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"E o que que a vida fez

Da nossa vida?

E o que é que a gente

Não faz por amor?"

- Marisa Monte

Chicago, Illinois - EUA.
Outubro de 2007.

Lewis me deixou dormir até mais tarde, com a promessa de que cuidaria da casa pela manhã. Ele já tinha pedido suas contas no restaurante e agora só faltava arrumar suas coisas pra viajar amanhã. A verdade é que eu só consegui dormir devido a todo sexo que me deixou exausta.

Meus pensamentos não paravam de gritar que nosso futuro ia se acabar depois que ele embarcasse naquele avião.

Olhei o relógio do lado da cama pra constatar que tinha mais ou menos uma hora pra me arrumar pro trabalho. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando guardar na memória o cheiro dele misturado ao meu na nossa cama.

- Bom dia, princesa. – sorri antes de abrir os olhos e encontrar o homem ali com uma caneca em mãos.

- Bom dia. – murmurei sonolenta. Ele sentou na cama e ofereceu-me a caneca. – Café?

- Um chá. Você vai dizer que não, mas te conhecendo bem, sei que sua ansiedade tá te comendo viva. – sentei e segurei-a, inalando o aroma. Tomei um pequeno gole.

- Preciso ir me arrumar.

- Na verdade, Bruce me deu um presente de despedida. – disse com um sorriso travesso. Apenas ergui a sobrancelha em questionamento. – Você!

- Como assim? – dei risada e depois bebi mais um pouco do chá.

- Ele disse que você só precisa voltar a trabalhar na segunda. Nos mandou aproveitar nossas últimas horas antes da viagem.

- Sabe que ele não vai gostar de ninguém ali dentro como gosta de você, né?! – rimos.

- É, eu sei.

- Então descansei até agora pra nada? - recostei na cabeceira da cama, segurando a caneca sobre minhas coxas.

- Ih, o trabalho tá só começando. Quem vai ter que me ajudar a arrumar toda minha mala? - fez uma carinha de preguiça.

- Te ajudar ou fazer tudo sozinha? Você não sabe nem por onde começa. – apontei.

- Nem por onde termina! – e soltou uma risada gostosa.

Pensei em perguntar como ele iria se virar sem mim, mas só de pensar senti o bolo subir na garganta. O choro entalar.

Por dentro eu era puro caos. Meu egoísmo queria apenas amarrar ele no pé da cama e deixar por isso mesmo. Mas meu amor sabia que a felicidade dele estava dentro daquele carro de corrida. Quem sabe em algum futuro próximo ele voltaria pra cá ou eu iria pra lá.

Ele deitou a cabeça no meu colo e comecei a fazer um carinho nele enquanto tomava o chá.

- O que a gente vai almoçar hoje? – perguntou.

- Eu não acredito que você não providenciou isso?! – quase gritei numa falsa raiva e ele deu risada. – Que porra você fez a manhã toda?

- Seu chá delicioso! – dei um tapa em seu ombro.

Levantei e fui tomar um banho, enquanto Lewis ia ao mercado comprar alguns produtos que mandei. Aproveitei o dia quente para lavar o cabelo. Quando o negro voltou eu já estava na cozinha, vestindo uma blusa sua e a toalha enrolada nos fios.

Behind The FlashOnde histórias criam vida. Descubra agora