Cuidando de mim

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Acordo de um pesadelo terrível, vejo a Anne em minha frente tentando controlar minha agitação.

Baixo minhas defesas por um momento e a abraço, por tempo suficiente para sentir algo bom vindo dela, sinto seu perfume, o que me faz lembrar algo ainda não exposto em minha mente e sinto minha esperança renovada e poder lembrar de tudo que me aconteceu.

Ouço o som da campainha, sabia que alguém viria mais cedo ou mais tarde. O que fazer? O que ela vai fazer? Me esconder, me mandar embora? São pensamentos que me ocorrem.

-Calma – diz segurando minhas mãos – Vou atender a porta, e você fica aqui, okay?

Aguardo que volte, sozinha de preferência. Fico andando de um lado para o outro, começo a me preocupar em ser um de seus vizinhos que tenha me visto com ela entrando mais cedo. Mas porque estou me preocupando tanto?

Ouço passos no corredor e logo sei que não está só, tento ficar o mais natural possível, mas estou com medo. O sentimento que está comigo desde que lembro. Vejo a porta se abrir, ela é a primeira a entrar e vejo que um homem bem vestido vem logo atrás carregando uma maleta.

- Este é o Dr. Rimes, ele vai te examinar.

- Oi... Desculpa, não sei seu nome – fala com a mão estendida para mim.

- É Kate – intervém Anne.

- Kate, prazer, vamos lá – ele se aproxima, me analisando – Ela é o que sua senhorita Holland?

- Anne, me chame de Anne. Ela é minha... irmã.

- O que aconteceu senhorita Kate?

- Ela caiu da escada – toma a frente mais uma vez.

O clima está tenso, ou ao menos a Anne está tensa, ela não sai um segundo sequer enquanto ele está me atende, está sempre por perto, olhando, o que só percebo depois é que está me avaliando, ela esperava o que mim? Que ficasse agitada com a presença do médico? Provavelmente, por ser ele alguém que nunca vi, e por ter tido tanto medo quando me encontrou.

A consulta acaba, a vejo sair para deixar o médico na porta. Ele me fez curativos, disse que deveria ir assim mesmo a hospital e sei que não aceitou bem a resposta da Anne, sobre eu ter caído de uma escada. O que me intrigou foi ela dizer que sou sua irmã, por que fez isso? Penso em lhe perguntar, mas se perguntar tudo o que vem em minha cabeça, irei ficar parecendo uma criança, que tem pergunta para tudo.

Distraída com meus pensamentos, olhando a decoração do quarto, vejo fotos nas quais reconheço apenas a Anne. Ao virar, vejo que me observa da porta.

- Ele me passou uma lista de remédios pra você. Vou compra-los após o almoço. – continuo em silêncio – Vamos almoçar.

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