𝐈𝐧𝐢𝐦𝐢𝐠𝐚𝐬? - [ 𝐁𝐚𝐛𝐢𝐭𝐚𝐧 𝐆!𝐏 ]

Everything back to normal?

POV CAROLINA VOLTAN

Um mês desde que aconteceu, e parece que não se passaram nem duas horas. As sensações de insuficiência e asco de mim mesma, não passaram como os dias.

Não importa o quanto eu esteja me esforçando, sempre me lembro, de cada detalhe, cada toque, cada lágrima, cada maldito segundo daquela noite. O beijo com a Bárbara, o medo de estar sozinha com Samuel e... o abuso. Essa noite, com toda certeza, está marcada para a história como a pior de toda a minha vida.

— Carol, os Passos chegaram. – Ayla me alerta da porta do quarto, mas eu não a olho.

Continuo deitada encarando a janela meio aberta, a coberta cobre praticamente meu corpo inteiro, com exceção da cabeça. Sinto a cama atrás de mim afundar segundos depois, indicando que minha irmã mais nova acaba de se sentar ao meu lado.

— Eu já vou descer, Ayla. – Respondo, antes que ela comece a tentar me convencer de que devo descer, e isso vire conselhos e frases de pena e compaixão.

Mas é tarde demais, lá vai ela:

— Eu não posso nem imaginar o que está sentindo. – Ayla começa, eu reviro meus olhos. — Sei também que papai e mamãe não tem sido fáceis, e sei também que mesmo que já tenha se passado um mês não é nem perto o suficiente para você esquecer. Mas você precisa se esforçar, disse para papai que está melhor e agora terá que suportar as visitas, os jantares e as festas como antes. – Diz, enquanto acaricia meus cabelos.

Eu suspiro, me virando para ela.

— Eu já vou descer. – Repito, e agora é Ayla quem suspira, mas por fim apenas assente.

Ela se levanta, e sorri fraco uma última vez antes de sair do meu quarto e fechar a porta.
Volto a me deitar novamente, na mesma posição de antes.

Apesar de todo o apoio, meus pais tentam a todo custo me incluir em absolutamente todas as atividades desde que disse estar melhor, eles acham que isso me ajuda. Mas na verdade, eu só gostaria de ficar quieta no meu quarto superando o ocorrido no meu tempo, que talvez seja um nunca.

POV BÁRBARA PASSOS

— Carol disse que já vai descer. – Ayla diz, após retornar para a sala.

Victor me olha sugestivo, e eu reviro os olhos. Desde que ocorreu e eu contei para minha família o que aconteceu Victor vem me enchendo o saco dizendo que é o momento perfeito para eu e Carolina nos desculparmos sobre o passado. Eu acho uma grande baboseira, Carolina está fragilizada, óbvio que as chances dela me perdoar são enormes, mas quem me garante que não seja só por fragilização ou algo do tipo?

— A Bárbara poderia ir lá chamá-la, faz um tempo que quer conversar com Carolina mesmo. – Victor diz, e os olhos da nossa mãe e da mãe de Carolina brilham no mesmo instante.

Olho para ele, incrédula. Como ele pôde ser tão baixo?! Ele vai apanhar tanto quando chegarmos em casa...

— Oh, querida! É uma ótima ideia, Carolina também tem tentado buscar coragem para te agradecer por tudo. – Tia Hannah diz, animada. Eu sorrio fraco, e me levanto.

Não acho que Carolina vá gostar da ideia, mas agora é tarde, quando tia Hannah encana que é o certo a se fazer você apenas vai lá e faz.

— Certo, então eu vou... vou lá conversar com ela, e fazê-la descer. – Digo, de repente, um pouco nervosa. Todos assentem, e engatam em uma nova conversa.

Conforme subo as escada vejo Victor e Ayla rindo, mostro o dedo médio para eles e bufo voltando a subir as escadas... Vou ter que encarar a fera.