Capítulo 8 - Parte II

248 18 9
                                    

Ao mesmo tempo que o rapaz se baixou para tentar diminuir a dor dos seus bens preciosos, Ava voltou-se de costas para ele. Balançou o seu braço fletido para a frente, e depois acertou com o seu cotovelo - duro como a carapaça de uma tartaruga - em cheio no nariz do rapaz.

Este gritou com o impacto - um grito nada masculino, se me perguntarem-, e ficou indeciso qual parte do seu corpo proteger. Se o seu nariz ou o seu abono de família.

Levou, vagarosamente, a sua mão trémula até ao seu nariz, e com os olhos muito arregalados, tentou limpar o máximo do sangue com as costas da mão. Ele gemeu então de dor, quando tocou no seu nariz e sentiu que estava bastante ferido. Levantou a cabeça, até então baixa por causa de todos os impactos, e estreitou os olhos para Ava.

Ava ainda continha um sorriso sombrio nos seus lábios e parece que adorou o facto de o rapaz ter ficado com raiva por ela o ter posto a sangrar - e quase de quatro. E eu, a sua suposta guardiã, estava a observar a cena diante mim a cerca de cinco metros de distância deles.

Espantada? Sim.

Divertida com aquela cena digna de um Óscar? Duplo sim.

Com medo? Nem um bocadinho.

Ava pareceu ter sentido o meu olhar a queimar-lhe a pele, pois olhou para mim. Um sorriso discreto estava presente nos meus lábios ao ver que afinal, aquela rapariga tinha bastante potencial, para alguém que eu julgava não ter força para por um rapaz a sangrar do nariz.

Ao que parece, o sujeito viu o desvio de olhar de Ava como uma forma para lhe conseguir saltar para cima, ao mesmo tempo que lhe agarrava os cabelos e a mandava com bastante força contra a parede fria e branca da sala.

Ava foi apanhada de surpresa e chiou com a pressão exercida.

Mas esta gente hoje em dia tem algum problema em não agarrar os cabelos dos outros para os manterem imóveis?! Podiam fazer tantas outras coisas! Como uma paralítica em cheio nas pernas ou até mesmo atacar o músculo/nervo que temos todos presente no pescoço.

Mas não! Agarrar cabelo é que está na moda!

Esta deve ser a minha deixa para interferir.

Saltei para dentro do compartimento e agarrei no colarinho do jovem, ao mesmo tempo que o tentava atirar contra a parede.

O seu corpo fez um "bac" ao embater na parede, e Ava atirou-se contra ele para o espancar.

Agarrei nela e atirei-a mais suavemente contra a parede, enquanto agarrava no rapaz e o metia para fora da sala, vendo-lhe a cara ensanguentada e a sua expressão aterrorizada.

Olhei para trás e Ava acertou-me em cheio no maxilar com o seu punho. Gemi e cambaleei para trás, voltando, segundos depois, a ter equilíbrio.

Massajei a zona dorida, e olhei para Ava para matá-la com o olhar - sou boa, mas não tanto. Nos seus lábios apareceu um sorriso desafiador, e a mim ninguém me desafia.

Nem a porra de uma flor!

Saltei para cima dela e acertei-lhe um murro no maxilar, do qual surgiu um estalido. Será que lhe parti alguma coisa?

Não estou minimamente interessada nisso e não lhe vou pagar um seguro dentista.

Eu sei que sou o anjo da guarda dela e é suposto ajudá-la, mas se a gaja quer luta, é luta que vai ter.

Ela rapidamente ripostou e tentou acertar-me com o cotovelo na cara - escusado será dizer que foi uma tentativa falhada - e quando eu pensei que a tinha sobre o meu domínio, a Ava soltou-se e eu senti um pontapé na barriga seguido de uma cotovelada na minha nuca bloqueando-me os sentidos. Sacudi a cabeça, tentando bloquear a enorme turvação nos meus olhos, e concentrei-me em ganhar forças outra vez.

Grey Wings {Devagar. Muito, muito devagar}Onde histórias criam vida. Descubra agora