Enrubescida

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A Anne me levou para um passeio após tanta informação recebida, mesmo contra minha vontade me compra várias coisas, o que só faz aumentar minha dívida com ela.

Houve momentos em que achei que nosso tempo juntas acabaria, foi quando vi o Ryan beijando outra. Olhei para a Anne na esperança dela ainda não ter visto, para poder leva-la por outro caminho, mas ela já estava indo na direção deles, parecendo extremamente calma. Vejo quando o Ryan fica branco que nem um papel ao ser flagrado pela Anne, mas ao contrário de tudo que poderia imaginar, ela termina com ele sem nem chamar a atenção de quem passa a sua volta. Logo volta e me carrega para se divertir na parte dos jogos do shopping, onde passamos boa parte do dia.

Minha barriga já roncava a um bom tempo, quando finalmente me levou para comer. Tudo hoje parece colaborar para o estresse dela, mas ela se mantém calma, até mesmo quando a fazem derramar refrigerante na própria roupa, deixando seu sutiã todo a mostra. Porém anda pelo shopping como se nada houvesse acontecido, sem nem sequer se importar, e acredito que realmente não se importe. Já indo embora, e o pouco que tentei saber sobre como estava em relação ao seu namoro, era logo cortada.

- Tô ótima - respondia.

Sentada ao seu lado no carro, ela está em frente ao volante, quando de repente tira a blusa e a joga no banco de trás do carro, me deixando surpresa e boquiaberta com seu corpo, mas se inclina na minha direção e pega uma blusa no porta luvas do carro, acho a blusa grande pra ela, mas que escolha ela tem? Olho para fora do carro, apenas a fim de desviar a vista, quando vejo a câmera de frente ao para-brisa.

- O segurança de câmera deve estar se deliciando com isso.

Depois de chegar no apartamento, o celular da Anne toca discretamente, ela se afasta pra atende-lo. Sento no sofá esperando que termine de falar e sem querer acabo por ouvir fragmentos da conversa, quando sua voz se eleva a medida que fala. Faço o possível para não prestar atenção, quando a vejo passar em minha frente, já gritando no celular, o rosto vermelho, passa pela porta e a bate atrás de si.

Continuo sentada no sofá, pensando se devo ir ao seu encontro ou se devo permanecer aqui, não quero de forma alguma parecer uma xereta.

Espero um pouco mais, ansiosa, mas logo a vejo entrar, com a sobrancelha franzida, fecha a porta e escora nela, parecendo cansada, respira fundo e me olha no fundo de meus olhos, deixando sua expressão se suavizar, anda em minha direção, senta ao meu lado no sofá e numa atitude que não esperaria, deita a cabeça em minhas pernas.

- Tudo bem? - pergunto colocando a mão sobre sua cabeça.

- O Ryan tem uma cara de pau inacreditável.

- Pois eu acredito - falo rindo. Ela me olha e logo sei que não deveria ter aberto a boca.

- O que houve?

- Nada.

- Kate...

- Nada!

Seu olhar demonstra que não acredita e espera por uma resposta - Fala.

-Okay - me dou por vencida - No dia que ele estava aqui - começo mas não sei se vou terminar, penso se devo. Mordo o lábio criando coragem para continuar - Ele estava te prensando na parede, quase te engolindo - ela desvia a vista, que antes estava fixo em meu rosto, o que houve, a deixei envergonhada? - Sei que me viu saindo do banheiro, mas ficou te apalpando de propósito.

- Agora tudo faz sentido, eu nunca gostei realmente desse cafajeste - rio do modo que falou - E você tinha toda razão.

O silêncio entre nós se prolonga, meus dedos deslizam por seu cabelo, fazendo-a relaxar visivelmente.

- Okay, você está disposta a me fazer dormir, vou tomar banho - fala já de pé sinalizando a roupa que foi molhada de refrigerante.

Levanto em seguida para também tomar um banho, vou até o quarto onde normalmente fico, pego uma roupa e entro no banheiro.

- Wow.

Ela cobre o corpo nu com a toalha, o cabelo está num coque desajeitado.

- Desculpa, achei que iria tomar banho no banheiro do seu quarto.

Ela sorri - No banheiro do meu quarto não tem banheira - ela faz um sinal e fico de costas - Mas, caso queira usar a banheira, vou tentar ser rápida.

- Não, não vou usar.

- Pode virar.

Viro, e a vejo sentada na banheira, a espuma cobrindo seus seios, seus olhos estão grudados num aparelho pequeno em sua mão.

- Se quiser já pode ir - finalmente, levanto o olhar - Prometo que não vou olhar - ela coloca a mão sobre os olhos e abre um espaço entre os dedos, espiando.

Sorrio de sua expressão e coloco a roupa em cima da bancada, noto que está de costas para onde estou, tiro a roupa e entro no box. Ao sair, ela está com a cabeça apoiada na banheira, os olhos fechados e fones no ouvido. Coloco a roupa, olhando para ela, mas ela não move um musculo sequer.

- Anne? - chamo e toco em seu ombro.

Abre os olhos sonolenta e sorri, tirando um dos fones do ouvido.

- Dormi.

- Notei.

- Pega a toalha pra mim? - pede sinalizando, pego e lhe estendo de costas, ouço quando fica de pé - Agora vou cair na cama.

Telhado de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora