f i v e

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Seu coração disparou.

Depois de todos aqueles anos, Taeyong não sabia que ainda podia sentir o seu coração disparar ao ver Ten novamente. Por ele, o sentimento já estava morto e enterrado, mas bastou um olhar para reviver tudo novamente. Mas pelo menos seu talento para a atuação era impecável, pois sustentava um sorriso debochado, como se estivesse adorando a situação.

— De todas as pessoas que vivem aqui, nós tínhamos que encontrar o casal mais fofo de Seul no nosso primeiro dia retornando ao lar? — disse Taeyong, rindo ironicamente.

— Acho que vamos ter que competir com vocês dois, não é mesmo? — rebateu Ten. Não havia mudado em nada, nem no deboche.

Johnny pigarreou, e os encarou. Taeyong não podia ver, mas tinha certeza que Jaehyun estava vidrado em seu pequeno brinquedinho do passado.

— Não sabiam que iam voltar tão cedo — disse o americano, com uma falsa cortesia.

— Resolvemos voltar um pouquinho cedo, as coisas aqui estão bem... interessantes — respondeu Taeyong.

— Venham! Vamos para uma mesa maior! — Jaehyun se levantou, indicando uma mesa no canto do restaurante. — Precisamos colocar a conversa em dia.

Johnny fez menção de se levantar, mas Ten segurou seu braço. O silêncio reinou por alguns instantes, enquanto o tailandês tentava convencer o namorado com o olhar de que aquilo não era uma boa ideia. Talvez não fosse mesmo, mas Taeyong não ligava nem um pouquinho.

— Ah, vamos Ten, uma conversa rápida, só para matar a saudade, que tal? — sugeriu Jaehyun, sorrindo.

— Vamos, TenTen — disse Johnny, baixinho. — Vai ser rápido.

Ah, Johnny e sua educação de dar inveja em qualquer professor de etiqueta. Ele havia esquecido o quanto sentia raiva daquilo.

Sentaram os dois casais, Johnny na frente de Jaehyun e Taeyong na frente de Ten. Podia ver o quanto ele estava incomodado com a situação, e segurava discretamente a mão do namorado por debaixo da mesa. Taeyong quase sentira pena, mas se lembrou que não podia ter quaisquer sentimentos para com o garoto. Apesar de amá-lo, não queria se envolver novamente com ele, já sofrera demais.

Por uns bons minutos, os quatro ficaram no silêncio, até o garçom chegar para anotar os pedidos. Pediram uma garrafa de vinho, do mais caro, pois seria Taeyong que pagaria a conta — ele fizera questão de pagar. Assim que pôs a taça aos lábios, resolveu puxar a conversa.

— Então, demoraram quanto tempo para ficarem juntos?

— Ah, nós...

— Faz uns quatro anos — respondeu Johnny. — No primeiro ano da faculdade.

— Sério? Ah, que fofo! E como foi isso?

— Taeyong, não seja cínico. Você não está nem um pouco interessado nisso — disse Ten, rispidamente.

— E por que não estaria? Ao contrário de você, eu tenho um coração, e gosto de histórias românticas. Sabia que no ensino médio eu me apaixonei por ele? — Taeyong se virou para Johnny, tomando mais um gole da taça. — Não vou mentir, eu sofri demais, mas até que foi bom, sabe? Aprendi que estou melhor sozinho, então fiquei viajando por aí, sem rumo, até encontrar alguém que realmente me queira.

Ao terminar de pronunciar suas palavras, Jaehyun sorriu e segurou a mão de Taeyong, que lhe beijou ternamente nos lábios.

— Estamos juntos há três anos — disse Jaehyun. Era mentira, seu relacionamento não passava de uma amizade com benefícios, mas ambos estavam se aproveitando da situação. — Me desculpe Ten, mas não sabe o que perdeu.

O tailandês não dizia nada. Encarava sua taça de vinho intocada, com ódio em seu olhar. Johnny, se vendo sem saída, se levantou rapidamente, puxando o namorado.

— Desculpe, mas precisamos ir. Estamos cheios de trabalhos da faculdade e...

— Tudo bem cara, podem ir. Toma, ligue pra gente quando tiverem mais tempo, vamos sair, se divertir!

Taeyong entregou um pedaço de papel com seu número, e Johnny o guardou no bolso. Se despediu brevemente, arrastando Ten consigo.

A última coisa que Taeyong viu, foi uma lágrima escorrendo da bochecha de Ten.

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