t h i r t e e n

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Johnny tinha olheiras profundas debaixo dos olhos, seus cabelos pareciam sujos e suas roupas também. Ele não expressava nada, além de cansaço, e isso fez com que Ten se preocupasse com seu estado físico e mental, e a culpa veio lentamente.

— Sério, estou atrapalhando? Se quiserem eu posso sair, sem problemas.

Até sua voz parecia cansada, como se ele tivesse gritado por um dia todo.

— Você está bem, Johnny? — perguntou Ten, engolindo em seco. — O que aconteceu com você?

— O que você acha? Você me largou aqui, pra cair nos braços desse playboy de merda, que só te traz problema, e quer que eu fique bem? 

— Você me traiu! Com o Jaehyun! Na nossa cama!

— Eu fui enganado! Igual você está sendo agora!

— Enganado fui eu, Johnny. Eu estava lutando com meus sentimentos, tentando continuar com a nossa vida! Há quanto tempo vocês estavam juntos? Aposto que adorou gemer pra ele enquanto eu estava sendo feito de otário! — agora Ten gritava, as palavras sendo cuspidas sem filtro nenhum.

— Jaehyun me enganou, Ten, ele me fez acreditar que você é que estava me traindo, que você ainda sonhava com Taeyong, e eu fiquei com raiva, quis dar o troco. Eu confiei e... perdi você...

— Ten, vamos embora... — pela primeira vez Taeyong se pronunciou, tentando manter o tom de voz baixo.

— Eu nunca faria isso com você, Johnny. Eu te amava de verdade, e eu achava que você também, fiz de tudo para me afastar de Taeyong pra viver com você, e veja, o que isso me custou? Um belo par de chifres.

— A culpa não foi minha, aposto que esses dois fizeram isso juntos. Agora vai embora e me deixe aqui, vai ser feliz enquanto pode, depois não diga que eu não avisei.

Ten pegou sua mala, e antes de se retirar do quarto deu uma última olhada em Johnny.

— Você vai ficar bem? — perguntou o tailandês, com uma voz acolhedora.

Johnny respondeu com um sorriso fraco.

— Não se preocupe, pode ir tranquilo.

— Qualquer coisa, você tem o meu número.

E assim foi o término de um grande amor, do qual ambos eram muito gratos por terem vivido, pois sem ele, não teriam amadurecido o suficiente para enfrentar o que viria a seguir.


+++


— Tá tudo bem? — perguntou Taeyong, assim que eles saíram do prédio.

— Sim, eu só fiquei meio... surpreso.

— Quer ir comer em algum lugar?

Ten sorriu, e o beijou brevemente. Os dois foram até a lanchonete que haviam conversado semanas atrás, dessa vez com o clima completamente diferente. Sentaram-se lado a lado, Taeyong repetiu seu pedido de hambúrguer com queijo extra e suco de melancia, já Ten pediu uma porção de batatas com refrigerante, não estava com tanta fome depois do que havia acontecido.

— Ten, me diga a verdade — Taeyong chamou a sua atenção, com seu semblante preocupado. — Você não ligou para o que o Johnny te disse, não é?

— Não, claro que não — respondeu o garoto. — Só não gostei de vê-lo daquele jeito, ele sempre é tão cuidadoso consigo mesmo, saber que eu o deixei assim me deixa tão...

— Não foi você que o deixou assim, foi ele mesmo com suas mentiras. O remorso que ele sente o deixou assim, e eu tenho certeza que ele adorou que você o visse assim, para que você tivesse pena dele. Ele e Jaehyun foram sujos demais, eles tem que pagar pelo o que fizeram com a gente.

— Tae, você gostava do Jaehyun? Como eu gostava do Johnny?

Taeyong franziu as sobrancelhas, e olhou para longe.

— Eu tinha muito afeto por ele, sim. Não era amor, eu sabia disso, mas tinha algo entre nós que é difícil de explicar. Pensei que ele também sentia isso, mas com toda essa história... prefiro ficar com quem me ama.

Ten sorriu, segurou a mão pálida de Taeyong e a beijou suavemente. Os pedidos haviam chegado, e Taeyong viu o quanto estava com fome. Mas assim que pegou seu hambúrguer, seu celular tocou, e o nome no visor não o deixou feliz.

— Preciso atender, tudo bem?

— Claro, pode ir — disse Ten, com a boca cheia de batata frita.

Taeyong saiu da lanchonete, se afastando o máximo que pode para que Ten não ouvisse nada, e então atendeu a ligação.

— O que você quer Jaehyun?

— Passou um dia com o Ten e já está cheio de ignorância pro meu lado? Esse garoto mexe mesmo com você.

— Eu não tenho tempo, diga logo e depois suma.

— O que aconteceu, hein? Eu fiz o que a gente combinou, por quê está tão bravo?

— Não combinamos isso, não era pra você transar com o cara! Você me traiu, Jaehyun.

— Você me disse que era pra separar os dois, não é? Pra fazê-los sofrer, sem dó. Eu só usei das armas que tinha...

— Jaehyun, eu gostava de você, não como eu gosto do Ten, mas eu achei que tínhamos alguma coisa! Você não podia ter feito isso comigo, você me magoou — Taeyong se segurava para não atravessar o telefone e socar Jaehyun. — Agora por favor, suma da minha vida, não quero te ver nunca mais.

 Taeyong desligou e respirou fundo, depois bloqueou o número de Jaehyun e voltou para o restaurante. Ten estava sentado no mesmo lugar, a porção de batatas havia sumido, e o hambúrguer tinha uma pequena mordida.

— Desculpe, eu achei que não estava com tanta fome assim — disse, um pouco envergonhado.

Taeyong sorriu, se sentou ao seu lado e o beijou. Era um alívio enorme poder estar com o garoto dos seus sonhos.

— Não tem problema, eu peço outro para a viagem.

— Quem era no telefone?

— Jaehyun — disse Taeyong, respirando fundo.

— E... o que ele queria?

— Não sei, não o deixei falar. Apenas disse tudo o que tinha pra dizer e desliguei.

— Vocês terminaram? — Ten se sentia uma criancinha dizendo aquilo, mas não tinha como evitar, estava com medo daquilo.

— Terminamos. Agora posso ficar com você, e só com você.

Dessa vez, era o telefone de Ten que interrompia a conversa. Ele o pegou do bolso, deu um sorriso ao olhar a tela e atendeu.

— Oi, Yuta. Tá tudo bem? — ficou em silêncio por alguns segundos, depois disse: — É claro que vou, deixa eu perguntar se o Tae quer ir também...

Taeyong ouviu um ruído forte, e Ten afastou o celular do ouvido. Taeyong riu.

— Quer parar com o escândalo? Sim, ele está comigo, depois explico, espere — Ten afastou o celular mais uma vez. — Quer ir na casa do Yuta agora? Fica bem perto daqui. 

Taeyong fez um sinal positivo, mastigando seu hambúrguer.

— Já estamos indo, só mais dez minutos... ok, vinte. Vamos levar comida, gostam de suco de melancia?

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