Três dias. 72h. Era a quantidade de tempo que June se afastaria para ir a um congresso de psicologia infanto-juvenil que ela foi chamada para ser palestrante, nos Estados Unidos. Três dias que nem June nem Aizawa imaginavam que seriam tão longos. 10 mil quilômetros separavam duas almas com sentimentos omitidos.
Dia 1
A turma 1-A sabia que havia algo de errado. Aizawa passou milhares de tarefas, não falava nada que não fosse gritando, e parecia mais agitado que o normal. O seu humor era o mais horrível possível, e quem sofria mais com isso era a turma 1-A.
—O que aconteceu com ele? Disse Deku, preocupado.
—Minha mão está doendo de tanto escrever e ainda temos que treinar mais tarde. -Disse ela triste enquanto massageava a mão.
—Acho que acabou o café. Falou Denki tirando sarro.
—Deveríamos perguntar, ele não parece bem. Momo falou preocupada.
—Ele deveria transar, isso que eu acho. -Falou Mineta.
—Acho que deveríamos fazer nossas atividades, e não especulando sobre a vida do nosso professor! Lida advertiu.
—Quietos, se não ele vai passar mais trabalho pra gente! Disse Mina.
—Seja o que for, é melhor deixá-lo em paz. Falou Todoroki.
O dia fora seguido de tantos treinos e atividades, que todos estavam acabados no fim do dia. Aizawa não escondeu a sua frustração, seu coração chateado perturbou sua mente. Ao fim do dia ele percebeu o quanto fora ridículo, fazendo seus alunos sofrerem por algo que nem era culpa deles.
Dia 2
June se sentia mais sozinha do que nunca. Nunca esteve tão longe de casa. Não conhecia quase ninguém naquele congresso, fora outros palestrantes que ela admirava. Estava sozinha. Sentia saudades da cama dela, da gatinha Bandit... de Shouta.
Seus sentimentos sobre ele eram óbvios, e até quis se aproximar mais do professor, mas Aizawa mantinha todos a uma barreira que ela não conseguia superar. E em hipótese alguma iria se declarar sem saber se ele sentia o mesmo. A rejeição é algo muito assustador pra alguém introvertido. A branca sabia que revelar seus sentimentos prematuramente para alguém tão reservado e passivo como Shouta seria um erro. Não existia nenhum sinal aos olhos dela que o sentimento era recíproco, então o seu amor era platônico.
Se contentava em babar quando ele chegava com a barba malfeita e o cabelo amarrado preguiçosamente. Gostava de sentir o cheiro do perfume dele. Se sentia uma verdadeira adolescente, mas seu coração se sentia bem com isso, pois sua razão alertava que se machucar por um homem não era uma boa ideia.
Na sua cabeça, ela fantasiava como uma adolescente, já que como adulta não podia fazer nada. Imaginava como seria acordar ao lado de Shouta, com seus cabelos negros desgrenhados e a voz sonolenta. Seu coração se contentava com isso. Era melhor que nada, melhor que a rejeição. Um dia quem sabe. Sentimentos reprimidos era algo condenável na Psicologia. Mas nos assuntos do coração, as coisas seguiam de uma maneira diferente. June sonhava com os pés no chão... Sonhava com ele. Pensava nele. Amava ele.
Dia 3
Aizawa parecia estar com mais olheiras que o normal... Sua voz estava embargada de sono e ele se movia lentamente enquanto escrevia no quadro negro. Seu companheiro fiel, saco de dormir amarelo estava a postos ao lado da mesa.
Uma noite mal dormida foi a causa de tudo. Não fora a insônia dessa vez. Sonhou demais. Um sonho tanto peculiar quanto reconfortante...
—Amor, vem que o café tá quentinho.
—Hm, não, fica aqui na cama mais um pouco. Ele puxa a mais nova pelos braços. -Bem melhor.
