Ciúmes?

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Passei parte da noite em claro, depois que ela apagou, sua temperatura subiu muito, e tentei fazer com que ela não ficasse pior, por sorte, ainda sei fazer algo para que a temperatura baixe.

Por pior que esteja, sua aparência permanece intacta. Ela praticamente dorme em meu colo a noite toda, e por ficar tão quieta, me assusto pela manhã ao pular da cama, correndo em direção ao banheiro.

Coloca-a na cama pelo resto da manhã, ela está pálida, e só levanta ao ouvir o som da campainha tocando. É a comida que pediu por telefone.

No decorrer do dia, pouco nos falamos, ao se sentir melhor ela vai trabalhar, me deixando de frente a tv, mas minha atenção fica entre ela no seu computador e a tv a minha frente.

Sinto o cansaço me atingir, meus olhos estão pesados, o sono quer me derrubar. Quando finalmente estou cochilando no sofá, a campainha toca me despertando.

A Anne levanta e vai atender, logo ela está nos braços do namorado, que parece está lhe engolindo, não sei porque mas isso me incomoda.

Ele só a solta quando ela sussurra algo em seu ouvido, deixando-a livre para vir até mim. Fala comigo e me abraça me desejando boa noite, saio da sala e vou para o quarto onde dormi o primeiro dia.

Antes de deitar, vou ao banheiro, ao sair do quarto, os vejo de lado se beijando, ele a puxando para mais perto, como se isso fosse possível, fazendo-a ficar de costas para onde estou, sei que ele viu que eu os observava, mas ele continuou com as mãos percorrendo todo o corpo dela, parando em sua bunda e apertando-a, isso me causa uma repulsa.

Tiro a vista daquela cena e vou ao banheiro, sem pressa alguma. Ao sair, vejo-os entrando no corredor, mas desta vez nenhum deles nota que estou ali. Ele parece disposto a engoli-la, pois aquilo é algo que de maneira alguma chamaria de beijo.

As pernas da Anne estão ao redor da cintura dele, ela já está sem sua blusa, deixando amostra sua pele branca em contraste com o sutiã de renda preto.

Os braços dela ao redor do pescoço dele, enquanto ele a sustenta pela bunda e a impressa na parede fazendo-a soltar um gemido involuntário. Sentindo que estou prestes a vomitar, entro no quarto, não querendo ver, nem muito menos ouvir.

O modo como ele a beija e a toca me causa repulsa, sei que a imagem dela passa algo, como ser forte, que não se importa com as coisas, mas no fundo sei que é delicada, que se importa sim, que ela não o ama e só faz isso para satisfaze-lo.

Deito tentando afastar todos esses pensamentos, querendo relaxar um pouco antes de finalmente dormir. Fico olhando para o teto, antes de finalmente deixar meus olhos se fecharem.

Abro os olhos novamente e, onde estou? Que lugar é esse? Quem é esse vindo na minha direção? Eu estou ofegante, algo de ruim vai acontecer, eu sinto.

Logo sou jogada de lado, pelo tapa que recebo no rosto. O ouço gritar comigo, estou muito assustada.

- Você vai fazer de novo? – ele ainda me bate e me empurra – Vai?

Balanço a cabeça negando, mesmo sem saber do que está falando, só quero que pare de me bater. Meu coração parece querer sair por minha boca. Ele me puxa pelos cabelos e me arrasta, me jogando na cama, tá mais pra um colchão velho no chão. Ele desabotoa a calça, sei o que vai acontecer comigo e fico agitada querendo sair dali.

- Ei – ouço chamar, mas não quero olhar – Ei – chama novamente, me balançando, segurando meus ombros, sinto que está em cima de mim e tento empurrar.

- Kate – a voz sai num sussurro desesperando.

Só uma pessoa me chama assim. Abro os olhos lentamente ainda temendo, parando de me debater, viro o rosto a procura de quem me chama. Vejo a Anne sentada em cima de mim ainda segurando minhas mãos, a expressão assustada e preocupada.

- Shhh – ela me abraça apertado, sentada no meu colo. Deixo minha cabeça apoiar na curva de seu pescoço, passo os braços ao redor de sua cintura – Calma – sei que fala isso por eu ainda estar chorando e ofegante – Foi só mais um pesadelo – diz segurando meu rosto entre suas mãos, prendendo meu cabelo atrás da orelha.

Só agora noto que está com a camisa que o Ryan estava quando chegou. As penas nuas dobradas ao meu lado, a blusa mal abotoada mostrando parte do sutiã. Ela nota que vi, já que seu rosto fica vermelho e ela sai de cima de mim. Deita ao meu lado.

- Vem.

- Não – falo observando-a abotoar a blusa – Seu namorado está aí.

Ela entroncha a boca, desconsiderando o que falei – Vou dormir aqui de qualquer maneira.

Deito ao seu lado, deixando minha cabeça apoiada em seu ombro, o nariz encostado em seu pescoço, sentindo seu cheiro. Fecho os olhos, mas não durmo de imediato, sinto a mão dela afagar meus cabelos, tenho uma boa sensação, como de uma criança.

Telhado de VidroOnde histórias criam vida. Descubra agora