Capítulo 9

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Gerard acordou na manhã seguinte com a sensação de que tinha sido atropelado por um caminhão. Ou sofrido um acidente. Ou ambos. A cabeça doía tanto que ele mal conseguia levantar. O enjoo revirava seu estômago e ele sabia que não conseguiria comer nada naquele dia. Sabia também que só havia um jeito de curar aquilo tudo e era tomando outra coisa.

Ele se levantou com cuidado, deixando Frank desmaiado, dormindo profundamente na cama enquanto começava a busca por suas coisas. Não se lembrava de como tinha chegado ao apartamento de Frank, mas lembrava de estar dirigindo. Ele mal lembrava da noite anterior, mas os flashes vinham em sua mente aos poucos, enquanto ele tentava - sem sucesso - se recompor.

Gerard colocou seu celular para carregar, pegou uma garrafa de água na geladeira e roubou um dos cigarros que ficavam no maço de Frank na varanda. Ele percebeu que Frank estava fumando demais, talvez estivesse muito ansioso. Ele não tinha apenas o maço de cigarros que andava com ele no bolso da calça: tinha maços espalhados pela casa, pelo carro e até pelos cases de suas guitarras. Era enfiar a mão no bolso e sentir o objeto quadrado ali.

A depressão o atingiu na mesma proporção em que a anestesia dos sentimentos apareceu na noite anterior, mas Gerard já conhecia bem como os químicos agiam em seu corpo. Não tinha intenção nenhuma de lutar contra aquilo agora; pretendia desaparecer tão repentinamente quanto tinha chegado e precisava cuidar daquilo porque era um dia importante.

Quando terminou o cigarro e finalmente ligou o celular, viu as inúmeras chamadas perdidas: de Frank, de Mikey, Ray e Lindsey. E mensagens que ele escolheu simplesmente ignorar e apagar. Qualquer merda que fosse, já tinha sido resolvida, com certeza.

-- Gerard? -- Frank chamou do quarto, pegando Gerard de surpresa e fazendo-o voltar ao cômodo. Frank agora estava sentado na cama, com o adorável rosto sonolento enquanto coçava seus olhos. -- Você tá bem?

-- Já estive melhor. -- Confessou e se sentou de frente para Frank na cama. -- E você? -- Ele meneou a cabeça em resposta. Gerard repousou a mão no joelho de Frank, ainda coberto pelo edredom.

-- Você quer conversar? -- Frank perguntou, e Gerard deu um longo gole na garrafa.

-- Uh, eu não sei exatamente o que temos para conversar, Frankie. Acho que ontem eu não precisava ter agido como agi com você no estúdio, acho que exagerei e...

-- E todo o resto? -- Frank franziu o cenho e puxou a garrafa de água da mão de Gerard para tomar um gole. Havia uma intimidade em dividir tudo - herança dos anos de estrada que jamais iria embora. -- A começar com: você não devia ter pegado o carro naquele estado, Gerard. Qualquer hora você vai ser preso e os tablóides vão cair em cima. E não é isso o que você quer!

-- E você sabe o que eu quero? -- Disse ríspido, deixando Frank levemente chocado.

-- Não, mas acho que ser detido não é algo que queira. -- Frank argumentou e, numa vingancinha sem sentido, Gerard tomou a garrafa de volta para si, deixando a mão de Frank cair sobre seu próprio colo. -- Você lembra de tudo ou só o que te convém?

-- Que parte?

-- Que você se declarou pra mim e disse que ia... Se divorciar. -- Frank riu como se Gerard tivesse contado uma piada e aos poucos, a memória de Gerard foi se assentando. -- E falou que não vai deixar a gente lançar o Conventional.

-- Eu falei sério sobre isso, Frankie. -- Gerard segurou o rosto de Frank pelo queixo para que ele o encarasse.

Por um segundo, tanto os olhos de Frank como suas esperanças se iluminaram. Parecia que finalmente ele teria o final feliz com Gerard que os dois mereciam e poderiam realizar tudo aquilo que cantavam nas músicas que tinham gravado naquele período. Gerard seria seu e Frank nem pensava que, por exemplo, teria que abrir mão de Jamia e mudar para o outro lado do país. E que Gerard tinha uma filha, então Lindsey jamais sairia da dinâmica. Mas para ele, tudo valeria a pena.

Conventional Weapons [FRERARD]Onde histórias criam vida. Descubra agora