Capítulo 12: Lembranças Valiosas

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Os cães saíram em disparada e pouco depois estavam de volta, correndo como se suas vidas dependessem disso e latindo bem alto para dizer que, de fato, tratava-se de um calormano.

O grupo começou a seguí-los, mas Anna estava olhando para a direção oposta à deles e não se moveu.

— Anna... — Noah estalou os dedos na frente do rosto dela, fazendo-a prestar atenção nele. — Vamos, os cães farejaram um calormano aqui.

— Já tem muita gente indo atrás dele. — Ela deu uma olhada para o pessoal que se afastava. — Depois nos encontramos de novo.

— Para onde iremos, então? — Ele perguntou no plural, pois não a deixaria sozinha. Anna, percebendo isso, sorriu abertamente, virando-se para a direita.

A moça apontou para um campo florido, o qual parecia um enorme tapete, só que mais alto, devido aos compridos caules. As pétalas eram pequenas e suas cores variavam entre rosa-claro, amarelo-claro e branco. Noah deu um sorriso quase imperceptível. "Eu já deveria ter imaginado", pensou, porque Anna sempre fora apaixonada pelas flores narnianas.

Eles, então, começaram a caminhar lado a lado em direção às flores, mas em determinado momento uma certa ideia cruzou a mente de Anna e ela logo a pôs em prática: segurou a mão de Noah e correu em disparada para o campo florido, arrastando seu companheiro de aventuras consigo. Os dois entraram velozmente no meio daquele emaranhado de cores, sentindo o perfume das flores invadir suas narinas na mesma hora.

Anna logo se soltou de Noah, indo ainda mais além naquele campo, e começou a rodopiar com alegria, ao som de uma doce melodia que tocava em sua imaginação. Ela se abaixou para observar as pequenas pétalas ainda melhor, e, sem perceber, desembestou a falar.

— São tão lindas! Eu nunca conseguiria descrever essas flores lá em nosso mundo, ninguém poderia imaginá-las do jeito certo. Como senti saudades desse ar narniano! Tudo é mais colorido e cheio de vida, não acha? Não sei como consegui ficar só reclamando quando cheguei aqui pela primeira vez. Se bem que eu ainda não sabia nada sobre Nárnia e estava com muito medo... É, tem uma explicação plausível para eu ter agido assim ao conhecer este lugar. Bom, tecnicamente não estamos em Nárnia, Nárnia, de fato, mas acho que dá na mesma... ou quase. De qualquer forma, voltar para cá foi incrível, vou sofrer muito quando tudo acabar de novo. Só que, talvez, dessa vez não tenhamos... — Quando voltou-se a Noah, pois antes estava de costas para ele, calou-se abruptamente. — Que cara é essa? Eu falei demais, não foi? Perdão, fiquei empolgada.

Noah a encarava em silêncio, enquanto a moça tagarelava. Ele não estava sorrindo, mas parecia observar com satisfação as reações de Anna.

Era de conhecimento geral a admiração que o rapaz tinha a respeito do amor e conexão de Anna com Nárnia. Não lhe impressionava o modo como, só de estar lá, sua pureza, doçura e delicadeza ficassem ainda mais aparentes. E Noah sentia imenso afeto, amizade e respeito pela moça, que era como uma irmã para ele naquele novo lugar.

— Não peça perdão por isso — disse, chegando mais perto dela —, eu fico mesmo é feliz te vendo assim.

— Por quê?

— Porque seus olhos não brilham desse jeito desde que deixamos Nárnia, anos atrás.

— Acho que ninguém é o mesmo depois de ter conhecido Nárnia — Anna comentou. — Nosso mundo não tem muita graça comparado a este.

𝑼𝒎𝒂 𝑼𝒍𝒕𝒊𝒎𝒂 𝑪𝒉𝒂𝒏𝒄𝒆 | ᴀs ᴄʀᴏ̂ɴɪᴄᴀs ᴅᴇ ɴᴀ́ʀɴɪᴀ | 𝓕𝓪𝓷𝓯𝓲𝓬Onde histórias criam vida. Descubra agora