Capítulo 01_ Estrelas de Vidro.

3.6K 260 6
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Lyria se equilibrava no parapeito da torre, os dedos afundando na superfície gasta pelo tempo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Lyria se equilibrava no parapeito da torre, os dedos afundando na superfície gasta pelo tempo. O vento uivava, ricocheteando seus fios dourados no ar. Abaixo, Zaun se estendia como um organismo vivo, suas veias de metal e vapor pulsando com uma energia febril. Ela observou a cidade com olhos vazios, como se estivesse além de emoções humanas, além da própria carne.

A torre, outrora um relicário majestoso, agora era apenas uma casca corroída. O vidro trincado oferecia uma visão distorcida da cidade, como se Lyria estivesse olhando através das lentes de um sonâmbulo. Apoiada sob a superfície gélida, ela analisou se o vidro cederia e se questionou se a queda seria rápida, a jovem sabia que brincar com a gravidade era um risco.

Mas o sentimento que a mantinha estática era mais do que uma necessidade; era um vício perigoso. Ela se sentia mais viva quando estava à beira do abismo, quando a adrenalina sussurrava em seus ouvidos como uma amante insaciável.

Sob a capa escura que envolvia seu corpo, Lyria trajava um vestido de seda vermelho-sangue, uma chama solitária em meio à escuridão. O ouro bordado nas mangas reluzia, o contraste entre a beleza da peça e a sujeira do ambiente era quase poético. Ela segurava um cigarro entre os dedos, tragando profundamente e deixando a fumaça se misturar ao ar impuro.

Zaun à noite era uma sinfonia dissonante. Os motores roncavam como feras famintas, as engrenagens gemiam sob o peso de suas próprias ambições. Lyria fechou os olhos e ouviu os sons mais sutis: o crepitar de cabos elétricos, o som das chaminés cuspindo fumaça, os sussurros da brisa se insinuando entre os vales e cânions que cortavam Piltover.

As estrelas acima eram como fragmentos fracos e distantes. Elas não vibravam com a intensidade que deveriam, mas com a melancolia opaca de serem limitadas pela névoa. Lyria se perguntava se as estrelas também tinham suas batalhas internas, se lutavam para manter sua luz acesa em meio à escuridão.

Se perguntou se havia liberdade lá em cima e se existia algum lugar para ela, qualquer um, onde as correntes da responsabilidade não insistissem em mantê-la cativa. Ela se sentia como uma máquina desgastada, uma engrenagem quebrada. Mas sua alma ansiava ser mais do que isso.

Corações de Zaun_ Colisão Profana.Onde histórias criam vida. Descubra agora