Vancouver, Portland, Segunda-feira... Um mês depois. Aproximadamente dez e quarenta e oito da manhã...
Eu olho frustrada para meu reflexo diante do espelho. Bolsa grande ou pequena, eis a questão? Droga, maldita indecisão! Eu simplesmente não consigo decidir qual combina melhor com meus sapatos. Maldita Kate por me deixar nessa situação complicada! Bem, hoje é segunda-feira, eu não fui a faculdade e eu deveria usar esse tempo estudando para minhas provas finais, que serão daqui a duas semanas, mas ao invés disso eu estou aqui, indecisa, entre a bolsa que vai deixar meu look mais casual ou a que vai deixar meu look mais moderno. Qual escolher? Eu sempre fico nesse dilema, indecisa entre uma coisa e outra quando vou sair. Grande ou pequena? Grande ou pequena? Grande ou pequena? Repetindo baixinho pra mim mesma, eu tento, mais uma vez, escolher entre as bolsas em minhas mãos. Rosno irritada, direcionando meu olhar para a garota de cabelos castanhos avermelhados e olhos azuis penetrantes que poderiam facilmente influenciar qualquer pessoa, que olha de volta pra mim através do reflexo e um sorriso triunfante se abre em meu rosto. Então, finalmente, decido ir com a bolsa pequena. A que me deixa, segundo a Kate, com cara de "mulher perigosa." E falando em Kate... Eu não acredito que ela resolveu ficar doente logo hoje. Parece que ela faz essas coisas de propósito! O que, obviamente, a deixa incapaz de comparecer a uma entrevista a qual ela havia agendado pra... Isso mesmo, hoje! Ela deveria entrevistar um magnata super ultra mega industrial, que pra mim é apenas mais um metido que se acha o poderoso chefão rei da cocada preta, do qual eu nunca tinha ouvido falar para o, extremamente desnecessário, jornal estudantil. Então, mesmo achando isso frustrante e inútil, já que ninguém lê a droga do jornal estudantil, eu, a boa samaritana, tive que me voluntariar para substitui-la. O que é mentira, claro, já que Kate me intimou, ou melhor, obrigou a ir. Sendo que, eu faltei a faculdade, tenho exames finais para estudar, uma redação pra terminar, e eu deveria estar trabalhando esta tarde, mas foda-se essa merda toda porque hoje eu tenho que pegar um avião para Seattle a fim de encontrar o senhor todo poderoso Diretor Executivo da Grey Enterprises Holdings Inc. E como um excepcional benfeitor importante de nossa Universidade, seu tempo é extraordinariamente precioso, muito mais precioso do que o meu, diga-se de passagem. Entretanto, ele concedeu uma entrevista a Kate. O que ela ansiava há tempos pra conseguir. Droga de atividade extracurricular da melhor amiga que odeia ser desapontada!
Chegando a sala de estar devidamente pronta, avisto Kate encolhida no sofá.
- Ana, você vai levar o meu carro? - pergunta, assim que nota minha presença.
Viro-me para ela com o olhar de desgosto mais impactante do mundo.
- Kate, se você acha que eu vou dirigir duzentos e setenta e oito quilômetros pra fazer algo que eu não quero e só estou fazendo porque você me obrigou... Precisa rever sua cota de piadas infames. - ironizo, jogando minha bolsa na tentativa de acerta-la. Mas só o que eu consigo fazer é acertar o enfeite em cima da mesinha de centro, fazendo-o se espatifar no chão. Eu definitivamente tenho uma péssima mira.
- Ana, por favor, deixe de drama! - revira os olhos. - Você só está me fazendo um favor. É por isso que você é minha melhor amiga. - bajula, antes de assoar o nariz em um lenço de papel.
Faço uma careta de nojo.
- Ah, é mesmo? E você por que é minha, hein? - debocho.
- Porque eu sou uma pessoa adorável. - responde como se fosse óbvio e só eu não tivesse entendido. Olho-o transparecendo todo o meu tédio.
- Você é uma manipuladora, isso sim.
- Hey, Ana, eu sinto muito. - lamenta com a voz ligeiramente anasalada. - Demorei quase um ano pra conseguir essa entrevista e você sabe disso! Lavará outros seis meses pra reagendar, e nós duas já vamos estar formadas até lá. - solta uma risada fanha. - Como editora do jornal estudantil, eu não posso estragar isso... Essa oportunidade única... Por favor, por favor, por favor, me ajuda. - implora com sua voz rouca devido a garganta inflamada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVEL
Fanfic"Eu acho... Eu acho que quando tudo está acabado isso só volta em flashes, sabe? É tipo um caleidoscópio de memórias, em que apenas tudo volta... Mas ele nunca acontece. Eu acho que parte de mim sabia no segundo em que o vi, que isso iria acontecer...