— Não acredito que deixamos Susana ficar! — Pedro exclamou.
Ele e os outros quatro já estavam devidamente acomodados nos assentos do trem, a caminho da casa do professor.
— Ela é adulta, Pedro, sabe bem o que está fazendo — Edmundo observou.
— Mesmo assim, eu me sinto péssimo por termos desistido de insistir.
— Não se culpe, foi ela que escolheu ficar — Noah interviu.
— Além do mais, acredito que enquanto há vida, há esperança — afirmou Anna. — Pode não ter sido hoje, mas um dia Susana virá a se lembrar, eu creio de verdade nisso, porque uma rainha de Nárnia não perde sua majestade tão fácil assim.
— Ela nunca se esqueceu de Nárnia! Não percebem? Se isso tivesse mesmo acontecido, acham que seria capaz de dizer ter sido tudo nossa imaginação? — Lúcia expôs, iluminando a mente dos outros.
— De qualquer forma, tendo esquecido ou não, ela crê que foi tudo uma grande brincadeira de criança — Noah apontou. — Acho que nenhum de nós conseguiria convencê-la do contrário, já tentamos argumentar e não adiantou nada.
— Infelizmente — Pedro acrescentou.
— Lamento por ela não ter vindo. — Edmundo desviou o olhar para a janela. — Essa reunião pode acabar sendo importante.
Foi aí que todos se calaram e não mais abordaram aquele assunto até o final da viagem. Em determinado momento, as meninas renderam-se ao sono causado pelo movimento do trem, tendo Anna adormecido apoiada em Noah, e Lúcia em Edmundo.
Quando chegaram a seu destino, ao pôr do sol, foram calorosamente recebidos por Eustáquio, Jill, Polly, e Digory, o professor.
— Sejam bem-vindos! — disse o anfitrião, enquanto os outros deixavam suas bolsas no cabideiro perto da porta da sala. — É muito bom que estejam aqui.
— Ficamos preocupados com a mensagem que nos enviou, por que acha ter algo ruim acontecendo em Nárnia? — Pedro perguntou.
— Não sei bem, eu só... sinto.
— Seria bom que todos tivessem vindo — Polly comentou, fazendo Noah, Anna, e os Pevensie se entreolharem. — Mas tudo bem, venham, preparamos um jantar para esperar vocês.
Então todos foram até a grande mesa posta na sala de jantar e ficaram comendo, conversando e rindo. Estavam com sua gente, sentiam-se em casa.
— Já pensou que essa sensação possa se tratar de um aviso? — Noah questionou a Digory, em meio à conversa. — Talvez Eustáquio e Jill estejam prestes a voltar a Nárnia.
— Já, e essa possibilidade foi a mais lógica que encontrei até agora — o professor respondeu, servindo-se de vinho.
— Tomara que estejam certos! — exclamou Jill, com os olhos brilhando.
— Tomara mesmo! — falou Eustáquio. — Mas, pensando bem, já faz tanto tempo...
Nesse momento, algo terrivelmente esplêndido aconteceu: um homem apareceu à frente da mesa. Estava com os lábios secos, uma feição desesperada, e não parecia sequer capaz de manter-se em pé por muito tempo.
A taça de vinho na mão direita de Digory foi parar no chão, partindo-se em mil cacos de vidro. Jill e Lúcia deram um gritinho. Polly e Anna prenderam a respiração, Edmundo enrijeceu a mandíbula e todos se levantaram de supetão, com exceção de Noah e Pedro.
Os dois se entreolharam e, enquanto Pedro empalideceu e cerrou o punho com força, Noah fez um meneio de cabeça antes de ficar em pé, dizendo:
— Fale, se é que você não é um fantasma ou uma visão. Existe em você algo que lembra Nárnia. E nós somos os nove amigos de Nárnia.
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𝑼𝒎𝒂 𝑼𝒍𝒕𝒊𝒎𝒂 𝑪𝒉𝒂𝒏𝒄𝒆 | ᴀs ᴄʀᴏ̂ɴɪᴄᴀs ᴅᴇ ɴᴀ́ʀɴɪᴀ | 𝓕𝓪𝓷𝓯𝓲𝓬
Fanfiction《 Concluída 》 Nove anos depois de sua visita a Nárnia, Noah e Anna já não nutriam mais qualquer esperança de retornar. Tendo crescido e tornado-se adultos, eles e os irmãos Pevensie tinham, agora, outras prioridades. Todavia, um recado urgente muda...