Os dois estavam aconchegantes de conchinha na cama. Tudo naquele momento parecia estar certo agora. Ele tinha sua garota ao seu lado. E ela o tinha pra todos os momentos. Era uma sensação que Aizawa não conhecia bem, mas sabia que gostava. O calor que vinha dela parecia esquentar seu coração, e seu perfume era acolhedor como flores no campo...
—Eu te amo, Shouta. -Ela se vira pra ele com os olhos apaixonados -Muito. Um beijo quente e gostoso se seguiu, e aquele beijo confirmava tudo. A paixão entre os dois era mais do que imaginavam. Os beijos logo se tornaram intensos, com o fulgor do desejo sendo proferido. Além de amá-lo, ela o desejava. E ele queria sentir ela em toda sua essência. Os beijos rapidamente se alastraram pela extensão do pescoço e do busto da branca. Porém tinha algo preso na garganta dele,
—Eu também te amo.
O sonho foi interrompido com o súbito acordar dele. Aquela frase tinha uma carga tão grande de emoções, que mesmo em sonho, Aizawa ficou em choque. Foi traído por si mesmo, pois todos os dias quando via June passar pelo corredor ou na sala dos professores, ele tentava se convencer que isso era uma tolice, uma bobagem, que iria atrapalhar a vida dos dois, e que o certo era reprimir tudo. Não conseguia mais fugir do próprio coração. Jamais pensou em falar essas palavras pra alguém. Mas ouvir disso dela, mesmo em sonho... Foi um reconforto enorme. Pelo menos em sua cabeça, eles estavam juntos.
Um misto de saudade e paixão foi tudo que restou pra ele. Saudades de uma frase que ele nunca ouviu dela. Mas mesmo em sonho, ele sabia que o que dissera era verdade. Ele a amava. Muito. E nem se dava conta que esse amor era tão forte assim. Invejou seu Eu em sonhos que aparentemente se saiu bem mais sucedido que ele na questão de amor. A paixão que irradiava do peito dele se alastrou de forma tão forte que até seu subconsciente não conseguia negar. Revirou-se a noite toda na cama, sem conseguir pregar os olhos. Aquela frase ecoava na mente dele. A saudade o atormentava. Sua noite de sono foi embora e ele não pode fazer nada até a hora do trabalho.
E lá ele esperou as horas passarem, devagar e parando. Ela voltava do congresso no mesmo dia, mas como era sexta, só a veria na segunda feira. "Que droga" Ele pensou. Seriam cinco dias sem vê-la. Finalmente era hora do almoço e tudo que ele queria era poder dormir um pouco.
—HEY AIZAWA! Meu querido Friend!
—Humf, o que foi Mic? Quero dormir um pouco.
—Não seja tão boring! Hoje à noite NÓS vamos sair pra beber.
—Nem pensar. -Disse Shouta se ponto no saco de dormir.
—Ah vamos, todo mundo vai Shouta. -Nemuri disse piscando os olhos.
—Não quero. -Ele falou dentro do saco de dormir. —Me deixem em paz.
—Come on! Vamos celebrar que a June voltou.
—Isso, ela vai estar lá, você TEM que ir Shouta!
—Tá. Agora vão embora.
—YEAHH!
—Nos vemos lá então. -Nemuri disse com um sorrisinho.
Debaixo daquele saco de dormir gigante e amarelo chamativo, Aizawa sorria. Claro que não deixaria Yamada e Nemuri virem o rosto dele sorrindo como um bobo apaixonado. Ele enfim mataria um pouco da saudade. E enfim dormiu tranquilamente, sabendo que ela tinha voltado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Love Soul - Aizawa Shouta
RomanceO diretor Nezu, preocupado com a saúde mental de seus alunos após o estressante ataque de vilões a UA, decide pedir reforço. June Masami, uma brilhante psicóloga com histórico impecável é contratada para ajudar. Inteligente e introvertida, ela logo...