Twelve. (20190123)

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Gente, perdão pela demora eterna. Eu não desisti dessa fic, só não tinha mais nenhuma ideia de como continuar ela, de como colocar em escrita tudo que existe programado na minha cabeça, mas depois do THE SHOW e da música da Rosé, me veio um pouco de inspiração e aqui estou eu. E só pra constar, existe um erro na data do capítulo anterior que eu já corrigi. Essa data foi a primeira apresentação da Jennie depois do término com o Kai, só pra vocês estarem cientes do momento em que estamos na fic agora. Vou deixar aqui o link caso queiram assistir. (https://www.youtube.com/watch?v=1VB4BmzVLIE) Vamos a história.


POV Rosé

A chegada ao local onde aconteceria o GMA foi conturbada. Haviam fotógrafos por todos os lados, repórteres com seus enormes microfones tentando de qualquer jeito que disséssemos algo a respeito do pseudo relacionamento de Jennie com Kai, que comentássemos sobre o hate massivo que não só ela como o grupo vinha recebendo desde então. Os seguranças foram rápidos em afastar toda aquela gente e após posar para algumas fotos, fomos direto para o backstage nos preparar para a nossa apresentação. O silêncio no camarim era perceptível e um pouco incômodo, qualquer um ali era capaz de sentir o quão pressionadas e cansadas estávamos, mas cada vez que eu sentia vontade de chorar as palavras de Jisoo vinham na minha mente e eu apenas respirava fundo com os olhos fechados. Começamos nosso aquecimento vocal e aguardamos. O local de onde nossos figurinos foram retirados mantinha uma única peça de roupa vermelha restante. A roupa do solo dela. Minha distração acabou permitindo que Lisa se aproximasse sem que eu pudesse perceber.

- É linda, não é? - ela apoia suas mãos em meu ombro esquerdo e encosta seu queixo por cima delas -
- Sim, é muito bonita.
- Você acha que vamos ficar bem um dia? - seu tom de voz é baixo, um pouco hesitante, como se estivesse com medo de tocar no assunto -
- Claro que sim, Lili. Tudo isso é só uma fase ruim, mas vamos superar isso como sempre fizemos, juntas. BLACKPINK ainda tem tantas coisas pra conquistar... - percebo que ela sorri com a afirmação e acabo sorrindo junto - Um dia quem sabe podemos ter nosso próprio documentário... Seria o máximo. 
- E se tivéssemos nossos próprios icons na Netflix? Eu gostaria de usar o da Jisoo. - eu rio de seu tom - 
- Quem sabe um dia. Meu maior sonho é tocar em um festival enorme pra pessoas do mundo todo... Acho que quando isso acontecer eu vou parar e pensar "caramba, nós conseguimos".
- Rock In Rio? - ela pergunta, tornando a frase engraçada pelo sotaque com que é dita -
- Rock In Rio, Coachella, Lollapalooza... O que vier primeiro. - acabo encostando o rosto no topo da cabeça dela, que fecha os olhos e sorri largo -
- You're my little chipmunk. - Lisa usa seu tom de voz como se estivesse falando com uma criança -
- Ah não, Lisa. Não começa!

Cada vez que ela faz essa voz me lembro do dia em que estávamos fazendo uma live de áudio e ela começou a me atacar, apertando minhas bochechas e fazendo cócegas. Minhas costelas doeram por um bom tempo, o que por um lado foi proveitoso já que depois de passar o resto do dia reclamando, Jennie beijou cada parte das grandes marcas vermelhas ali. Jennie. Olho ao redor do camarim em busca dela e a encontro sentada em um sofá, aquecendo a voz e checando o celular. Ela está inexpressiva hoje, não parece se importar com nada desde que saímos de casa, quase parece a mesma de antes se não fosse por toda a maquiagem usada para cobrir as olheiras abaixo de seus olhos. Não que eu pudesse reclamar, afinal eu estava igual. Em pouco tempo fomos chamadas e subimos ao palco. Apesar dos momentos das coreografias onde precisávamos nos tocar, nosso lado profissional falou mais alto e nada muito grande aconteceu com aquilo. Após nossa apresentação voltamos para a plateia e acabamos recebendo um prêmio, algo que nos levou mais uma vez ao palco. Por fim, Jennie precisou se retirar para se preparar para sua apresentação. Com todas as luzes baixas, me aproximei de Lisa e cochichei em seu ouvido. 

- Por favor, faça a coreografia do refrão comigo. Eu não quero que ela ache que eu estou dando abertura nem nada do tipo.
- Por que vocês não conversam de uma vez? Hoje não é um bom dia já que tudo parece estar bem nesse momento? - Lisa sussurra em meu ouvido -
- Eu prometi a Jisoo que faria isso. Nada mudou, Lisa.

Mesmo com um suspiro cansado demonstrando o quão farta Lisa está da situação, vejo sua mão se fechar e um polegar subir em afirmação. Não demora até que todas as luzes se apaguem de vez e logo o foco se torna ela. Tudo que consigo ver inicialmente é sua silhueta e isso basta para meu coração acelerar feito louco, ela está ainda mais bonita do que antes, se é que isso é possível. As câmeras se voltam para nós algumas vezes e na maioria delas acabo rindo sem graça, no entanto Lisa e Jisoo também estão dançando sentadas e isso me deixa menos acuada. Eu só quero que essa noite termine e eu possa voltar pra casa, me trancar no meu quarto e continuar o meu processo de cura. Por mais que tudo esteja correndo bem até agora, não é como se estivesse sendo fácil, eu não sou o tipo de pessoa que consegue ignorar a dor. Eu gostaria de ser capaz de tirar todas essas sensações de mim de uma só vez.

