Capítulo 3.

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   Quartel-general, 16 Setembro 2015

   Felicidade. Uma palavra bonita, com significados distintos mas ao mesmo tempo iguais. Se quisermos definir melhor felicidade, seria provavelmente: Característica ou condição feliz; sensação real de satisfação plena; estado de contentamento; satisfação.
Estado de quem se encontra afortunado; Circunstância ou situação que demonstra sucesso, êxito: felicidade na realização de um projeto.

   E essa seria a palavra ideal para mim neste momento. Sinto-me a transbordar de felicidade por finalmente ter obtido a minha satisfação plena, repleta de êxito.

   E foi esse pensamento que me fez levantar da cama, arranjar-me com os típicos trajes brancos e sentir-me leve como uma pena.

   É hoje o dia!

   O dia em que vou pisar, finalmente, aquele pedaço de Terra e ser finalmente conhecida. Não que ser conhecida seja o meu maior desejo. O que eu mais quero é ajudar os outros, e essa tarefa não vai ser difícil.

   Provavelmente já estava atrasada, mas tive que dizer um novo adeus ao meu quarto, que me acolheu durante longos anos.

   De novo as lágrimas começaram a sair com todas as memórias aqui passadas, desde momentos embaraçosos a grandes balbúrdias com Ever. Ela sempre será a minha menina. Eu sempre a irei proteger. E ela sempre me irá proteger.

   Olhei de novo para o relógio em cima da mesa-de-cabeceira e estranhei. Ever ainda não tinha entrado por aquela porta castanha de madeira e arrastar-me pelos cabelos até à Central. Talvez estivesse ocupada. Mas mesmo assim… e se eu adormecesse? Okay… isso seria 100% impossível, mas quem sabe?

   Agarrei nas minhas duas malas com objetos pessoais e puxei-os para fora do quarto, enquanto tentava não tropeçar em nenhuma caixa que irá ser enviada para a Terra depois de lá chegar.

   Abri a porta castanha, sem olhar para trás, dando de caras com uma Ever definitivamente mal-humorada, com os braços cruzados e o seu pé direito a bater furiosamente no chão. Tinha cara de poucos amigos, o que me deixou com bastante receio para o que estava para vir.

   Vai ser apenas mais um sermão sobre de começar a prestar atenção às horas, e sobre a pontualidade e mais umas coisas que não me fazem diferença nenhuma.

   Sorri nervosa e ela nada disse. Apenas me agarrou num braço e na mala, e puxou-me furiosamente pelos corredores, fazendo-me tropeçar várias vezes nos meus próprios pés.

   - Vai com calma, Ever! – pedi, pela primeira vez, tentando parar.

   - Calma? – ela travou, virou-se para trás e assim poderia encarar a sua cara ainda mais furiosa – Tu queres que eu tenha calma? – ela elevou os braços aos céus, numa tentativa de dizer que estava a tentar, mas não era de propósito.

   E eu tenho a perfeita noção que não era de propósito. Ela está apenas nervosa e um pouco amedrontada por eu me ir embora.

   - Por favor, Noemi! Estás atrasada para ires para a Central. Sabes a que horas vos vão mandar? – ela perguntou, cruzando os braços.

   - Hum… 12:00 horas? – perguntei nervosa. Aquilo era uma afirmação, mas eu sabia perfeitamente que iria ter que levar com as suas queixas inconstantes sobre tudo o que faço.

   - E que horas são? – perguntou ela, enervada novamente.

   Olhei para o meu pulso e mirei as horas – 11:48 horas?

   - Exato! Estás mais que atrasada! – descarregou – Sabes quanto tempo demorámos até lá? – perguntou. Quando viu que não ia responder, disse – 20 minutos. 20 minutos! – disse agora a gritar.

Grey Wings {Devagar. Muito, muito devagar}Onde histórias criam vida. Descubra agora