Behind The Spotlights [Chaennie]

Eleven. (20190123)

TEM UM RECADINHO PRA QUEM AINDA ACOMPANHA ISSO AQUI NO PRÓXIMO CAPÍTULO QUE EU VOU POSTAR EM SEGUIDA DESSE.

POV Narrador.

Rosé se olhou no espelho a milésima vez naquela tarde e tudo parecia fora de lugar em seu reflexo. Se conhecia bem o suficiente para saber que sua expressão estava vazia, não poderia sair do dormitório naquelas condições e muito menos chegar a uma das maiores premiações do ano com olheiras daquele tamanho. Ouviu três batidas na porta e optou por permanecer em silêncio. Alguns segundos se passaram e novamente pode ouvir alguém tentando chamar sua atenção ao bater contra a madeira, no entanto dessa vez viu uma pequena fresta se abrir e Jisoo colocar o rosto ali.

- Posso entrar?

Sabia que seria inútil negar uma vez que a mais velha já estava praticamente dentro. A porta foi fechada e a Kim se escorou ali, mantendo seus olhos fixos no teto.

- Sei que não quer conversar, então só vim te dizer algumas coisas. Relações são complicadas independente do âmbito delas, seja familiar, profissional ou amoroso. Não faço ideia do quão ferida e magoada você está porque nunca estive no seu lugar, nunca passei por uma situação assim e seria hipocrisia dizer que entendo ou que não entendo a sua dor, mas quero que se lembre do motivo que te trouxe até aqui. Você veio pela música. - Jisoo fez uma pequena pausa e Rosé continuou encarando seu reflexo no espelho, agora com os olhos marejados e os lábios trêmulos pela contida vontade de chorar - Não vou apontar o dedo para nenhuma das duas e dizer quem errou mais ou quem errou menos, o que posso fazer é me colocar a disposição se precisar chorar por uma noite inteira ou se só quiser gritar com alguém sem motivos. Por hoje, eu só vim pedir uma coisa... Podemos fingir que nada disso aconteceu e somos apenas BLACKPINK? Vamos esquecer que você desapareceu por dias, vamos esquecer toda essa história e focar apenas no que nos trouxe até aqui e nos manteve unidas mesmo nos piores momentos. Vamos pensar nos nossos fãs e nas pessoas que nos usam como inspiração para seguir seus sonhos... Vamos lembrar dos nossos dias de trainee quando tudo era tão difícil e mesmo assim conseguíamos nos reunir no fim do dia e pedir uma única refeição para dividir entre as quatro porque nenhuma de nós tinha muito dinheiro. - a voz da mulher mais velha já havia adquirido um tom choroso e ela fungou, mantendo os olhos no teto para que as lágrimas não escorressem e borrassem o rosto já maquiado - Sei que é doloroso pra ambas, mas por favor, vamos dar o nosso melhor para esquecer tudo isso e vamos simplesmente ser BLACKPINK. Pode fazer isso por mim?

Park Chaeyoung respirou fundo e fungou. A maquiagem resistente a lágrimas estava sendo posta a prova com o choro silencioso da Neozelandesa, e ela apoiou as duas mãos na penteadeira a sua frente antes de abaixar a cabeça. Precisou reunir forças para engolir o choro e murmurar um sim tão baixo que se o quarto não estivesse em completo silêncio, Jisoo não teria escutado. Rosé sabia o quão doloroso seria ter que fingir não estar sentindo nada quando nem mesmo os dias longe de tudo fizeram com que sua mente parasse de lhe bombardear com pensamentos em Jennie. Sabia o quão forte precisaria ser para assistir a ex namorada e companheira de grupo subir ao palco sozinha e performar uma música que tantas vezes ouviu falar sobre ou mostrar algum avanço na coreografia. Mais difícil ainda seria saber que Jennie estaria sozinha lá com todos os olhos sobre si após o escândalo de namoro relâmpago com Kai e todo o hate que vinha recebendo. Tudo parecia tão difícil e doloroso naquele momento que a tensão era quase palpável, mas ela daria tudo de si. Faria o seu melhor por Jisoo, Lisa e os fãs. E até por Jennie, mesmo que seu coração lhe dissesse que ela sequer merecia um pensamento de empatia ou compaixão. Ao erguer a cabeça novamente, notou que Jisoo estava ao seu lado. A mão da mulher afagava as costas da mais alta e seu olhar preocupado através do espelho fez a loira suspirar.

- Não se preocupe, unnie. Ninguém sequer vai perceber nada. Eu sou a melhor em fingir que está tudo bem quando na verdade a minha mente está um caos. 

Jisoo, ainda preocupada e extremamente sentida com a mágoa instaurada no ambiente que antes era tão familiar, deixou o quarto para que a mais jovem pudesse terminar de se aprontar. Caminhou até o quarto de Jennie e bateu algumas vezes até ouvir um "entre" sem emoção.

- Podemos conversar?

Jennie estava pronta. Diferente de Rosé, não se olhava no espelho ou sequer estava chorando. Estava apenas sentada na beirada de sua cama, acariciando a cabeça de Kuma.

- Não sei. Qual é a pauta da conversa? - questionou sem desviar os olhos de seu animal -
- Eu só quero pedir uma coisa. - aproximou-se em passos lentos -
- Hum...
- Pode olhar pra mim, por favor?

Jennie atendeu ao pedido e fixou os olhos no rosto de Jisoo. A preocupação de Jisoo com Jennie era exatamente pela expressão que ela exibia agora. Um grande nada. Nem medo, nem mágoa, nem dor, nem decepção ou tristeza. Nem mesmo raiva. A Kim mais nova parecia não sentir absolutamente nada, e Jisoo sabia que esse era o pior tipo de reação: a negação.

- Estou olhando.

Jisoo respirou fundo e se manteve no meio do quarto com os braços parados imóveis ao lado do corpo. 

- Eu fiz o mesmo pedido a Rosé e ela concordou. Vamos fazer de conta que nada aconteceu, pelo menos hoje. Pode fazer isso por mim?

Jennie quase sorriu naquele momento. Talvez fosse a menção do nome ou talvez fosse apenas reflexo por ter achado uma ideia completamente idiota. Como poderia ignorar todo o turbilhão de sensações que estava experimentando desde que começou com a ideia estúpida de namorar com Kai? Tinha plena consciência que todo aquele mal estar fora causado por ela, mas não se arrependia. Havia feito por todas elas, e mesmo que a outra não entendesse, fez por Rosé também. 

- Eu não pretendia demonstrar nada, não se preocupe. 

Por mais que Jisoo tentasse, sabia que um discurso motivacional não teria sobre Jennie o mesmo efeito que teve sobre Rosé, e limitou-se a sair do quarto para que a outra tivesse seus últimos momentos de privacidade antes de deixarem o dormitório para seguir em direção ao GMA.