POV Narrador.

Jennie e Rosé mal trocaram qualquer palavra no caminho de volta para casa. A coreana podia sentir os olhares da loira a todo momento, porém bastava erguer a cabeça para que a mesma desviasse e passasse a observar o lado de fora da janela do carro. Lisa e Jisoo disputavam uma partida online de um jogo qualquer e a mais nova tentava a todo momento tocar com os dedos na tela do celular da Kim para que ela perdesse, mas de nada adiantava. Kim Jisoo é boa em jogos online. Jennie sentia pesar sobre si a culpa de todos os erros que cometeu. Buscava justificativas plausíveis, tentava juntar palavras coerentes para se fazer acreditar, sua mente fervia e acabava desistindo. Rosé jamais entenderia e Jennie não poderia culpar a garota. Ela em seu lugar provavelmente não entenderia também. Apesar de todo o temperamento dócil e delicado, Park Chaeyoung definitivamente sabia ser selvagem e uma incógnita quando queria. Era um ser humano intenso por natureza e por isso tudo que a envolvia era igualmente avassalador. Quando sentia, sentia com muita força e isso se aplicava a qualquer sentimento. Jennie sabia bem. Lembrou-se do primeiro beijo delas. 

Flashback.

Era um Sábado a noite e as quatro deveriam estar assistindo a um filme de romance qualquer. Jennie sequer conseguia prestar atenção já que Jisoo e Lisa dormiam emboladas no chão enquanto ela estava no sofá cama com Rosé deitada em seu ombro ressonando tranquila em um sono aparentemente leve. Kim e Manoban haviam pego no sono logo no início do filme, mas Rosé relutou um pouco antes de se entregar. O cheiro do perfume adocicado levava a Kim mais nova a suspirar diversas vezes, queria guardar aquele aroma para sempre em sua memória, assim como aquele momento. Havia se declarado para Rosé a pouco mais de dois meses e como prometido a Neozelandesa não mudou qualquer coisa em seu comportamento, chegando a se tornar até um pouco mais grudenta em certas ocasiões. A morena acomodou-se melhor na posição para conseguir olhar o rosto de Chaeyoung de frente. Os lábios formavam um pequeno biquinho pela maneira como estavam pressionados contra seu ombro. Jennie desejou mais do que qualquer coisa naquele momento poder beijá-la. Seu polegar acariciou a lateral do rosto da mais jovem, indo desde sua têmpora até o maxilar e voltando, contornou algumas vezes o lábio inferior dela e chegou a lamber seus próprios lábios para conter a vontade. Estava tão distraída que não percebeu os grandes olhos escuros e abertos de Chaeyoung, admirando com quase a mesma devoção o rosto próximo ao seu. No instante em que se deu conta de que Rosé estava acordada, Jennie engoliu a seco. A Park, por sua vez, aproveitou-se do transe temporário da outra e não pensou duas vezes antes de avançar contra a mais velha, unindo suas bocas em um beijo inicialmente superficial como se estivesse testando a reação de sua unnie. Jennie Kim achou que poderia morrer de ataque cardíaco naquele instante, contudo não se afastou e segurou o queixo de Rosé entre o indicador e o polegar. Como se tivesse feito aquilo a vida inteira, Chaeyoung então adicionou sua língua ao beijo e buscou pela de Jennie para dar início ao beijo propriamente dito. A intensidade com que pressionava seus lábios nos da mais velha era tamanha que em pouco tempo sentiu a dormência tomar conta, mas sequer aquilo foi capaz de lhe parar. Seus dedos acariciavam o pescoço arrepiado da morena e com isso sentiu na ponta deles o batimento acelerado em uma das veias, sabendo que a outra estava experimentando a mesma sensação louca que ela.

Fim do Flashback.

De volta ao dormitório, Rosé despediu-se brevemente das garotas e foi direto para seu quarto. Jennie fez o mesmo, levando algumas horas na banheira enquanto se permitia chorar por todas as lembranças que estavam lhe ocorrendo naquele dia. Tudo parecia tão confuso dentro de si que sequer conseguia se reconhecer mais. É como se tivesse perdido sua essência no dia em que Park Chaeyoung deixou de ser sua. Já em sua cama, com seu cabelo preso em um coque, vestindo apenas uma calça de moletom cinza e um blusão branco, Jennie caminhou pelo apartamento em direção a cozinha, estava com fome e não conseguiria dormir sem comer. Mesmo baixo pode distinguir o som do violão sendo tocado e a voz melodiosa acompanhando. Não reconheceu a música de imediato e por isso aproximou-se. 

- You had to be the one to let me dumb, to color me blue... Hate to see you with someone new, I'll put a curse on him and you, ain't no looking back, now you're dead and gone, my love is gone too. All my love is gone... All my love is gone... All my love is gone... All my love is gone, now you're dead and gone... I've packed my bags and go on, this don't feel like home, too much on this swaying boat, I feel so used, how am I supposed to live without you? I refuse...

Quando o violão e a voz pararam, Jennie achou que ela teria desistido de tocar. Entretanto, ao dar o primeiro passo para longe, ouviu o soluço alto e um grito abafado. Jennie decidiu que era hora de dar fim a tudo isso.

Behind The Spotlights [Chaennie]Onde histórias criam vida. Descubra agora