Mais uma vez, a mente de Sakura forjou cenas perturbadoras e sangrentas sobre o episódio que lhe usurpava a paz.
"Sasori desfigurava a face de Kakashi com socos, pontapés e coronhadas. O sangue do Hatake se acumulava sobre o tapete da sala de Sakura, seu abdômen era repleto de rombos causados pelos tiros de fuzil. De longe, ela podia ver a vida do seu namorado sendo ceifada. A dor no ventre à fez cair de joelhos sobre o tapete ensanguentado.
Sakura queria gritar, pedir socorro, fazê-lo parar, mas nenhum som saía de sua garganta. Seus dedos hesitantes constataram o sangue que escorria fortemente por suas pernas, levando embora seu filho e se misturando à mancha no tapete. O último soco dado pelo Sabaku fez o rosto de Kakashi virar-se em sua direção, ela fitou os orbes bicolores sem vida, completamente aterrorizada. Por fim, seu olhar esmeraldino cruzou com o castanho demoníaco dos olhos de Sasori, Sakura o viu sorrir perversamente ao disparar um tiro certeiro em sua testa."A rosada acordou, ofegante, sentando-se depressa sobre a cama. Secou as lágrimas com as mãos trêmulas e voltou a se deitar, agora, abraçando o próprio corpo em posição fetal. Mesmo já tendo se passado quinze dias desde o sequestro, seus pesadelos continuavam frequentes e agonizantes.
Depois que saiu do hospital, Sakura não quis voltar para seu apartamento, então ela passou os dias na casa dos pais, que moram no interior, buscando o aconchego da família. Kakashi ia visitá-la à cada dois dias, ela o notava aéreo e hesitante, até mesmo seus toques singelos denunciavam sua incerteza.Hoje porém, a Haruno não se deixou abater por medos que já foram dizimados, encorajou-se a sair da cama e abriu as cortinas, permitindo que o sol invadisse seu antigo quarto decorado por muitos tons de rosa, igual ao próprio cabelo. Vendo no relógio que já se passavam das 9h, saiu do quarto e, depois de passar no banheiro, rumou à cozinha, buscando a companhia da mãe. A mesa do café já havia sido retirada, mas isso não à impediu de preparar uma refeição reforçada dividindo o fogão com uma Mebuki radiante por ver a filha mais bem humorada.
Depois de se alimentar e conversar animadamente com a mãe, Sakura foi ao jardim no fundo da casa, onde o pai cuidava das flores com muito zelo. A cerejeira continuava ali, forte, florida e jovem, assim como Sakura deveria estar. A planta que inspirara seu nome, fora seu refúgio por muitos anos. Sua casa na árvore ainda permanecia ali, mesmo que caindo aos pedaços.
Sakura lembrou-se da sua infância e, por consequência, da criança que perdera. Recordou também do quão fútil foi o momento em que caiu da escada, nem ela mesma conseguia entender como aquilo aconteceu, mas, por causa daquela queda, perdera o bebê. Nem ao menos tivera tempo de celebrar o fruto do amor que sentia por Kakashi. Ela pôs uma mão sobre o ventre e, sem que notasse, derramou algumas lágrimas enquanto observava o vento balançar as folhas da cerejeira. Sentia-se nostálgica e triste, mas tinha esperanças de dias melhores.
O pai, que regava algumas plantas num canto do jardim, finalmente notou a presença e o choro da filha. Foi em direção à ela, envolvendo-a num abraço cheio de sentimentos e, também, alívio.
__ Depois da tempestade vem a calmaria, minha filha. – disse Hizashi acariciando os cabelos de Sakura.
__ Espero que sim, pai.
[...]
Ao cair da tarde, Kakashi foi visitar a rosada e ela decidiu que já estava na hora de voltar para o seu apartamento. Após ouvir, mais uma vez, as queixas de Mebuki e Hizashi sobre o que foi preciso que acontecesse para que Sakura finalmente apresentasse o namorado a eles, o casal pôde partir.
No carro, o silêncio foi abatido apenas pelas músicas reproduzidas pelo rádio e por umas poucas palavras que eles trocaram. Kakashi estava estranho, ocultando algo e Sakura não deixou passar despercebido.
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Gomen - KakaSaku (em revisão)
FanfictionKakashi e Sakura foram apresentados pelo acaso, um acidente fez com que eles se aproximassem e, juntos, eles começam a enfrentar o destino que trazia consigo inúmeros contratempos. Contém: sexo explícito, palavras de baixo calão, violência, menção d...