – Garantiu, e ninguém disse mais nada.
Jennifer podia não gostar, mas era minoria vencida. Damon dizia que ia
conseguir, e os outros resolveram ajudar, por mais tortuoso e difícil que
fosse, mas os riscos eram grandes... E era bom ele estar certo. As apostas estavam todas nisso.As semanas se passaram, e Elena aprendia aos poucos, porém havia um avanço notável. Já aprendeu a usar e controlar a voz, apesar de que não
saber usar as palavras direito ainda. Damon ia lá todos os dias, e levava
flores. Ela gostava dele. Ele não falava, pra não forçá-la, apenas ficava com ela, em silencio. Não parecia esperar nada, isso a agradava.
Elena: Oi. – Disse, falando com ele pela primeira vez quando ele entrou no
quarto. Damon piscou, sorrindo em seguida.
Damon: Oi. – Retribuiu, e ergueu a mão. Havia um buquê de rosas vermelhas – São pra você. – Elena apanhou o buquê, cheirando as flores, tocando as pétalas.
Elena: São muito bo... Bo... – Qual era a palavra? Ele esperou, quieto –
Bonitas! São muito bonitas. – Agradeceu, e ele sorriu. – Porque você sempre vem? – Perguntou, curiosa. Ele ainda sorria.
Damon: Porque eu gosto de ver você. – Disse, simples, e ela sorriu, satisfeita.
– Você se sente bem?
Elena: Bem. – Assentiu. Ficava feliz quando ele ia lá. – Já posso andar. –
Contou, animada. – Com anda... Anda...
Damon: Andadores. – Lembrou, e ela assentiu.
Elena: É difícil, umas palavras me fogem. – Ela franziu o cenho, frustrada.
Damon: Vai passar com o tempo. – Garantiu. – E você poderá ir pra casa.
Elena: Eu tenho uma casa? – O medico mandou ela desenhar uma casa essa
semana, mas ela achou que sua casa era ali.
Damon: Tem. – Assentiu – Uma bem grande e bonita.
Elena: Tem um jar... Jar... Jardim! Minha casa tem um jardim? – Perguntou, animada. Damon franziu o cenho. Moravam em um arranha-céu.
Damon: Não. – Ele viu o desapontamento no rosto dela – Mas podemos providenciar um.
Elena: Pro-vi-den-ci-ar. – Soletrou, sem entender a palavra.
Damon: Conseguir. Providenciar e conseguir são sinônimos. – Elena assentiu.
Elena: Sua casa é perto da minha? – Ele sorriu de canto, vendo ela acariciar as rosas.
Damon: Bem perto. Na verdade, nós dois moramos na mesma casa. – Elena
franziu o cenho – Mas é bem grande, tem espaço. – Ela assentiu, pensativa.
Elena: Porque moramos na mesma casa? – Perguntou, intrigada.
Damon: Porque eu era muito sozinho antes de você chegar. – Disse, neutro, e Elena considerou por um instante, sorrindo pra ele em seguida. Infelizmente houveram batidinhas no vidro. Damon olhou e era Elijah,
que o chamava, com outro homem. Ele era alto, tinha os olhos verdes e
cabelos cor de mel. Damon pediu licença a Elena, que ficou com suas
rosas, e saiu.
Elijah: Vejo que vão bem. – Damon sorriu, animado – Esse é o medico, amigo de Lydia, que eu disse que havia chamado. Chegou da Inglaterra ontem.
Joseph: Prazer, Joseph Morgan. – Disse, estendendo a mão. Damon apertou.
Damon: Damon Salvatore. – Cumprimentou – Especialista? Elijah, ela não pode... Nós combinamos. – Disse, confuso.
Elijah: Fique tranqüilo, Joseph apenas vai ajudá-la no processo de
recuperação e estudar o dano do cérebro. – Damon não gostou.
Damon: Explique melhor. – Disse, desconfiado. Enquanto Damon, Joseph e Elijah conversaram, uma enfermeira entrou pra checar Elena. Logo ela iria para a fisioterapia. As enfermeiras gostavam de Elena, se solidarizaram com o caso por anos, e Elena era extremamente doce.
Enfermeira: Me deixe colocá-las na água, querida. – Elena assentiu, e a
enfermeira pegou o buquê.
Elena: Ele mora comigo, sabia? – Perguntou, parecendo animada agora.
Gostava de Damon.
Enfermeira: Eu sei. – Disse, pondo as flores na água – Ele é seu marido,
querida.
Elena: Ma-ri-do. Marido. – Ela não sabia o significado da palavra. – Marido é a pessoa que mora com a gente?
Enfermeira: Em certa parte, é. Você vai aprender com o tempo. – Garantiu, descobrindo as pernas de Elena e puxando o andador pra perto. – Vamos, está na hora da sua fisioterapia. – Elena assentiu, se sustentando nos braços ainda
um pouco trêmulos pra descer da cama. Quando ela se levantou, se aprumando, Damon olhou. Ele bloqueou a conversa ao redor e sorriu pra ela, um sorriso incentivador, orgulhoso, e ela sorriu de volta, toda agitada, alegre, sem nem saber por que. Tudo bem que nem tudo são rosas, mas nem tudo precisa ser espinhos, não é?

Nos próximos dias Damon se dividiu entre a angustia e a alegria. Angustia porque não poderia protelar por muito mais tempo: Precisava contar a Nate que a mãe acordou. Alegria porque o tempo que passava
com Elena era simplesmente... Sublime.
Damon: Trouxe algo pra você. – Disse, em um tom conspiratório, mexendo no bolso do terno – Que Elijah não me veja.
Elena: Vocês são irmãos. – Disse, orgulhosa, e se encerrou. Ele percebeu que ela não sabia o que isso significava.
Damon: É, somos filhos da mesma mãe. – Elena assentiu, se fingindo de
neutra, e ele riu – Ele é meu irmão mais velho. Mas olhe. – Ele tirou uma
barrinha prateada do bolso. Ela o viu abrir, confusa, e tirar um pedaço de algo marrom de dentro.
Elena: O que é isso? – Perguntou, confusa.
Damon: Prove. – Disse, oferecendo. Elena pegou, sentindo entre os dedos – Coma. – Orientou, e ela o olhou, desconfiada, e colocou na boca.
Damon a observou, sorrindo, e ela mastigou por uns instantes. Só comia
comida de criança: Elijah disse que o estomago dela precisava se educar, mas aquilo... Era doce, tinha um gosto diferente... Era delicioso.
Elena: Hum! – Disse, mastigando com um sorriso. Ele riu gostosamente. – O
que é isso?
Damon: Chocolate. – Disse, partindo outro pedacinho e dando a ela, que
colocou na boca.
Elena: É maravilhoso. – Disse, deslumbrada, e se esticou, abraçando-o. – Obrigada. - Foi um abraço firme, sincero. Ele piscou por um instante e a abraçou de volta, afundando o rosto no ombro dela, entre os cabelos. Elena riu de leve, totalmente feliz, e ele sorriu, deixando-o ela abraçá-lo até quando
quisesse. O sentimento estava ali, era palpável, apesar da inocência dela.
E ele nunca se sentiu tão pleno.
Elena: Eu gosto quando você vem. – Murmurou, tímida, abraçada a ele.
Damon: Eu gosto de vir. – Respondeu, afagando as costas dela.
Elena: É tudo muito confuso. As pessoas me olham com pena. Você não. – Disse, confortável no abraço dele.
Damon: As pessoas não entendem. Não dê importância. – Tranqüilizou.
Elena: As vezes isso me assusta. – Murmurou, quieta.
Damon: Não precisa. Eu estou aqui, vou proteger você. De tudo e qualquer
coisa. – Ele beijou a orelha dela.
Elena: Promete? – Perguntou, se virando pra poder olhá-lo, os olhos castanhos contendo toda a angustia dela.
Damon: Com a minha vida. – Prometeu, sincero.
Elena: Obrigada. – Ele sorriu de canto.
Damon: Não precisa agradecer. Só fique tranqüila, vai dar tudo certo. – Elena assentiu – Coma seu chocolate. Se Elijah me pegar... – Elena riu, mordendo o chocolate de novo.
Elena: Eu posso comer isso no almoço? – Perguntou, soltando-o e mastigando o chocolate. A comida do almoço era sempre pastosa, sem sal, com pouco gosto.
Damon: É o sonho de muita gente, mas não. – Disse, passando o resto da
barrinha pra ela, que mordeu com um gemido satisfeito. Ele sorria.
Elena: Não gosto de comida, mas isso é... – Ela gemeu de novo, sorrindo, e
mordeu a barrinha outra vez.
Damon: Você não gosta da comida daqui. Tem outra comida lá fora, muitas delas, e é delicioso. Deixa só eu conseguir tirar você daqui, e te levo pra experimentar. – Elena mordiscava seu chocolate, feliz da vida.
Elena: A comida daqui não tem gosto. – Disse, com um biquinho.
Damon: A de onde eu venho, tem. É como isso. – Elena ergueu as
sobrancelhas, satisfeita – Escute, vou trazer alguém pra te ver, daqui há algum tempo.
Elena: Quem? – Perguntou, tranqüila, mastigando o chocolate.
Damon: O nome dele é Nate. Ele é nosso filho. Está louco de vontade de te ver. – Disse, cauteloso.
Elena: Filho? – Repetiu, confusa.
Damon: Assim, eu sou seu marido. – Ela assentiu. Já sabia disso – Quando
um homem e uma mulher se casam, eles tem filhos. São crianças. Aqueles
pequenininhos. Aqui. – Ele apanhou o celular e desbloqueou a tela. A foto era Nate sorrindo, contente, sentado em um balanço.
Elena: Esse é o nosso fi... Fi...
Damon: Filho. É o nosso filho. O nome dele é Nathaniel, mas todo mundo
chama ele de Nate. – Disse, e ela olhou o menino, sorrindo com o chocolate na boca.
Elena: Ele é muito bonito. – Disse, encantada, então algo pareceu cruzar sua mente.
Damon: O que foi? – Ela negou com a cabeça – Me diga. Pode confiar em
mim.
Elena: Você tem alguma foto minha? De como eu era antes? – Perguntou, e
ele piscou alguma vezes.
Damon: Eu acho... – Ele mexeu no celular algum tempo, e achou a foto dos dois na primeira noite em que ele a levou a um evento. A foto era de busto. Ela usava o vestido branco de ceda, os cabelos curtos perfeitamente destacados, a maquiagem impecável. Sorria, deslumbrante. Ele tinha um sorriso mais contido. Ia mostrar, quando se lembrou da voz de Elijah: “Qualquer coisa pode ser o
gatilho”
Elena: Achou? – Perguntou, ansiosa. Damon pareceu estudá-la por um
instante, então assentiu.
Damon: Achei. Aqui. – Ele virou o celular pra ela. Elena passou algum tempo estudando a foto, e o estomago dele se comprimiu como se um punho o estivesse apertando. E se ela
lembrasse?
Elena: Meu cabelo... – Ela passou a mão nas madeixas enormes, abaixo dos seios, olhando na foto – Era pequeno. – Ele respirou, aliviado.
Damon: Você... Você gostava assim, na época. – Explicou. Ela assentiu. – E
sobre Nate? Você quer vê-lo?
Elena: Quero. – Disse, sorrindo, meio ansiosa – Mas e se ele não gostar de
mim?
Damon: Ele já ama você. Amou você o tempo todo. – Garantiu e ela sorriu,
levando o chocolate de volta a boca – Vai adorar finalmente conhecê-la. - Essa parte fora fácil. Era claro que Elena queria ver Nate, alguns diriam
até que era o sangue aflorando. Porém agora vinha a parte difícil: Explicar
a Nate que a mãe dele finalmente acordou, mas não fazia idéia de quem ele era.

EFEITO BORBOLETA 1° Temporada (DELENA) ADAPTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora