Encontro de Almas Gêmeas

VI - O Cheiro Misterioso

 O dia estava mesmo muito agradável para se ficar dentro de casa. Os raios do sol penetrava pelas copas das árvores, lançando alguns filetes de luz e calor em vários pontos da floresta. Os pássaros cumpriam o seu papel de músicos da natureza, preenchendo o ambiente com uma agradável melodia.

Mas hoje, a floresta tinha visitantes, além de seus moradores regulares.
Caminhando para uma parte um pouco afastada da orla da mesma, Miguel e Castiel caminhavam sem pressa, absorvendo a agradável mistura de cores e aromas que apenas um ambiente não-habitado poderia proporcionar.

Era em raros momentos assim que o alfa se permitia despir de toda e qualquer preocupação que o dia-a-dia traz. Mas o que ele mais apreciava era a felicidade do irmão mais novo.

Apesar de Castiel estar em um período difícil, o simples convite de um pique-nique do irmão foi suficiente para fazê-lo esquecer um pouco do sofrimento que passou na noite anterior. O mais novo amava seu irmão, mas ele gostaria sinceramente que ele encontrasse alguém que o fizesse feliz, que tirasse um pouco da carga que o mais velho insistia em carregar sozinho.

Quando o pai deles morreu, Miguel tomou para si a tarefa de criar e educar os irmãos mais novos. E para isso, ele abdicou de muita coisa em sua vida particular. Mesmo quando Castiel se apresentou muito cedo como um ômega e outros alfas vinham apenas para lhe enfiar um nó, Miguel e Gabriel sempre o defenderam com unhas e dentes. Em uma dessas, um alfa nojento, chamado Crowley Fergus, que era da mesma turma de Gabriel na escola, o sequestrou e já estava pronto a lhe forçar a fazer um elo quando depois de muita procura e desespero, Miguel consegue encontrá-los e salvar Castiel de um terrível destino.

Naquele dia, Castiel viu uma face de seu irmão que ele julgava não existir. Miguel estava em fúria. E se aquela era a fúria de um alfa-superior, coitado de quem a receberia por completo. Porém antes que o mais velho pudesse dar uma lição em Crowley, o mesmo foi amparado por seus capangas, que o levaram daquele armazém abandonado antes que Miguel pudesse descontar sua fúria nele, por ter colocado seu irmãozinho em perigo.

Como era uma praticamente uma criança, Castiel não sabia como se defender de um alfa nojento como Crowley, então o máximo que ele pôde fazer era rezar por ajuda.

O choro também foi inevitável de impedir. Depois de tantas brigas e ferimentos que seus irmãos sofreram para resguardá-lo, ele iria pertencer, mesmo que involuntariamente, a um alfa tipo o Crowley. E o choro de desespero de Castiel parecia que excitava Crowley, pois o brilho de insanidade em seu olhar aumentava a cada soluço que o menor dava. Só que quando ele viu o irmão entrar com tudo dentro daquele armazém, o procurando, as esperanças de Castiel voltaram com força. E mesmo após Crowley ter fugido, ele continuava chorando.

Mas quando ele sentiu os braços protetores do mais velho o envolvendo, ele sabia que estava salvo, que seu irmão jamais o abandonaria. Sussurando palavras de conforto, Miguel o levou para casa, onde ficou o tempo todo ao lado da cama de Castiel.

Um evento como esse muda de certa forma o comportamento de alguém. Depois disso, Castiel se matriculou em uma academia onde aprendeu a lutar e se defender daqueles que só queriam o seu mal. Por coincidência, era a mesma academia que Miguel frequentava e não era raro vê-los sendo o parceiro de treino um do outro.

Quanto a Crowley, mesmo Miguel dando queixa sobre o rapto de Castiel, ele saiu impune. Claro que ter uma mãe vereadora ajudou bastante, a corrupta Rowena. Porém, Miguel teve outros meios para se fazer justiça. Se pela justiça ele não tinha chances, nos negócios era diferente. Miguel trabalhou duro para conseguir todos os clientes da Fergus MacLeod Ltda. e levá-los à falência. E após isso, só restou a Crowley e a Rowena sumirem de Lawrence.

Mas tudo o que aconteceu são águas passadas. O que importa agora é o hoje, pensa Castiel. Ele sabe que ainda pode contar com Miguel, mas ele também sabia se defender, menos nesse período do auge do cio, quando sua mente e seu corpo não se controlavam, deixavam de lado a razão e só focavam o prazer.