𝑼𝒎𝒂 𝑼𝒍𝒕𝒊𝒎𝒂 𝑪𝒉𝒂𝒏𝒄𝒆 | ᴀs ᴄʀᴏ̂ɴɪᴄᴀs ᴅᴇ ɴᴀ́ʀɴɪᴀ | 𝓕𝓪𝓷𝓯𝓲𝓬

Capítulo 5: Um Objeto Especial

— Não, não, não! — Anna exclamou, enquanto revirava todas as gavetas de seu quarto. — Onde eu o coloquei? Não posso ter perdido, preciso que Susana o veja!

— O que tanto precisa encontrar? — Noah perguntou, encostado no batente da porta.

— Tenho que achar o... — A moça parou de falar quando se virou para ele, não conseguiu contar. — Uma coisa muito importante.

— Eu sei que deve ser uma coisa muito importante, mas me diga o que é.

— Por favor, não se preocupe, eu vou encontrar.

— Está me assustando, Anna, fale logo de uma vez — pediu, endireitando a postura.

— Certo... — Ela fez uma pausa, tomando coragem. — É o lenço vermelho.

Ele arregalou os olhos e ficou alguns segundos em choque antes de pronunciar um:

— Você o perdeu?!

— Não! Quero dizer... eu acho que não. Bem, pelo menos, espero que não. — Anna tropeçou nas palavras. — Eu usei ele há pouco tempo, daqui não saiu!

Noah passou uma das mãos por seus cabelos, visivelmente incomodado, e respirou fundo, soltando o ar com impaciência.

— Sabe que isso foi bem irresponsável, não sabe?

— Sei, mas agora não adianta ficar bravo comigo. Me ajude a achar!

Ele franziu um pouco as sobrancelhas, desconfortável com o pedido de Anna. Porém, ao perceber que ela falava sério, percorreu o local com o olhar até avistar uma caixinha de madeira guardada na prateleira mais alta do enorme guarda-roupa aberto ali.

Sabendo que Anna provavelmente nem sequer havia visto aquela caixa e muito menos conseguiria alcançá-la sozinha, Noah foi até lá e pegou o objeto. Apesar de hesitante, tirou a tampa, ficando bastante surpreso com o conteúdo.

— Encontrei — anunciou ele, tirando o lenço de cima do resto das coisas da caixa.

— Impossível, é muita sorte! — exclamou Anna, virando-se para Noah. — Ah, não, não era para você ter aberto isso!

— Tarde demais — disse, sem desviar os olhos da caixinha. — Você ainda guarda todas essas cartas? Pensei que já tivesse jogado fora.

— Ficou doido? Por que eu jogaria fora?

— Sei lá, não achei que fossem importantes.

— Não me trazem boas lembranças, mas são, sim, muito importantes para mim — ela assegurou, chegando mais perto dele e pegando o tecido e a caixa de suas mãos, para colocá-los em cima da cômoda.

— É óbvio que não trazem boas lembranças, eu te mandei elas durante a guerra! — falou Noah, e, vendo que Anna começara a lacrimejar, acariciou de leve seu rosto. — Deveria ter um lugar melhor para guardar seu lenço, estrelinha.

— Eu sei... Detesto abrir aquela caixa. — Ela deixou um soluço escapar, antes de dar um súbito abraço em seu noivo. — Por favor, promete que nunca mais vai fazer uma loucura daquelas de novo?

— Prometo, agora minhas prioridades são outras — ele respondeu, deixando um beijo sobre a cabeça de Anna. — Iremos juntos daqui até o altar, e de lá até que a morte nos separe.

Anna apertou ainda mais seus braços ao redor do corpo de Noah, como se tivesse medo de que ele de repente fosse desaparecer. E, apesar de apreciar aquele contato, o rapaz sabia não ser prudente permanecerem ali por muito mais tempo. Por isso, com cuidado a empurrou um pouco para a frente, podendo ver com clareza o rosto de sua noiva.