Capítulo DEZESSETE

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Tem alguma coisa muito errada. Eu estou de olhos abertos. Sei  que estou, mas tudo que vejo é escuridão. E em um piscar de olhos, eu  posso ver que estou em um quarto. É, um quarto. Não é o meu quarto. Não  mesmo. É um quarto extremamente colorido, parecendo um arco-íris. E isso  é colorido demais pra mim. Por um minuto cogito a possibilidade de ser o  quarto da Kate... Mas também não é, eu conheço o quarto da Kate e ela  não é menininha a esse ponto. Pelo menos eu acho que não. Olho ao redor e  levanto-me da cama, ando calmamente até a porta abrindo-a e saindo do  quarto. Decido explorar o resto do lugar mas acabo surgindo em um  corredor oposto ao quarto. Um corredor frio, escuro, e sem vida que  parece não ter fim. Não há portas nesse corredor. Onde é que eu estou?  Olho envolta, para cima e para baixo e quando volto meu olhar para trás,  noto que a porta pela qual eu havia passado sumiu. Simplesmente não  está mais ali. Pisco assustada. Confesso que agora eu estou com um pouco  de medo. Engulo em seco. Continuo andando pelo tal corredor, e esfrego  as mãos por meus braços ao sentir um arrepio de frio percorrer meu corpo  me causando um intenso calafrio. Quem foi que ligou o ar condicionado  no máximo? Finalmente avisto uma coisa. Uma escada. Olho para baixo  tentando enxergar algo, mas só consigo ver a escuridão. E agora? Desço  ou não desço? Engulo em seco novamente e começo a descer devagar.  Espera, que barulho é esse? Paro no meio da escada tentando ouvir  melhor. Porra, desde quando eu sou tão frouxa? Em um súbito extinto de  coragem, termino de descer as escadas e vejo a entrada para o que me  parece ser uma sala. Olho para os lados me certificando de que estou  sozinha. Aproximo-me mais da porta como uma espiã, fazendo o mínimo  barulho possível. Quando chego perto o suficiente me surpreendo. É uma  sala luxuosa, e... Há uma mulher ali. E não uma mulher qualquer. Uma  mulher de lingerie. Mas não consigo identificar quem é ela, já que, não  consigo ver seu rosto com clareza. Ela está dançando, rebolando e  mexendo o corpo de forma extremamente sexy. Não há música no ambiente,  apenas o barulho de seus finos saltos contra o assoalho de madeira  enquanto executa diversos movimentos de forma confiante e habilidosa. A  sua frente há uma poltrona, e posso notar braços recostados sobre a  poltrona. Há alguém sentado ali. Observando-a dançar. Mas quem? Está  escuro, e eu estou um pouco distante. A sala é iluminada apenas pela  lareira, que está acesa em um fogo brando. E mesmo assim, eu não consigo  identificar os rostos. Mas por alguma razão, sinto que necessito  descobrir quem são aquelas pessoas. E eu vou. Respiro fundo e decido me  aproximar em passos leves, e assim que me aproximo um pouco mais,  subitamente paro. Nunca me arrependi tanto de ter feito uma coisa! A  garota da lingerie... Sou eu. Eu! E como eu havia percebido, há sim uma pessoa na tal poltrona e... Não... Impossível.  Não pode ser! Rosno irritada e tento mover meus pés para sair dali, mas  não consigo. Tento então aproximar-me e me forçar a sair dali, me tirar  daquela situação horrível e humilhante, mas também não consigo. Eu não  consigo me mover. Sair do lugar parece uma missão impossível. Meus pés  parecem raízes no chão, e não se deslocam de jeito algum. Faço força, e  ainda assim continuo parada no mesmo lugar. Fecho os olhos. Eu não quero  assistir essa cena. Eu quero sair daqui. Quero ficar bem longe... Dele.  Faço o máximo de esforço possível, mas minhas forças parecem ter me  abandonado. Eu quero sair daqui. Eu preciso sair daqui. Meus olhos me  traem e eu não consigo fecha-los ou desviar o olhar. Sou obrigada a  ficar parada assistindo a mim mesma rebolar sensualmente para a pessoa  que me deixou em ruínas. E o safado assiste com gosto. Bufo. Aquilo me  causa nojo, raiva, repulsa... Eu não posso me ver fazendo isso... Não  pra ele...

Um cheiro forte invade minhas narinas e lentamente o mundo exterior  invade os meus sentidos me atraindo para o estado consciente. Estou  flutuando, meus membros estão suaves e lânguidos, totalmente gastos. Eu  estou sentada em uma superfície macia e envolta de um braço forte e  aconchegante que no segundo seguinte percebo ser de Christian. Estou no  colo do Christian. Minha cabeça está em seu tórax e eu abro os olhos a  tempo de ver ele afastar um pequeno pano com o que presumo ser álcool do  meu rosto. Pestanejo algumas vezes recobrando meu raciocínio lógico,  mas volto a fechar os olhos. Eu não quero me mover, eu quero continuar  assim. Quentinha e segura... Nos braços de Christian. Eu me aninho,  inalando o resquício do cheiro de algum caro sabonete corporal que emana dele. Isso é tão bom... E ao mesmo tempo tão errado. E não posso me  esconder em seus braços pra sempre. Sinto a razão e o bom senso retornando ao resto de meu corpo, e eu me forço a abrir os olhos, mas  não o encaro. Ao invés disso, lentamente, eu estico minha mão em direção  ao seu peito nu alimentando meu anseio insano de toca-lo, mas Christian  me detém segurando em meu pulso com força, mas sem me machucar, antes  que eu possa toca-lo.

Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora