Capítulo SETE

3.3K 154 7
                                    

O-oh... A sala está me chamando... E sussurrando bem baixinho "venha brincar"...

O que devo fazer? Correr? Claro, é uma opção. Gritar? Possivelmente. Rir? Não é nem uma possibilidade. Chorar? Não há motivos. Se desesperar? Nem tanto. Investigar? É, é o que eu quero.

Dou um passo para dentro. A primeira coisa que noto é o forte cheiro de couro, madeira e cera com um suave aroma de limão. Embriagador. É estranhamente agradável, e a luz é tênue, sutil em algum lugar no teto emitindo um resplendor ambiental. Macabro e assustador. As paredes e o teto são de cor vinho escuro, o que dá à espaçosa sala um efeito sombrio e medieval. Engulo em seco, avançando mais um passo. O chão é de madeira antiga e envernizada. Na parede, de frente para a porta, há um grande X de madeira, de mogno muito brilhante, com argolas nos extremos para se manter seguro. Seguro... Hunf, ironia, não? Por cima há uma enorme grade de ferro suspensa no teto, com no mínimo de dois metros quadrados, da qual se penduram todo o tipo de corda e algemas brilhantes. Oh Gosh! Perto da porta, dois grandes postes reluzentes e ornamentados, como balaústres de um parapeito, porém maior, estão pendurados ao longo da parede como cortinas. Deles pendem uma impressionante coleção de varas, chicotes e curiosos instrumentos com plumas. Chicotes... Estremeço. Junto à porta há um móvel de mogno maciço com gavetas muitas estreitas, como se estivessem destinadas a guardar amostras de um velho museu. Que porra de sala é essa? Por um instante me pergunto o que tem dentro das gavetas. Definitivamente eu não quero, realmente, saber. No fundo da sala vejo um banco acolchoado de couro vermelho, e junto à parede, uma estante de madeira que aparentemente parece guardar tacos de bilhar, mas um observador atento como eu percebe que contém varas de diversos tipos, tamanhos e grossuras. Pisco atordoada. No canto oposto há uma sólida mesa de quase dois metros de largura, de madeira brilhante com pernas talhadas e debaixo, dois tamboretes combinando. Mas o que ocupa maior parte do quarto é uma cama. A maior cama de casal de todos os tempos. Com dossel de quatro postes talhados no estilo rococó. Parece algo de finais do século dezenove. Debaixo do dossel tem mais correntes e algemas reluzindo como ouro. Correntes... Algemas... Não tem roupa de cama... Apenas um colchão coberto com um lençol vermelho sangue e várias almofadas de seda também vermelhas em um extremo. A uns metros dos pés da cama há um grande sofá Chesterfield, colocado no meio da sala, de frente para a cama. Levanto os olhos observando o teto cheio de mosquetões, a intervalos irregulares. Dou um giro de 360º graus observando a sala por inteiro. Tento inutilmente absorver o que meus olhos veem. Giro em meus saltos voltando meu olhar para Grey, que como eu imaginava, está me olhando fixamente com uma expressão impenetrável. Finalmente, avanço pela sala e Christian me segue. As plumas diante de mim parecem tão inofensivas e macias... Decido toca-las sentindo um estranho sentimento de familiaridade. Meus olhos brilham. Pare com isso, Ana! Pare com isso agora mesmo... Parece um pequeno rabo de gato, porém mais grosso e com pequenas bolas de plástico nos extremos. Macio... Exatamente como eu me lembrava...

- É um chicote de tiras. - a voz de Christian soa baixa e doce.

Eu realmente ouvi ele dizer chicote de tiras? Uma lembrança me vem a mente...

"- ...Se fosse minha garota, depois do que fez ontem, não se sentaria durante uma semana..."

Ofego. Estou em estado de choque. Perplexa, paralisada, completamente imóvel. Mas não estou surpresa. Posso observar e assimilar, mas não articular o que sinto diante de tudo isso. Um misto de espanto, admiração, medo, confusão, indecisão, apreensão, excitação e principalmente... Familiaridade. Sinto que voltei ao passado. Ao MEU passado... Estou enlouquecendo. Não consigo me controlar. Estou insana. De novo... Qual é a reação adequada quando se descobre que um maluco bipolar é na verdade um maluco sádico e possivelmente masoquista? Pavor... Sim... Essa parece ser a sensação adequada. Mas não pra mim. Várias perguntas invadem minha mente. Quando? Como? Onde? Por quê? Quem? Com que frequência? Aproximo-me da cama e passo lentamente uma mão por um dos postes. Meus olhos brilham novamente. É bem grosso e o talhe é impressionantemente detalhado. Por que tantos detalhes?

Cinquenta Tons de Steele - INDOMÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora