Conventional Weapons [FRERARD]

Capítulo 1

As luzes se apagaram e era o fim. Quer dizer, para Gerard era o fim.

Sentindo a roupa colar em seu corpo pelo suor, ainda zonzo com tamanha dose de adrenalina, Gerard deixou o palco. Bob levantou do banquinho e deixou a bateria, com suas baquetas ainda em mãos. Ray, Mikey e Frank entregaram seus instrumentos para os roadies e seguiram Gerard na caminhada pelos corredores do backstage do Madison Square Garden.

Mikey apressou o passo para jogar o braço suado ao redor dos ombros do irmão. Gerard ainda estava transtornado, mas aliviado porque era o fim, afinal. As vozes que ouvia na Paramour já não teriam mais efeito em sua mente, o Paciente poderia finalmente descansar num sono eterno e ele podia ser simplesmente quem ele era. Ou deveria ser.

-- Nós conseguimos, Gee. -- Mikey disse e tinha um sorriso no rosto que brilhava pelo suor. Orgulhoso de si e do irmão, Gerard o envolveu em um abraço, parando um pouco com o fluxo de pessoas que corriam atrás dele.

Ninguém tinha muito mais noção do que aconteceria a partir dali e, enquanto os irmãos Way respiravam aliviados, Ray e Frank compartilhavam o buraco que surgia no fundo do peito. Todo mundo sabia que aquele era o sonho dos irmãos e que aquele era o nirvana, o ponto máximo. A razão pela qual eles começaram, em primeiro lugar.

Muitas vezes, por exemplo, Frank se sentia perdido na dinâmica da banda, sendo tratado como um fã que evoluiu - especialmente depois que Gerard tinha se casado e tentado pôr um fim no relacionamento dos dois. Nesses momentos em que Frank era escanteado, Bob estava lá para pegar seus pedaços e juntar. Era ele quem tentava fazer Frank enxergar que, se continuasse naquela dinâmica com Gerard, ele só iria se machucar.

Quando se jogou no sofá do camarim, Gerard se sentiu leve. Fechou os olhos e apoiou as mãos no peito ainda absorvendo o que tinha acontecido, como fazia depois de todo show enquanto respirava tentando se organizar, como se tivesse quebrado em vários pedaços e agora os precisasse juntar através da respiração.

Os outros iam para seu rituais de sempre, repetindo a ação rotineira daquela vez como se desse segurança. Ray ia tomar um banho longo e demorado enquanto cantarolava Queen tão alto que todo mundo que passasse na frente do camarim poderia ouvir. Mikey ia se juntar com os amigos da equipe que lhe garantiriam uma boa noite em uma balada exclusiva. Bob o acompanharia, mas antes insistiria que Frank os acompanhassem porque ele não deveria ser deixado com Gerard e ele sentia que essa era sua função. Ele não deixaria o ego de Gerard arruinar Frank mais ainda.

Mas daquela vez, Frank não iria. Era muita emoção que corria em suas veias ainda, a catarse do show deixando-o completamente quebrado enquanto seu corpo esfriava, e sua ansiedade já implorando para que ele pensasse nos próximos passos, no que viria a seguir. Parecia que esse era seu castigo, ele jamais conseguia se contentar com o que vivia no presente, estava sempre oscilando entre a lembrança agridoce do passado e a ansiedade do que viria pela frente.

Tentava silenciar a mente pensando no rosto de Jamia quando o visse chegando em casa - para ficar pelo menos um tempo. Tentava pensar naquela casa que era sua, na cama confortável que ele não dormia há meses. Mas casa, para ele, era o ônibus da turnê e os quartos de hotel. E mesmo que as coisas estivessem desmoronando entre ele e Gerard. Aliás, as coisas estarem assim entre os dois era casa.

Frank virou a garrafa de água em um gole, sentindo o gelo do líquido fazer o caminho por seu esôfago e deu um passo em direção a Gerard, que continuava exatamente na mesma posição que quando se deitou. Frank não tinha bebido, não tinha tomado nenhum remédio porque queria sentir aquele show em suas veias e viver tudo, mesmo que isso o arruinasse, acabasse com ele.

-- Posso sentar aqui? -- Perguntou e Gerard abriu os olhos. As interações entre os dois estavam estranhas. Gerard machucava Frank de novo e de novo, e ele sentia que não podia aguentar mais, mas Gerard era um ímã e ele não se controlava.