4.1

44 4 0
                                        

Alguns minutos depois, a porta do quarto é aberta e um homem se faz presente ali.

O olho. Estava uniformizado e com uma prancheta em mãos.

- A-551. - Ele diz.

Silêncio. Ele olha para mim e olha para o desacordado na cama, que estava de costas para ele.

- Eu disse A-551! - Ele diz irritado. - Responda!

Nada. O guarda, então, entra na cela e dá um chacoalho nele não tendo a resposta.

Foi minha deixa. Corri para fora da sala, bati a porta com tudo e o tranquei ali, uma vez que o guarda deixou a chave na fechadura de fora.

A pego e vou correndo pelo corredor sujo e úmido procurando a cela rapidamente. "Cela 22.".

A encontro. A cela tinha um número enferrujado cravado na porta.

Passo a chave e a abro, ao que Lolly, usando as mesmas roupas que eu, sai com tudo e volta a trancar a porta.

- Tudo bem com você...? - Ela pergunta.

- Tudo sim...! Ganhei a primeira prova da brincadeira e passei a perna nele...!

- Meu garoto, boa...!

- As roupas não serviram...

- É para ficar larga para nos ajudar no pega-pega...! Se algum deles te pegar pela roupa, é mais fácil de se desprender de dentro dela do que se a roupa fosse justa...!

- Faz sentido...

- Pegou o espelho...?

- Peguei sim...

- Ótimo...!

- Mas minha mão está sangrando...

- Quando a gente conseguir, eu cuido dela...! Agora vamos lá, estamos quase ganhando...

Ela me pega pela mão e corremos pelo corredor.

- Agora é a brincadeira do labirinto...! - Ela diz. - Vamos passar pelos corredores até a saída...!

- Você lembra por onde...? - Ele diz.

- Lembro...

Ela para e levanta a manga da blusa, ao que vejo um percurso cravado em seu braço.

- Estamos aqui, - Ela aponta. - Temos que passar por todo esse caminho e chegar aqui...! Daí a gente ganha o labirinto...!

- Eba...! Depois é o pique-esconde...?

- Sim...! Essa parte eu vou explicar melhor quando chegarmos...! Agora vamos...!

Andamos depressa pelos corredores até chegarmos a uma escada que, ao que aparentava, dava para o convés. 

Lolly me puxou e ficamos embaixo, para que pudéssemos prestar atenção no movimento da casa. 

- Jimin, é agora que vamos fazer o pique-esconde e essa é a parte mais arriscada da brincadeira... - Ela diz. - Presta atenção: A gente precisa chegar até a lateral do navio para pular no bote...! A preferência é que seja escondido, mas se alguém te vir, Jimin, você vai precisar correr...! 

- Eu estou com medo, Lolly... E se eu não conseguir...?

- Tenta me acompanhar...

Subimos devagar as escadas, comigo mantendo a retaguarda. Lolly olhou de relance pelo convés para ver se ninguém estava por perto, até então analisar a situação.

- Eles estão entrando para jantar... - Ela murmura. - Demos sorte, Jimin...! A gente vai sair daqui logo mais...!

- Mesmo...?

- Sim...! Vem...!

Ela segura minha mão e vamos de fininho até a lateral do navio quando o convés já estava vazio. Vamos até a parte lateral, ao que Lolly segura uma das cordas.

- Conseguimos...! - Ela diz. - Esse é o bote que vamos usar para fugir daqui...!

Mas quando eu estava indo a ajudar com a corda, sinto alguém me agarrar por trás, de um jeito que não conseguiria me soltar.

Um dos homens, que estava no mastro, havia descido por último e visto nós dois. Ele me agarrou pelo pescoço e imobilizou meu braço.

- ACUDAM! - Ele gritava. - FUGITIVOS! ACUDAM!

- Me solta! - Eu grito.

É quando ele tenta agarrar Lolly, que abandona as cordas e vai para cima dele, agarrando-o pelo pescoço.

E começou uma briga. O homem tentava desviar dos socos desajustados que Lolly dava, mas ele não me soltava por nada.

- Lolly! - Eu exclamo. - Ele vai quebrar meu braço assim!

É então que ela saca de dentro do bolso da bermuda o gigantesco do espelho e crava, sem dó, no pescoço do homem, que urra de dor.

Seu sangue jorra me molhado e ele me solta, caindo no convés. Cobria as mãos sob o corte tentando, inutilmente, parar com a hemorragia.

Lolly estava eufórica, suja de sangue, me olhando, enquanto ficava apavorado com a imagem, sem nem perceber que a porta mais à frente se abre com tudo e os guardas saem.

Só dá tempo de Lolly me dar uma boia, que havia dentro do bote e ir de encontro com eles.

- JIMIN, PULA! - Ela ainda diz.

E assustado eu o fiz. Sem nem saber nada, me agarro firmemente à boia e fui de encontro às águas salgadas do mar.

Partindo daí tudo fica muito vago. Meu pânico de água é forte. Não soltei aquela boia por nada.

E então uma tempestade forte. Me agarrei mais forte ainda na boia, meu único suporte, e fiquei esperando passar, rezando para não me acharem.

Já faziam horas que eu estava segurando-me nela e meu corpo começou a me trair. Os enjoos, as tonturas, logo no pior momento possível.

"Não adianta..." Penso comigo desistindo. "Não vou sair dessa... Acabou...".

Me desprendo da boia e deixo o mar me levar.

"Me perdoa, Lolly... Eu não consigo, eu não sou forte que nem você...".

E sinto minha lágrima correr mesmo que em meio a tanta água antes de começar a me afogar. E eu teria morrido, de fato, se não fosse ele.

- Como você está?

Foi a primeira vez em que o ouvi.

- Consegue se sentar?

Foi a primeira vez em que o vi.

- Qual o seu nome?

Jungkook... Meu Jungkook, meu herói, meu anjo...

Apenas, ele. Jeon Jungkook.

○○○

Acordei com um sobressalto.

"Eu lembrei! Agora eu lembrei! Tudo começa a fazer sentido! Eu tenho que anotar ~".

Mas antes que eu termine de completar meu raciocínio, olho ao meu redor. Quarto branco com paredes foradas por almofadas, duas camas de lençóis brancos, a qual estou deitado, uma pia e um vaso.

- Não... - Eu murmuro.

Tento me levantar, e ir até a porta, mas meu pé está algemado.

- Não...! Não! NÃO!

Dou um soco na porta. Um não, uma série deles.

- NÃO! POR FAVOR, NÃO DE NOVO! POR FAVOR, ME TIREM DAQUI!

Deixem a estrelinha 🙏❤

LOST MEMORY {PJM×JJK}Onde histórias criam vida. Descubra agora