Ao bradar que continuassem subindo, o unicórnio Precioso disparou a galope na direção indicada, numa velocidade que, normalmente, logo o faria desaparecer das vistas de todos. O que aconteceu, porém, foi outra coisa.
Os reis e rainhas se puseram a correr também, e perceberam que conseguiam acompanhar Precioso. Mais do que isso: seguiam tão rápido que o vento lhes golpeava o rosto como se estivessem viajando num carro sem parabrisa.
— Incrível! — exclamou Lady Polly.
— Me sinto tão livre! — gritou Anna, abrindo os braços, como se quisesse abraçar aquele mundo inteiro.
Eles iam avançando cada vez mais rápido, mas apesar disso, não ficavam cansados ou sem fôlego. Pelo contrário: quanto mais corriam, mais tinham energia para correr.
Acho que, se a gente pudesse correr sem nunca se cansar, nunca mais iria querer parar. Mas às vezes existem razões muito especiais para se parar. E foi por um motivo especial que Eustáquio gritou, a certa altura:
— Cuidado, pessoal! Vejam para onde estamos indo!
Ele fez isso porque percebeu que logo à frente deles estava o Lago do Caldeirão, largo e fundo. E mais adiante viam-se enormes e íngremes penhascos, dos quais desaguava uma igualmente enorme e brilhante cachoeira.
— Não parem! Continuem avançando! Não desanimem!
Mal se ouvia a voz do unicórnio, tamanho era o barulho da cachoeira. Quando Precioso entrou no lago a toda velocidade, espirrando água para todo lado, os outros tomaram coragem para fazer o mesmo. Diferente do esperado, a água estava muito agradável, e não fria de doer.
— Não é possível... — murmurou Susana, quando percebeu estarem seguindo ao encontro da catarata, mas em nenhum momento sentiu vontade de parar.
— Isto é uma loucura total! — disse Eustáquio a Edmundo.
— Eu sei. Mesmo assim...
— Não precisa fazer sentido — interrompeu Pedro.
— Estamos em Nárnia, afinal! — Noah completou.
Os quatro riram e começaram a nadar ainda mais rápido, jogando água uns nos outros, brincando livremente como crianças.
— Não é maravilhoso? — exclamou Lúcia. — Vocês já perceberam que não dá para ficar com medo, mesmo que se queira? Experimentem!
— Nossa! É mesmo! — disse Anna, depois de tentar. Finalmente, pensou ela, não teria mais problemas com isso.
O primeiro a alcançar o pé da cascata foi Precioso, seguido por Tirian, e depois vinham os outros reis. As rainhas não ficavam muito atrás, e os cães seguiam nas mais variadas velocidades. Jill foi a última, conseguindo contemplar melhor toda a situação.
Viu o unicórnio começar a nadar (ou seria escalar?), subindo pela cachoeira, com seu chifre partindo a água sobre sua cabeça, formando duas pequenas cascatas, brilhantes como arco-íris. Embora estivesse admirada com a cena, Jill não teve tanto tempo para apreciá-la, pois logo ela mesma subia pela catarata.
Era o tipo de coisa que seria completamente impossível de acontecer no nosso mundo, porque ainda que não nos afogássemos, o peso da água nos empurraria para baixo com violência. É, a situação não acabaria nada bem.
Mas naquele mundo, não. Era completamente possível. Todos eles continuaram subindo, subindo, subindo, sem nunca perder o fôlego ou desacelerarem. Era tudo tão glorioso, que Susana sentiu como se estivesse escalando a própria luz.
Quando chegaram ao topo da cachoeira, ainda tiveram que nadar mais um pouco antes de alcançarem a margem. Estavam tão felizes! Um enorme campo verde estendia-se à frente, com aquelas grandes montanhas cobertas de neve mais adiante, e logo Precioso tornou a exclamar:
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𝑼𝒎𝒂 𝑼𝒍𝒕𝒊𝒎𝒂 𝑪𝒉𝒂𝒏𝒄𝒆 | ᴀs ᴄʀᴏ̂ɴɪᴄᴀs ᴅᴇ ɴᴀ́ʀɴɪᴀ | 𝓕𝓪𝓷𝓯𝓲𝓬
Fanfiction《 Concluída 》 Nove anos depois de sua visita a Nárnia, Noah e Anna já não nutriam mais qualquer esperança de retornar. Tendo crescido e tornado-se adultos, eles e os irmãos Pevensie tinham, agora, outras prioridades. Todavia, um recado urgente muda...