⌜𔘓⌟ Taehyung jurou que nunca se apaixonaria. Ele sabia que era mortal e sem propósito para alguém como ele, amaldiçoado por ser bonito diante dos olhos de quem o admirava. Isso foi até que ele ouviu a música de um artista de rua em uma praça, um...
Os convidados jantaram em uma grande mesa na sala de jantar. Havia toalhas de mesa bordadas e altos vasos de flores de vidro com uma seleção distinta de snapdragons e folhas verdes contrastando com as cores das pétalas. Os lustres irradiavam uma luz fraca amarela sobre os talheres de ouro e os pratos de porcelana chinesa.
Os comensais apreciaram três pratos e boa bebida; lugares como esses eram onde as famílias ricas da Coréia se reuniam para estabelecer conexões, encontrar velhos conhecidos, trocar endereços de seus chalés de verão no exterior e, para os aristocratas, principalmente, presumir seus bens com outros.
Taehyung não se juntou aos convidados para o jantar já que, de acordo com o costume, a festa tinha que ser apresentada às dez horas depois que todos os convidados se reunissem no salão de dança. Sem a luz do sol, o efeito do piso espelhado não teve o mesmo impacto, mas mais lustres adornados com mais jóias que qualquer um poderia contar eram refletidos como estrelas no céu acima de um lago tranquilo.
Um dos rituais mais populares para este tipo de evento era que o anfitrião tinha que dançar com dez parceiros diferentes previamente selecionados entre os convidados presentes naquela noite. Antes da grande entrada, os visitantes se reuniram no salão com suas taças de espumante e seus trajes elegantes, máscaras decoradas com penas e pedras preciosas, mãos pesadas de anéis ou enluvadas de seda.
Às dez horas, o sino do relógio tocou indicando o início do sarau.
Taehyung prendeu a máscara mais uma vez antes que as portas do salão fossem abertas para ele. Ele respirou fundo e caminhou sem hesitação. Traumas passados devem ser esquecidos pelo menos por uma noite. Sua avó não deixaria nada acontecer com ele, ele estava em um lugar seguro diante dos olhos de milhares. Se ele não estivesse sozinho com uma pessoa por um tempo, sua maldição não afetaria os outros. Ele só precisava ter certeza de que cada dança não duraria o suficiente, que seus parceiros não olhariam em seus olhos por muito tempo e ele ficaria bem.
Tudo ficaria bem, nada poderia estragar aquela noite.
Os músicos começaram a tocar uma valsa que Taehyung reconheceu de suas primeiras memórias, uma peça do Quebra-Nozes que geralmente era tocada durante as férias. Uma vez que o seu aniversário era sempre próximo das festas de fim de ano, os seus pais o levavam ao ballet durante o mês de Dezembro e a peça de Tchaikovsky era a sua favorita. Começar a celebração com aquela música foi uma homenagem aos seus falecidos pais, mas também ao passado de sua infância de quem ele estava se despedindo.
Taehyung desceu as escadas como uma sombra, uma figura misteriosa que caminhava entre os vivos, um fantasma de fato. Ele curvou-se e ouviu os aplausos dos convidados; ele ergueu a cabeça e viu a exibição de vestidos de baile, smokings e poder. Uma fila de mulheres solteiras estreantes esperava por ele no final da escada.
![[Menção de suicido no final deste capítulo]](https://img.wattpad.com/382e5185850fc387cbd789d0174eb75c22d0ddaf/68747470733a2f2f73332e616d617a6f6e6177732e636f6d2f776174747061642d6d656469612d736572766963652f53746f7279496d6167652f69535642757532497736364758673d3d2d313032313239363033392e313664346633306335386637356661643436393733323536353035382e676966?s=fit&w=720&h=720)
