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"Pra que forçar tanto a memória

Pra dizer

Que a triste hora do fim se faz notória

E continuar a trajetória

É retroceder"

- Maria Rita

Chicago, Illinois- EUA.
Setembro de 2008.

Foi no início de Setembro que aconteceu o que eu não imaginava acontecer em cem anos.

Eu estava na correria, entre o horário do trabalho e da faculdade, procurando uma apostila entre tantas, quando meu celular tocou. Ainda era aquele, que ele me fez comprar quando foi embora.

- Alô?! – na agonia não olhei no visor quem me ligava.

- Laura? – reconheceria aquela voz pelo resto de minha existência.

- Lewis! – saudei um pouco animada, mas sem perder o foco do que estava fazendo no quarto.

- Tudo bem? - perguntou cauteloso.

- Pior que não, preciso me arrumar e não consigo encontrar uma apostila...

- Bom, esse não parece um bom momento. Mas acredito que não posso adiar o assunto. – seu tom de voz me deixou preocupada. Parei tudo e sentei na ponta da cama.

- Aconteceu alguma coisa? Você tá bem? Sofreu um acidente? - as palavras jorravam desconexas.

- Laura, calma. Eu estou bem, sem problemas graves. – sem problemas graves. Mas ainda tinha um problema.

- Você tem um problema?

- Temos. – escutei seu suspirar pesado. Minhas sobrancelhas estavam franzidas em receio. – Me desculpa por te dar essa notícia assim, mas não quero que descubra através de um jornal ou um programa de TV.

- Lewis, tá me assustando! – disse com um risinho, na tentativa de amenizar minha ansiedade.

- Conheci uma pessoa.

E então eu senti o exato momento em que minha pressão baixou, junto com meu ombros. Não demorou para começar o pinicar em meus olhos, que antecede o choro.

- Laura? – me buscou na ligação.

- Estou ouvindo.

- Me desculpa de verdade. A gente foi se afastando, e ela começou a aparecer sempre nos eventos que eu estava. Começamos a conversar e uma coisa levou a outra...

- Transou com ela. – constatei, apática, encarando a porta aberta na minha frente.

- Não! Isso não aconteceu! - negou veemente.

- Ainda! - soltei em acusação.

- Eu não posso fazer nada sem antes falar com você...

- Então ligou para pedir permissão!? – interrompi-o, incrédula.

- Por favor, não fala assim... Sabe que não é desse jeito. – sua voz estava carregada de uma certa culpa. Que naquele instante eu duvidava ser real.

Behind The FlashOnde histórias criam vida. Descubra agora