(10) Barganha

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~Sunagakure, 12 horas antes~

Os olhos esmeraldinos ainda estavam turvos quando Sakura começou a lembrar de tudo que havia acontecido nas últimas horas. O odor que exalava das paredes mofadas lhe davam ânsia de vômito e o aperto da corda que mantinha seus pés amarrados deixava a pele de seu tornozelo vermelha. Fios de seu cabelo rosado grudavam na testa suada, o sol escaldante aquecia demasiadamente o cômodo abafado. Mesmo com a garganta seca, Sakura aproveitou que a mordaça havia caído de sua boca e gritou por socorro.

Suas últimas lembranças eram de fazer a pele se arrepiar, a mão direita enfaixada depois de ser atingida de raspão pelo tiro ardia dolorosamente. Aconteceu tudo rápido demais, ela nem tivera tempo de lutar contra o sequestro, fora pega totalmente desprevenida. Estava atônita com a notícia da gravidez quando teve a casa invadida pelo ex-namorado e um de seus capangas. A bala atingiu o celular e, consequentemente, sua mão também foi ferida. Depois foi forçada a entrar pacificamente no carro dos bandidos, sendo ameaçada de novo por uma arma de fogo. Dentro do carro foi mais rápido ainda, uma substância estranha foi injetada em seu braço e tudo começou a ficar distorcido até que ela apagou por completo.

Acordar completamente amarrada naquele lugar desconhecido lhe causava pânico, mas o silêncio também era assombroso. Enquanto entrava no carro, ouvira da boca de Sasori palavras como: "Eu disse que você ia me pagar, Cerejinha." e "Falei pra você me tratar bem." Mas, a verdade é que ela não fazia ideia de qual era o real objetivo do ruivo. Não até dado momento.

__ Olá! - Sasori adentrou o quarto com a expressão mais vitoriosa que ele conseguia forçar em seu rosto de marionete - Acordou cedo, Cerejinha. As outras meninas demorar quase 18 horas pra acordar depois da injeção. Você bateu um recorde!

__ O quê você quer comigo, seu desgraçado ?! - Sakura gritou e o ruivo continuou com o sorriso cínico nos lábios. Ela estava completamente imobilizada sobre um colchão velho no chão, Sasori se aproximou e agachou-se em frente à ela, enquanto um de seus capangas observava da porta.

__ Talvez eu te coma antes de te vender, mas nem acho que valha a pena. - ele desdenhou - Você faz parte da minha vingança, Cerejinha. E ainda vai me fazer ganhar muito dinheiro.

__ Eu não farei nada pra você, seu filho da puta! - Sakura lançou seu maior olhar de desprezo e cuspiu no rosto do ex-namorado - E não ouse tocar em mim!

O Sabaku manteve a expressão sarcástica, pediu um lenço ao homem parado na porta e o mandou amordaçar a rosada novamente - conseguiu depois de levar uma mordida. Após enxugar a saliva, que atingiu o canto do olho, Sasori olhou seu relógio de pulso e voltou-se para Sakura com um sorriso perverso.

__ Tá na hora de gravar um recadinho para o seu namorado.

~Delegacia de Konohagakure, agora~

Kakashi não mentia quando disse que dirigiria até o fim do mundo por Sakura, mas uma coisa o deteve antes que ele pudesse ligar o carro.

__ Você não pode sair por dirigindo feito um louco! - Sasuke berrou batendo no vidro do Impala. Kakashi revirou os olhos antes de sair do veículo.

__ O quê você quer que eu faça ? - brandou impaciente - Não posso sentar e esperar pra receber a notícia de que o corpo da Sakura foi encontrado!

__ De quê adiantará sair por sem a mínima pista sobre o paradeiro del... - a fala de Sasuke foi interrompida pelo barulho estridente da notificação.

O celular de Kakashi, que estava jogado no banco do passageiro, avisou sobre o novo SMS recebido. Um sentimento ruim esmagou o peito do prateado, ele sentou-se novamente atrás do volante e abriu o vídeo enviado por um número desconhecido.

__ Como vai, Hatake ? - iniciou a voz masculina. A imagem do vídeo estava focada nos sapatos da pessoa que segurava a câmera - Quero te propor uma barganha. - disse e a câmera mostrou a mulher de cabelos rosados imobilizada sobre o colchão.

__ Desgraçado! - o prateado gruniu atraindo a atenção de Sasuke, que continuava em pé ao lado do carro.

__ Se você ainda quiser ver essa vadiazinha viva, venha até Suna. - Sakura balançava a cabeça em negativa, os olhos verdes apavorados - Sua vida pela dela. Pegar ou largar. - o homem ditou e a rosada conseguiu tirar a mordaça da boca.

__ Kakashi! Não! - ela gritou e o vídeo foi encerrado com o riso soturno do homem.

Logo abaixo do vídeo estava uma mensagem com o endereço do imóvel e outro aviso:
"Nada de gracinhas. Venha sozinho ou ela morre antes que você chegue aqui."

[...]

Longas 4 horas de viagem se sucederam. O dia quase amanhecia quando Kakashi finalmente estacionou seu Impala 67 em frente à uma casa de dois andares que caía aos pedaços e era cercada por um enorme nada. Fizera um último carinho no volante do carro, esse que fora seu parceiro durante anos. Era um adeus.

O coldre fora esvaziado. Com o revólver em mãos, ele entrou na casa - a porta deixada aberta propositalmente. A baixa iluminação o deixou em alerta, tudo muito silencioso. Clima perfeito para uma emboscada. Kakashi percorria os olhos pelo local, a sala vazia, exceto por uma mesa de madeira, era estranhamente familiar. O silêncio foi interrompido por um grito vindo do andar de cima. Era Sakura, ele sabia.

A escada rangia a cada degrau subido. Seu coração batia valente contra o peito, desejando unicamente que Sakura ficasse bem. A primeira porta do segundo andar estava entreaberta, quase como um convite para morte. Com a arma preparada para um disparo, ele entrou no quarto, sendo recebido por uma visão que ele considerou ser parecida com o inferno - mesmo que nunca tenha ido lá.

Os lábios de Kakashi ressecaram tanto quanto os da mulher à sua frente. Era doloroso ver o rosto que já fora cheio de vida, agora, pálido e cansado. Ao lado de Kakashi encontrava-se um homem alto de aparência aquática – sua pele parecia azul se olhada com pressa – ele mirou um fuzil para o crânio do Hatake, que manteve o revólver apontado para o ruivo à sua frente, esse mantinha Sakura de joelhos à sua vanguarda. As mãos dela estavam amarradas atrás das costas e o cabelo era segurado firmemente, mesmo com as pernas livres ela não arriscaria se mover, visto que Sasori apontava uma pistola para sua cabeça.

__ Hatake Kakashi. É uma honra conhecê-lo. - o ruivo desdenhou - Será um prazer finalmente matar o assassino do meu pai.

Gomen - KakaSaku (em revisão) Onde histórias criam vida. Descubra agora