Behind The Spotlights [Chaennie]

Nine. (20170715)

Park Chaeyoung   |   15:32

Unnie, vamos começar nossas aulas hoje?

Wifey   |   15:33

Podemos esperar até que Lisa e Jisoo saiam? Não quero incomodar elas.

Park Chaeyoung   |   15:37

Oh, tudo bem, unnie! Estarei esperando no meu quarto.

Wifey   |   16:51

Elas acabaram de sair, estou indo aí! :)

Park Chaeyoung | 16:58

Está bem, pode trazer um pouco de morangos?

Wifey   |   17:02

Eu poderia dá-los na sua boca?
*Mensagem Não Enviada*

Estou levando.



NARRADOR POV

Quando Jennie adentrou o quarto de Chaeyoung portando um pote com morangos já limpos e cortados em pedaços, seu coração acelerou apenas com a imagem da garota sentada na cama com seu violão no colo. Rosé tocava notas aleatórias e murmurava palavras soltas que apesar de confusas, ainda assim eram afinadas e melodiosas. Sempre que entrava ali Jennie sentia-se em uma espécie de bolha onde apenas existia a australiana e tudo o que a envolvia. O quarto era tão característico com tudo o que a loira gostava que Jennie por vezes evitava o cômodo, eram coisas demais sendo jogadas em sua mente, todas ao mesmo tempo. Haviam bichinhos de pelúcia que foram se acumulando desde o ano de debut, presentes dos fãs, fotografias de seus pais e irmã, fotografias delas juntas como um grupo, fotografias com Lisa, com Jisoo e até algumas com Jennie. Em momento algum a coreana achou que teria alguma chance de se conectar com Chaeyoung romanticamente falando, sempre acreditou que a outra era hetero e nunca houveram indícios que provassem o contrário. Vez ou outra Jennie saía com um garoto aqui e outro ali mas nada que fosse além da necessidade física. 

- Unnie! Entra, senta aqui!

Kim Jennie aproximou-se hesitante e sentou-se ao lado de Rosé, que animada colocou o violão no colo dela e pegou o pote de morangos, repousando-o sobre a cama. Ela se abaixou em frente a Jennie e segurou as duas mãos da coreana, posicionando-as corretamente nas cordas.

- Esse é o primeiro acorde que você precisa aprender, unnie. É bem simples, você pode treinar enquanto eu como os morangos!

O toque suave das mãos de Rosé sobre as suas fez Jennie sentir um arrepio correr desde sua nuca até o fim de sua coluna. A coreana segurou firme no braço do violão sem conseguir sequer se concentrar em qualquer outra coisa e seus olhos se encontraram com os de Chaeyoung.

- Unnie?

O coração de Jennie batia tão acelerado que ela mal podia engolir a saliva que começava a se acumular em sua boca. Ultimamente era cada vez mais difícil ignorar a forma como tudo nela parecia reagir ao mínimo de contato físico com a loira, e então Jennie reuniu um último segundo de coragem e deixou o violão de lado.

- Eu não posso continuar com isso. 

- O que? Do que você tá falando, unnie? Você está passando mal? - Rosé prontamente fica de pé e toca a testa de Jennie, que fecha os olhos e suspira - Eu deveria buscar algum remédio?

- Rosie, preciso que me ouça. Apenas me ouça e... Por favor, tente não me levar a mal. Não peço que retribua o que eu sinto, eu somente estou sufocada com tudo o que vem acontecendo e preciso de um pouco de espaço. Eu achei que poderia fazer isso, mas não posso. - o semblante da Australiana evidenciou imediatamente sua preocupação -

- Tudo bem, unnie. Eu estou ouvindo... - Rosé sentou-se ao lado de Jennie após retirar o violão dali e colocar ele no chão -

Foram longos minutos em silêncio. A coreana reunindo coragem para verbalizar o que vinha sentindo e a australiana aguardando o máximo que sua curiosidade lhe permitiu. Quando não conseguiu mais suportar, tocou o ombro de Jennie e sorriu, encorajando-a.

- Está tudo bem, você pode me contar o que for.

- Eu estou apaixonada por você, Rosie. - a Kim deixou escapar em um único folego - Não sei quando começou, não sei explicar o motivo de ter acontecido, eu sequer percebi que estava acontecendo. Aos poucos eu comecei a sentir ciume quando você dava mais atenção a Jisoo ou a Lisa, o que é inevitável já que ela não desgruda de você. É um pouco difícil estar tão perto e não poder agir normalmente por medo de que você descubra ou desconfie de algo, não quero ser a pessoa que te faz sentir desconfortável então se isso for de alguma forma constrangedor pra você, apenas ignore. Mas eu não posso mais mentir ou negar que eu estou completamente apaixonada por cada detalhe seu. - Rosé estava em silêncio outra vez, sua mão havia deixado o ombro de Jennie e agora estava em seu colo - Eu poderia citar aqui cada um dos possíveis motivos pelos quais tudo isso mudou em mim, mas talvez você não esteja confortável ou não seja o momento. Eu nunca sei se o momento vai chegar, afinal. - Jennie sorriu em meio as lágrimas que se formaram em seus olhos - Só, por favor entenda se em algum dia eu não me sentir bem em fazer algo ou ir a algum lugar, existem tantas coisas na minha cabeça que eu precisaria de muito tempo para verbalizar todos os demônios que vem me assombrando desde meses atrás. 

- Quando isso começou, unnie? - Rosé estava visivelmente confusa -

- Eu te disse... Não sei. - Jennie fungou, limpando as lágrimas com as costas da mão - Nunca pensei que fosse gay, bissexual ou o que quer que seja, e isso é outro motivo pelo qual eu hesitei tanto em dizer tudo isso. A partir do momento em que você joga para o universo, a coisa toda se torna muito real. - a voz embargada de Jennie fez Rosé sentir vontade de chorar - É tão difícil, me desculpa.

- Não tem motivo algum pra pedir desculpas, unnie. Eu não estou irritada ou chateada de qualquer forma, é... Bem, você é Kim Jennie, é uma honra saber que você se apaixonou por mim. - Chaeyoung tentou arrancar um sorriso da outra, em vão - Só me dê algum tempo para assimilar tudo, vai ficar tudo bem, unnie. Não há qualquer problema com isso, eu respeitarei os seus limites e por favor, me diga se eu ultrapassar algum ou de alguma maneira ferir seus sentimentos.

- Você nunca o faria, é boa demais para isso. - Jennie levantou-se da cama e encaminhou-se para saída do quarto - Me desculpe por te fazer perder tempo aprendendo a tocar essa música para me ensinar, eu achei que conseguiria.

- Unnie, não se desculpe tanto. - Rosé aproximou-se da porta onde Jennie estava e usou o polegar para limpar algumas lágrimas das bochechinhas dela - Por favor, não chore. Por mim.

- Eu vou tentar. Bem, preciso de um tempo sozinha, avise as outras quando chegarem? Eu estarei no meu quarto. Obrigada por me ouvir, Rosie.

- Prometi que sempre estaria aqui por você e sempre vou estar, unnie.

E assim Jennie seguiu para seu quarto, deixando para trás seu coração.