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Fugir era só o que Ten sabia fazer. Ele fugia de Taeyong na faculdade, fugia de seus sentimentos, e ultimamente, fugia até mesmo de Johnny. Desde o beijo que trocara com Taeyong há algumas semanas, o tailandês se viu numa encruzilhada, confuso demais para ver uma solução. Todas aquelas emoções escondidas a anos vieram a tona com um simples toque, um simples olhar, e aquilo estava o matando.

Ten via que Johnny fingia não perceber, mas a distância que eles mantinham um do outro era gritante. Palavras frias, gestos vazios, era tudo o que recebiam. Era muito doloroso aquela situação para ambos, mas Johnny continuava a dizer que nada havia mudado, uma bela mentira. Ten tinha medo do que Johnny podia estar sentindo, pensando ou planejando fazer. Tinha medo até de seus próprios pensamentos de vez em quando.

Apesar de tudo, Ten não se deixava abalar. Mergulhou nos estudos, adiantando muitas coisas do seu TCC, e acabou por conclui-lo antes do tempo previsto. Geralmente ele ficava até tarde na faculdade para terminar o trabalho, e na mesma tarde em que terminou, resolveu voltar mais cedo para casa. Tinha decidido, não deixaria seus sentimentos por Taeyong atrapalhar sua relação com Johnny, muito pelo contrário, iria tirar todas aquelas coisas de seu coração e iria jogá-las fora. O garoto nunca mais iria incomodá-lo novamente.

Antes de chegar em casa, passou no mercado para comprar algumas coisas para preparar o prato favorito de Johnny. Iria fazer um jantar simples, fazer com que os dois voltassem a ser o que sempre eram. Comprou também um pequeno buquê de tulipas, para deixar o ambiente mais bonito. Ten era só sorrisos, só de pensar em Johnny o tailandês sentia boas vibrações em seu coração. Tinha certeza absoluta que ele era o homem da sua vida.

A primeira coisa que notou quando abriu a porta, foram os sapatos. Johnny sempre usava sapatos caros, mas não tinha o costume de acumular eles pela porta. Ten deixou as compras e o buquê na mesa e pegou os dois pares de sapatos para guardá-los. Quando adentrou no quarto, largou os sapatos no chão, sem forças diante a cena que viu.

Era Johnny, junto de Jaehyun. Ambos nus, com Johnny a ser fodido de quatro pelo outro.

Assim que viu Ten parado na porta, Johnny saiu rapidamente da cama, procurando alguma roupa para se cobrir. Jaehyun era só sorrisos.

— Ten! Meu amor, me deixe explicar...

— Explicar o quê, Johnny? — disse Ten, com tristeza na voz. Não gritava, não fazia nada, a não ser encarar a cena de coração partido. — Não tem nada para explicar. Finjam que nunca estive aqui, continuem, por favor.

— Ten, por favor...

— Não, Johnny. Não.

Ten saiu correndo daquele prédio, e só parou quadras depois para vomitar. Se permitiu chorar então, liberando tudo aquilo que estava preso dentro de si. Como era estúpido! A criatura mais idiota do planeta, não era possível. Estava tudo diante dos seus olhos, como era cego...

Seu celular não parava de tocar, com várias e várias ligações de Johnny. Ele pegou o aparelho, não para retornar a ligação, mas para ligar para um número muito bem conhecido por ele.

— Me diga... — disse, entre soluços. — Ainda mora no mesmo endereço?

+++

— Ten... Meu Deus, o que aconteceu?

O tailandês adentrou a casa de Taeyong rapidamente, ainda chorando. Se sentou no sofá e abraçou as pernas, numa tentativa falha de se acalmar.

— Você... Você...

— Eu o quê?

— Sabe onde Jaehyun está?

— Ele disse que iria visitar a mãe... — respondeu Taeyong, confuso. — Porquê quer saber?

— Porque ele está agora mesmo no meu apartamento fodendo com o meu namorado! — dessa vez Ten gritou, deixando finalmente transparecer a raiva.

Taeyong o encarou, numa expressão de espanto pura. Enquanto Ten tentava manter a calma, o garoto sentou ao seu lado, incrédulo.

— Jaehyun... Com Johnny... Eu já deveria saber... Ele estava muito estranho essas últimas semanas, muito distante...

— Johnny estava assim também, mas eu achei que era passageiro. Iria fazer um jantar pra ele, iríamos ver um filme, eu iria fazer ele esquecer tudo isso...

Ten retornou a chorar, e Taeyong o puxou para um abraço, com algumas lágrimas escorrendo pelo rosto. Um consolando o outro, em silêncio, apenas sentindo a dor de serem traídos por quem amam.

— Vem, vou levar você até o banheiro. Tome um banho, vai melhorar — disse Taeyong, após longos minutos de silêncio.

Sem protestar, Ten o acompanhou. Estava completamente fraco e se sentindo inútil, insuficiente. Taeyong o deixou no banheiro, e foi buscar roupas mais limpas para o tailandês vestir. Enquanto a água quente caia sobre seu corpo, Ten deixou escapar mais algumas lágrimas. Estava cansado de chorar, só queria algum conforto.

Saiu do banho, e a pequena pilha de roupas o esperava no quarto de hóspedes. Taeyong disse para que passasse a noite ali, e que qualquer coisa podia chamar algum empregado da casa. Vestiu as roupas, sentou-se na cama e ficou olhando para o enorme quarto branco. Não aguentando mais aquela solidão, saiu sorrateiramente do lugar, procurando por Taeyong. O encontrou em seu quarto, encarando o teto deitado em sua cama. Parecia ainda não acreditar no que havia acontecido, numa espécie de estado de choque.

— Taeyong? — chamou baixinho.

O garoto se levantou rapidamente, o encarando com a mesma expressão que encarava o teto.

— Será que posso ficar aqui com você?

Taeyong sorriu.

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