s e v e n

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Enquanto assinava os papéis, Taeyong tremia de excitação. Estava prestes a se matricular no curso de artes visuais, algo que amava de paixão, na mesma faculdade que Ten e Johnny estavam. Jaehyun também iria se matricular, porém no curso de cinema. A partir daquele dia, veria Ten todos os dias ao cruzar os corredores, e ele não teria desculpas em ignorá-lo. Estava pronto para fazê-lo sofrer em suas mãos, assim como ele tinha feito consigo anos atrás.

O reitor da universidade disse que designaria um veterano para mostrar o campus a Taeyong, e enquanto o mesmo aguardava, conversava com Jaehyun. Ele ainda tinha algumas questões para resolver, e só se matricularia na semana que vem. Como estavam no começo do semestre, não havia tanta pressa. Esperaram quatro anos para ingressar numa faculdade, alguns dias a mais não fariam falta.

— Senhor Lee, me acompanhe por favor.

Taeyong seguiu o reitor até um corredor, onde coincidentemente estava Ten. O tailandês sorria, mas assim que o viu, seu sorriso se transformou numa careta.

— O Sr. Chittaphon é um dos nossos melhores alunos da universidade, e o número um do curso de publicidade. Ele vai te mostrar como tudo funciona por aqui. Boa sorte, Sr. Lee.

Assim que o reitor dobrou o corredor, Ten disparou:

— Sério? Não tinha um truquezinho mais baixo, não?

— Não tenho culpa se em toda Seul só há uma faculdade com o curso que quero. Nem tudo gira ao seu redor, Ten.

— Mas tudo gira ao seu redor, não é? Vamos logo acabar com isso.

Ten lhe mostrou as salas daquele bloco, o auditório, o enorme teatro, os refeitórios e a parte externa, que continha um enorme gramado, o restante dos blocos de salas e a área de esportes. Publicidade e artes visuais compartilhavam o mesmo bloco, ou seja, ambos se veriam o tempo todo.

O tailandês fez de tudo para aquilo acabar o mais rápido possível. Fazia cara feia a cada pergunta de Taeyong e andava o mais afastado possível dele. Taeyong achava tudo uma gracinha. Era fofo o jeito que Ten estava irritado, e era mais fofo saber que em pouco tempo ele estaria caindo de amores por ele.

— Bom, é isso — disse Ten, batendo as palmas das mãos. — Boa sorte e tudo o mais e vê se me esquece.

— Não esqueci por quatro anos, acho que vai ser difícil, hein?

— Deixe de ser cínico. Passou esse tempo todo fodendo com Jaehyun, não venha com essa de cara apaixonado, parei de acreditar em você.

Taeyong o encarava, com um leve sorriso sarcástico. Se aproximou lentamente, e Ten se afastou de imediato.

— Você precisa parar de tirar conclusões precipitadas — respondeu, cruzando os braços.

— Ah, por favor Taeyong...

— Estou falando sério, Ten. Você nem ao menos tentou conversar comigo, saber sobre esses anos que passei fora. Por que não vamos almoçar juntos? Eu pago.

Ten permaneceu em silêncio, enquanto ponderava a proposta. Queria recusar, mas algo dentro dele queria saber, queria perguntar se em algum momento desses anos, Taeyong pensou nos momentos que estiveram juntos.

— Pode ser, mas não preciso que pague nada pra mim. No refeitório, depois da aula, pode ser?

— Claro — respondeu Taeyong, com um sorriso. — Como quiser.

+++

Taeyong avistou Ten sentado em uma das mesas, e acenou. Estava com sua bandeja em mãos, pegando a sobremesa, enquanto Ten quase terminava seu almoço. A sobremesa era sua favorita, gelatina de cereja.

Ele não usava mais somente roupas vermelhas, depois de um tempo viu o quanto era ridículo, mas ainda usava alguma camiseta combinada com calças pretas, como o que estava usando naquele momento. O vício em doces de cereja não passou, e ainda carregava chicletes consigo.

— Tanta fome assim? Pra onde isso vai? — perguntou Ten, vendo a bandeja cheia de Taeyong.

— Pro meu pau que não é, até porque ele já tem um tamanho suficiente, não é? — respondeu Taeyong, rindo.

— Ok, sem gracinhas. Sabe muito bem que não gosto delas.

— Você adorava, admita. Aposto que estava morrendo de saudades dela, assim como de mim.

Ten revirou os olhos, cruzando os braços.

— Até parece — mas Taeyong conseguiu ver um sorriso no canto de seus lábios.

O tailandês observava Taeyong comer, enquanto tomava seu refrigerante. Ele fez um gesto com as mãos quando estava com a boca cheia, como se dissesse para Ten não o esperar. Poderia conversar com ele enquanto comia.

— Quer saber como eu fiquei depois que você foi? — perguntou Ten. Parecia idiota perguntar aquilo, mas foi a primeira coisa que veio em sua mente.

Taeyong fez um sinal positivo.

— Eu fiquei bem mal, Taeyong. Mal mesmo. De chegar a tomar remédios, que aliás tomo até hoje de vez em quando. Foi triste demais te ver ir, me destruiu, e eu me agarrei a ideia de que você iria voltar. O tempo passou, acabei me aproximando de Johnny, mas ainda não conseguia te esquecer. Foi muito duro, mas quando eu vi que você não ia voltar, eu desisti. Desisti de ficar esperando por algo que eu não teria de volta, e acabei me apaixonando pelo Johnny. Pela primeira vez depois que você se foi eu estava feliz, e agora você volta. E acompanhado. Como acha que eu me senti? Não tem como dar pulos de alegria com isso, Taeyong. Você foi insensível, e um puta de um babaca.

Naquele ponto, Taeyong havia parado de comer, deixando sua fatia de pizza pela metade. Era doloroso demais ouvir aquelas palavras.

— Olha, Ten, eu sinto muito. De coração.

— Pare de mentir...

— Estou falando sério — Taeyong pegou a mão de Ten que estava em cima da mesa, e o mesmo o encarou severamente. — Não era minha intenção te fazer sofrer, eu só precisava de um tempo. Estava confuso e triste demais, queria ver o mundo antes de tomar alguma decisão. E eu iria voltar, mais cedo do que pensava. Mas aí eu me encontrei com Jaehyun... E você estava com Johnny... Senti que não era hora de voltar. Isso também me magoou, sabia? Eu estava lá, pronto pra voltar pra você, pensando na surpresa que faria, e então você começa a namorar com ele? Foi demais para mim. Você se pergunta se eu estive pensando em você? Eu não parei um segundo sequer, Ten. Você sempre esteve na minha mente, até quando eu não queria.

O silêncio pairou pela mesa. Ambos se encaravam, e Taeyong ainda segurava a mão de Ten com força. Estava tão entretido com seus olhos que não percebeu que Ten segurava firme sua mão de volta.

— Acho que nós dois devemos desculpas um ao outro, não acha? — disse Taeyong, baixinho.

— Eu... Eu... Preciso ir. Johnny está me esperando.

— Claro, vá com o seu namorado — Ten engoliu em seco ao perceber a amargura na voz de Taeyong. — Ainda tem meu número, não é? Me ligue, caso queira conversar mais. Quero muito ser seu amigo, Ten. De verdade.

Ten se levantou, pegou sua bolsa e ajeitou a cadeira no lugar.

— Tenho seu número gravado em minha cabeça faz anos, Taeyong.

E se foi.

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