Anna olhou para baixo e se viu usando novas vestes, resplandecentes, feitas de um tecido tão confortável e fino quanto eram seus vestidos quando reinava em Nárnia. Involuntariamente, sorriu. Todas as moças também estavam vestidas assim.
Noah, assim como todos os rapazes, usava, além das vestes resplandecentes, uma fina cota de malha. E, ao notar que empunhava uma espada, sentiu um novo vigor tomar conta de si, como quando era rei.
— Você está com sua coroa! — Anna exclamou.
— Você também! — disse Noah.
— Todos nós estamos — Digory apontou. — Até mesmo eu e Polly.
— O que aconteceu conosco? — perguntou Pedro, enquanto eles ainda se entreolhavam, maravilhados.
— E onde será que estamos? — Edmundo indagou. — Não parece muito com Nárnia.
— E nem poderia ser — Susana se pronunciou, ficando em pé, e pela primeira vez a notaram ali. — Não iremos voltar para lá.
— Susana?! — gritaram Digory, Polly e Lúcia, em uníssono.
Ela encolheu os ombros, sorrindo com timidez, e deu um pequeno aceno a eles. Lúcia, porém, não se contentou com isso: rapidamente levantou-se e foi dar um abraço caloroso na irmã.
— Como foi que... bem... você... — ela balbuciou, ao se afastarem.
— É uma história meio complicada — respondeu Susana. — Não sei se quero falar disso agora, Lu.
— Tudo bem, o que importa é que você está aqui!
Foi quando Edmundo chamou os outros a prestarem atenção em algo que muito o intrigava: a porta a seu lado. Todos resolveram seguir em direção a ela e quanto mais perto chegavam, menos o que viam lhes fazia sentido.
— O que isso está fazendo aqui? — Noah rodeou a porta. — É inútil, vai de nenhum lugar a lugar nenhum!
— Está falando como se as coisas aqui fossem normais — Pedro comentou. — Você não olhou direito.
Ele, então, chegou mais perto da porta, e notando uma fenda aberta na madeira, olhou por através dela. Primeiro, tudo o que viu foi escuridão, mas quando se acostumou com a pouca luminosidade, conseguiu vislumbrar uma vasta multidão tomando conta de todo um vale que se estendia ao redor de um morro.
As criaturas pareciam muito interessadas em ouvir as palavras de um macaco, que, à luz de uma fogueira, não parecia lá um bom líder. De qualquer forma, levavam a sério seu discurso, e havia medo, mas ao mesmo tempo expectativa, nos olhos delas.
Ao se afastar, Pedro explicou aos outros o que tinha visto, e sua fala os deixou preocupados e curiosos. Todavia, não tiveram como pensar muito a respeito, pois logo a porta se abriu, e por ela passou um sentinela calormano. Todos o identificaram quase que na mesma hora.
— Olá, senhor! — disse Lúcia, aproximando-se dele, ignorando as repreensões de seus irmãos. — Qual é o seu nome?
Não houve resposta, o sentinela nem sequer a olhou.
— Sabe que lugar é este? — ela insistiu. — E o que está acontecendo lá fora?
— Lúcia — falou Polly —, ele não está te ouvindo. E parece que nem enxerga você e todo este campo.
— Que estranho... — Lúcia comentou, voltando para perto dos outros.
E bem na hora, porque naquele momento um monstro apareceu na frente deles. Tinha cabeça de pássaro, com um bico curvo, apesar da forma de seu corpo lembrar ligeiramente a de um homem, e possuía quatro braços, com dedos que mais pareciam perigosas garras. Toda uma névoa escura o cercava, e qualquer um que o visse, ficaria atordoado. Seu nome era Tash.
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𝑼𝒎𝒂 𝑼𝒍𝒕𝒊𝒎𝒂 𝑪𝒉𝒂𝒏𝒄𝒆 | ᴀs ᴄʀᴏ̂ɴɪᴄᴀs ᴅᴇ ɴᴀ́ʀɴɪᴀ | 𝓕𝓪𝓷𝓯𝓲𝓬
Fanfiction《 Concluída 》 Nove anos depois de sua visita a Nárnia, Noah e Anna já não nutriam mais qualquer esperança de retornar. Tendo crescido e tornado-se adultos, eles e os irmãos Pevensie tinham, agora, outras prioridades. Todavia, um recado urgente muda...
