Capítulo SEIS

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Christian abre a porta do passageiro do seu Audi SUV preto, em um gesto de cavalheirismo, e eu subo ignorando-o. É um carro bem legal... Diferente do dono, que é um imbecil bipolar, que saí agarrando as pessoas em elevadores de prédios de luxo! Argh! Eu vou adicionar isso a lista de caráter místico tipo a lenda do rei Artur ou a Cidade Perdida de Atlantis. Nunca aconteceu, nunca existiu. Talvez eu tenha imaginado tudo. Talvez eu esteja enlouquecendo. Talvez as duas coisas. Toco meus lábios, estão inchados e formigando. Desgraça! Definitivamente, aconteceu. Que ódio! Olho para Grey que está como de costume: correto, educado e um pouco distante em seus próprios pensamentos. Hunf... Paspalho. Ele liga o motor e abandona sua vaga no estacionamento. Se inclina e liga o leitor de MP3. O interior do carro é preenchido pela música de duas mulheres com vozes extremamente poderosas. UAU. Christian dirige para SW Park Avenue, e guia com uma fácil e preguiçosa confiança, o que me causa revolta. Como ele pode estar tão tranquilo? Como se nem tivesse acabado de me agarrar... Eu realmente não gosto dele. Nem um pouquinho.

- É o Dueto das Flores de Delibes, da ópera Lakmé. - Grey diz de repente, sem tirar os olhos da estrada. Acredito que ele esteja falando da música. - Você gostou?

- Não. - me ajeito no banco. 'Tá legal, eu menti. A música é bem maneira. Eu gosto de música clássica. Mas ele não precisa saber disso, certo? Certo.

Christian apenas sorri de lado. Um sorriso muito debochado por sinal. E por um momento aparenta ter sua idade. Um homem jovem, despreocupado e, infelizmente, bonito aos meus olhos. Droga. Assim que a música chega ao fim, Grey faz questão de apertar um botão, e a música volta a tocar. Ele nem é irritantemente implicante.

- Ser agradável não é o seu ponto forte, não é mesmo, Senhorita Steele? - me olha de soslaio, sorrindo de lado.

Eu poderia xingá-lo... Eu deveria xingá-lo... Mas não vou. Vou provar a esse energúmeno que eu sei sim, ser agradável. Eu sou um doce de pessoa.

- Você gosta de música clássica? - pergunto, tentando soar interessada. Só tentando mesmo.

- Meu gosto é eclético, Anastásia. De Thomas Talis a Kings of Leon. Depende de meu estado de ânimo. - explica, me olhando por uns segundos e voltando a olhar a estrada. - E você? Gosta de música clássica?

- Sim, mas não conheço Thomas Talis. Ainda não tive a oportunidade de ouvi-lo. - digo casualmente. Há! Quem é que não sabe ser agradável agora, hein? Toma essa, Grey! Ponto pra mim.

Christian me olha por um instante novamente e volta a fixar os olhos no caminho.

- Algum dia te mostrarei algo dele. É um compositor britânico do século dezesseis. Música coral eclesiástica da época dos Tudor. - ele sorri. - Parece muito esotérico, eu sei, mas é mágico, Anastásia.

Assim que a música acaba, ele pressiona um botão e começa a soar Kings of Leon. Essa eu conheço. "Sex on Fire" Sério? Ele tinha mesmo que escolher justo essa música? Isso é algum tipo de provocação? Bom, vindo do Grey, provavelmente. Bufo, erguendo minhas pernas e apoiando meus antebraços em meus joelhos.

- Anastásia, retire seus pés do estofado. - pede em tom complacente. Mas eu o ignoro continuando do mesmo jeito. - Está sendo infantil. - adiciona, quando percebe que não esbocei nenhum movimento.

- Disse a pessoa que abriu a porta do banheiro enquanto eu estava no banho. - ironizo, descendo meus pés de forma relutante.

Christian sorri com desdém, ainda olhando para a estrada.

- Mas eu fiz isso por um propósito maior.

Viro-me de lado para olha-lo e arqueio uma sobrancelha.

Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora