Voltando a viver

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Primeiro dia que passo sem estar tentando fugir. A Anne tem me ajudado desde que me encontrou pela manhã, posso dizer que o dia ao seu lado foi ótimo, que ela fez parecer que minha vida toda sempre foi assim, ela ganhou minha confiança. Sobre a Anne, não diria que é a pessoa mais meiga, delicada, mas é amável, confiável e não se importa com o que as pessoas pensam a seu respeito, conversar com ela não foi esforço algum, senti-me a vontade, me livrando de um fardo.

Não posso falar muito a respeito da Anne, tive apenas um dia ao seu lado, mas notei muita coisa, o modo com falou do namorado ainda a pouco, tenho certeza de que não saberia que era seu namorado se ele não tivesse dito, acho que ela não gosta dele como namorado. O modo como conversamos quando estávamos caminhando, sei que não é assim, e que as pessoas que a conhecem devem ver isso raramente, o jeito como falou da mãe, com tanto sentimentalismo, a dor que cruzou seus olhos.

Tenho vontade de perguntar tudo isso, saber tudo a seu respeito, mas iria acorda-la e também acho que seu namorado ainda deve estar aí. Tento parar de pensar em tanta coisa, deito para tentar dormir, o que não será difícil, devido ao meu estado físico. Antes de adormecer, agradeço por te-la conhecido, durmo tranquilamente.

Sinto alguém mexer em minha mão e ouço uma voz ao longe, sinto que é conhecida, lentamente vou abrindo os olhos e sinto a mão me soltar e pousar em minha testa e após em meu pescoço.

- Você está quente.

Fixo minha vista na Anne a minha frente, medindo minha temperatura.

- Bom dia – fala ficando de pé ao meu lado assim que ver que abri os olhos.

- Bom dia – respondo olhando nos olhos.

- Acho que você está com febre.

- Não, acho que porque estou enrolada.

- A gente vai sair mais cedo.

- Pra onde a gente vai?

Ela me olha com expressão que não sei descrever, senta ao meu lado na cama, só então percebo que está de camisola, ou é uma camisa grande, parece bem mais frágil sem sua pose de executiva, ela segura minhas mãos entre as suas.

- Eu tenho que ir trabalhar, e pensei que você poderia ir comigo. Se você quiser.

- Claro – digo já levantando. Que opções eu tenho?

- Vou pegar o que você precisa para o banho – fala já saindo – Ah, vamos compra roupas pra você antes.

Ela me traz o que preciso e logo estou pronta lhe esperando. Quando aparece em minha frente, muito bem vestida, para e me analisa.

- Vem aqui – me chama já voltando. Entro em seu quarto, vejo que está pegando algo – Senta aqui – aponta a cama, ela se volta para mim com algo na mão que não sei identificar. – Fecha os olho, vou tentar esconder essa mancha.
Ela é muito cuidadosa, parece estar lidando com uma criança, faço tudo que pede, e logo fico pronta, ao me ver no espelho, pareço outra pessoa.

- O que acha? – pergunta parada um pouco atrás de mim. Meus olhos encontram os seus no espelho.

- Acho que ficou bom, diferente. Nem pareço machucada.

 - Vamos, temos de ser rápidas.

Telhado de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora