Ameaçada

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Após o banho, deito na cama mas não consigo dormir, meus pensamentos se voltam para a fúria que senti do Ryan, com o qual primeiro agi calmamente, mas com a maior cara de pau, ele ainda veio atrás de mim, querendo explicar algo que vi e ouvi claramente. 

Me tira o sono também o que pesquisei pela manhã, sobre a Marina, as fotos que vi, olho para o lado e vejo meu notebook próximo a mim, fecho os olhos tentando afastar o pensamento, e a imagem do Tyler aparece à minha frente, aqueles olhos penetrantes tão próximos a mim, a mão firme segurando a minha. Levanto sabendo que não vou conseguir dormir. 

Saio do quarto vestindo apenas uma blusa grande, estilo futball americano, vou até a cozinha e tomo um copo d'água , prendo meu cabelo num rabo de cavalo não muito bem feito e volto a andar pela casa. Vou até o quarto da Marina e a vejo rolar pra um lado, entro na ponta dos pés não querendo lhe acordar, vejo seu rosto calmo a dormir, inclino-me impulsionada e beijo-lhe a testa, volta na direção da porta e prestes a atravessa-la, ouço a voz da Marina.

- Sem sono?

Paro e viro-me lentamente para dentro do quarto, ela já está sentada na cama.

- Aham- respondo a sua pergunta - Te acordei?

- Não

Ela bate a mão ao seu lado na cama, esperando pensando se devo ir, mas minhas pernas entram em movimento antes que tome uma decisão. Deito na outra ponta da cama, olhando pro teto.

- O que houve? - a voz dela parece mais um sussurro.

- Não sei. Talvez tudo que tenha acontecido ontem. Ryan. Batida. Bonelli- falo palavras aleatórias do que me tirou o sono, mas sei que ela me entendeu.

- Vem cá - chama pondo minha cabeça apoiada em seu colo.

Ela meche em meu cabelo, acho estranho, pois sempre que tento contato com ela, me olhava assustada, com os olhos arregalados, respiração rápida e pesada. Mas noto que mesmo que tenha iniciado o contado, sua respiração ainda é acelerada.

- Tudo bem? - pergunto.

- Uhum.


A semana se passa, nós nos falamos, mas não tanto quanto gostaria, ela ainda me acompanha ao meu trabalho, mas o que me preocupa é o fato de não ter encontrado mais a Jade, como nosso combinado, e ela me deu sua palavra.

- Talvez ela não seja como você, que cumpre o que diz - fala a Marina segurando minha mão por sobre a mesa.

Seu olhar demonstra preocupação, meu expediente esta chegando ao fim, mas sei que vou passar do horário por não ter terminado de fazer tudo que gostaria de ter feito.

O telefone toca, fazendo com que a Marina puxe a mão, soltando a minha, se assustando ao toque. Atendo e sou informada que chegou uma encomenda pra mim, estranho, pois não estou esperando nada, além do que nunca coloco o endereço do escritório, sempre vão para meu apartamento.

Desço rapidamente, com a Marina na minha cola. Chego a balconista e ela me aponta uma grande caixa num canto. Ando até a caixa, olhando desconfiada, não vejo nada além de meu nome escrito diretamente na caixa, não há remetente. Olho para a recepcionista em busca de informação.

- Não tem remetente - ela dá de ombros - Quem deixou isso aqui?

- Não deixou nome, apenas deixou isso ai com seu nome e saiu - olho ao redor, buscando algo - Mas parece ser pesado.

Pego na ponta do papelão e puxo, e por ter puxado um pedaço de papel branco, contrastando com o caramelo do papelão chama minha atenção, pego o papel e meu nome está escrito em cima, desdobro para ver o que há em seu conteúdo.

Presente pra você, vadia! Por ter se metido onde não foi chamada. Sabe a Marina que está com você? Aproveita bem os serviços dela enquanto pode, ela é a melhor, e ninguém sabe o dia que ela pode sumir novamente.

Não sei exatamente qual foi minha reação, mas sinto o braço de alguém me envolver, sinto que meus joelhos não podem mais me aguentar, e estou com medo de abrir a caixa. Logo meus olhos procuram a Marina, a puxo para junto de mim, sem querer que ela não esteja longe da minha vista por um segundo sequer, ela parece não entender o que esta acontecendo. Faço ela segurar a barra da minha blusa enquanto vou abrir a caixa, ainda que receosa, penso no que possa haver dentro.

Tiro uma caneta do bolso e rasgo a fita adesiva que envolve a caixa, abro lentamente, e para minha surpresa e choque, vejo a Jade, não sei se ainda está viva, ela está toda ensanguentada apenas de calcinha e sutiã. Rasgo a lateral da caixa o mais depressa possível e o corpo dela cai, apoio sua cabeça em meu colo, sei que agora todos estão me olhando, coloco meus dedos em seu pescoço e sinto a pulsação, ainda que fraca, mas me sinto aliviada.

Levanto o olhar e noto a Marina parada de pé ao meu lado, os olhos vidrados na Jade, expressão assustada, a respiração acelerada, sua mão treme visivelmente. Avalio se ela tem algo muito grave e vejo que seu braço está quebrado.

- Me ajuda a por ela em meu carro - peço gritando ao rapaz boquiaberto ao lado da Marina, ele age de imediato, pega a Jade no colo e digo a ele onde meu carro está, pego a Marina pela mão e saio correndo atrás do rapaz que vai rápido a frente.

Coloco a Marina sentada ao meu lado e a Jade no banco de trás, o mais imobilizada possível, e vou direto para o hospital mais próximo. Logo que a Jade é levada, fico aguardando noticias dela na sala de espera, junto com a Marina, ela parece em choque, puxo-a para próximo a mim, a abraçando. Os policiais chegam, fazendo com que a Marina me use como escudo, respondo tudo que eles perguntam o mais honesta possível, eles vão embora e eu continuo ali. Não sei quanto tempo a mais passo ali, o medico da Jade me diz para ir pra casa que amanhã ele pode me dar todas as informações. Finalmente olho a hora e já passa de 1:30 h da manhã.

Levo a Marina comigo, só noto o quão cansada estou quando chego em casa.

- Você vai dormir comigo - aviso a Marina, pensando no que havia escrito no bilhete "Ninguém sabe o dia que ela pode sumir novamente". 

Ela me olha desconfiada mas não fala nada, entro no meu quarto logo atrás dela, não falamos nada no caminho de casa, ela já estava em choque, e eu estou entrando agora. A imagem da Jade ainda me apavora. 

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⏰ Última atualização: May 24, 2017 ⏰

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