"– Boa noite, quase marido."
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Abri um sorriso bobo deitado na cama, mais um de muitos naquele dia. Eu havia perdido tanto na guerra, tanto na vida, pessoas, experiências normais, família, fases e todo o resto. Eu tinha uma grande lista de tristezas que poderiam me fazer afundar em algo que eu nunca mais conseguiria sair, mas eu sempre havia conseguido fugir disso, encontrar pedaços de felicidade espalhados pelo caminho. Draco era outro recomeço, um reencontro de um pedaço de felicidade que eu levei anos para descobrir.
Rolei na cama por alguns minutos, até finalmente tomar coragem para me levantar e buscar uma caneta e papel. As frases pareciam se escrever sozinhas e quando terminei, soube que jamais conseguiria dizer tudo aquilo em voz alta, ainda mais na frente de todos os convidados na cerimônia. Eu não podia falar nada daquilo, mas me recusava a jogar o papel fora. Talvez com o passar dos dias eu conseguisse arrumar coragem para entregá-lo a Draco.
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Apertei os olhos e respirei fundo, o casamento seria amanhã e depois dos últimos dias, tudo que conseguia fazer era remoer os votos que havia escrito no nosso primeiro encontro. Era noite, eu estava de pijama, uma calça xadrez azul e uma camiseta marrom feia, Draco iria me matar por acordá-lo no meio da noite, ainda mais tão mal vestido, mas não podia esperar para dizer aquilo nem mais um instante e toda a minha reflexão sobre "não me apressar" podia ser jogada pela janela. Nós nos casaríamos amanhã e eu precisava falar com sinceridade com ele.
Bati na porta do quarto algumas vezes e torci para o Malfoy não ter ouvido, eu queria uma boa desculpa para poder ser covarde, guardar aquele papel e meus sentimentos, voltar ao meu quarto e nunca mais tocar no assunto. Felizmente a sorte não estava ao meu lado daquela vez, o loiro abriu a porta com uma rapidez impressionante, percebi pelo comportamento que ele também não havia dormido ainda, provavelmente estava de pé como eu.
Draco não falou nada, eu também preferi ficar em silêncio, apenas observei os olhos gélidos por alguns segundos antes de estender a carta dobrada. Minha letra era péssima, eu estava começando a me perguntar se ele entenderia algo quando o Malfoy terminou de desdobrar o papel, e suspirou ao ver do que se tratava. Fechei os olhos convencido que aquilo havia sido uma ideia ruim, eu estava metendo os pés pelas mãos e provavelmente arruinando nossas chances. Foi uma espera tortuosa enquanto ele lia a carta, cada frase ressoava na minha cabeça. Aquilo era um pedido de desculpas, uma carta para dizer que eu entendia por tudo que ele passou, para tentar colocar em palavras como eu havia aprendido sobre ele nas últimas duas semanas e como eu queria muito acreditar que a nossa noite poderia me fazer reabrir um espaço em meu coração.
– Me desculpe pela letra... – Consegui falar bem a tempo de ser puxado pelo loiro para perto dele, os dois adentrando o quarto e a porta se fechando atrás de mim.
– Cala a boca, Potter – Senti ele me segurar pela cintura firme antes de me beijar.
Meus dedos se enroscaram nos cabelos de Draco, nossas bocas se explorando, nós dois deixando anos de sentimentos reprimidos despertarem de novo a medida que só conseguíamos nos aproximar mais sem cessar os beijos ou os toques. Não fazia sequer um mês que havíamos voltado um para a vida do outro, mas era como se estivéssemos esperando por isso a muito mais tempo. Quando paramos um pouco com os beijos, suspirei alto ainda muito próximo ao Malfoy.
– Não consegui pensar em mais nada para os votos... – Admiti em um sussurro.
– Não vai ser a parte mais importante do casamento, estou mais ansioso para pular para a parte de te beijar e fazer todos morrerem de inveja – Sorrimos e eu voltei a beijá-lo.
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Procura-se um marido
Hayran KurguSete anos se passam depois do fim da guerra bruxa e após a morte da esposa, em meio a um conflito político, Harry tem que lutar pela guarda de seus filhos. O Potter precisa mostrar estabilidade, então procura alguém para se casar urgente e desespera...