"Nosso lar se enfeitou,
a esperança germinou.
ah, tem muita flor pra todo lado!"
- Maria Rita
Chicago, Illionois- EUA.
Novembro de 2007.O final de semana chegou, e junto com ele, caixas e mais caixas.
Rachel era muito organizada, não deixando nada pela sala ou pelo corredor. Tudo estava devidamente localizado em seu novo quarto.
- Amiga, como uma única pessoa tem tanta coisa? – questionei, apoiada no batente da porta.
- Minha mãe resolveu me doar um monte de coisa. Lençol, toalha... Ah, acho que ela vai aparecer aqui pra ter certeza que a cozinha está completa! – avisou.
- Bom, isso aí eu não vou reclamar. – dei risada. – Precisa de ajuda?
- Na verdade, ainda não. Só vou poder arrumar tudo quando o guarda-roupa chegar. – conferiu o relógio no pulso. – Que por sinal deve ser a qualquer momento.
- Então vou para a cozinha, preparar um lanche para a gente. – virei, e pude escutar seus passos atrás de mim.
A loira foi para a sala, se esparramando no sofá, e eu fui para a geladeira, procurar comida. Poucos minutos depois escutamos o caminhão parar na rua.
- Finalmente minha cama chegou. – minha amiga levantou num pulo e foi abrir a porta. Então dois homens apareceram com sua cama em mãos. – Pode vir por aqui. – e lá foi ela para o quarto e eu voltei para a cozinha.
Continuei ouvindo os entregadores passarem pela sala, enquanto carregavam os móveis de Rachel. A minha frente estava a omelete, sendo preparada na frigideira.
Quando estávamos só nós duas na casa, sentamos à mesa para comer.
- Depois de preparar uma comida deliciosa dessa, vou te dar um presente. – disse com os olhos cheio de satisfação.
- Que seria...? – perguntei desconfiada.
- A oportunidade de me ajudar a arrumar meu guarda-roupa. – respondeu com um falso ar de seriedade. Tornando impossível o meu silêncio, tirando-me assim, uma alta risada.
- Você é inacreditável!
Levantamos e fomos para o cômodo. Rachel me deixou com a caixa de jeans e vestidos. Dobrei os shorts e as calças, e coloquei os vestidos em cabides.
Ouvi meu celular apitar, avisando que eu tinha recebido um novo SMS:
“Oi baby, como tá o dia de mudança?” – Lewis.
Respondi com um sorriso bobo no rosto:
“Agora que começou a parte pesada: tirar tudo das caixas!” – Laura.
- Lewis? – perguntou Rachel.
- An...? É, sim. – respondi depois de desviar a atenção da tela.
- Fala que mandei um abraço. – disse enquanto colocava os sapatos pendurados atrás da porta.
“ Rachel está mandando um abraço!” – Laura.
“Poxa amor, essa realmente é a parte mais chata. Fala pra ela que mandei outro, e que é pra ela cuidar bem do meu amor!!!” – Lewis.
- Rachel?! – chamei.
- Sim?! – respondeu sem parar o que estava fazendo.
- Acho que agora que você tá aqui, eu posso voltar a juntar o dinheiro da faculdade. – olhei para o nada e franzi as sobrancelhas enquanto analisava a situação.
- Essa é uma ótima notícia! Já sabe o que vai fazer?
- Pensei em História da Arte.
- Olha, acho que deveria ir lá comigo amanhã. Conversar com a coordenação do colegiado e saber se é isso mesmo que você quer. – disse olhando pra mim.
- Tem razão, é melhor eu ir logo, assim posso me informar até dos valores.
Voltamos as nossas tarefas e passamos o resto do dia discutindo assuntos corriqueiros.
Na manhã do dia seguinte, eu estava sentada na recepção do colegiado do curso, enquanto aguardava ser atendida.
- Srta. Harrier, a Sra. Blair já está liberada! – informou a secretária. Segui para a salinha pequena e cheia de pastas pelas prateleiras.
- Bom dia. – cumprimentei-a, anunciando minha entrada.
- Oi, bom dia. Laura, né?! – a mulher na minha frente já deveria ter pouco mais de 50 anos.
- Isso.
Ajustei uma das cadeiras e me acomodei.
- Então, querida, como posso ser útil?
- Pensei em ingressar no curso de História da Arte. Vim no intuito de conhecer a grade curricular, as matérias extracurriculares, valores... Esse é o mais importante no momento.
- Isso é ótimo! Mas o valor não é o mais importante, e sim a grade. Você não vai pagar 5 dólares pra aprender uma coisa que você não gosta. Mas, com certeza, pagaria mil para assistir aulas que vai se apaixonar.
- Mil? – perguntei assustada.
- Calma. – ela riu, e gesticulou com as mãos. – É apenas um exemplo. O valor pode sim ser “salgado", mas você pode conseguir uma bolsa através de uma prova aplicada daqui... – pegou o calendário de papel cartão na mesa. – daqui uns 5 meses. É, é um tempinho apertado para estudar. – contorceu a boca numa leve preocupação. – Mas assim, você pode fazer a prova, nesses 5 meses faça uma poupança, se possível, e se infelizmente não for dessa vez, pode tentar na próxima.
- Nossa. – admito que fiquei um pouco desanimada. Cinco meses era pouquíssimo.
- Mas não pense por esse caminho. Agora vou te mostrar a grade curricular, que pode ser o empurrão que precisa pra focar nos livros.
Levantou-se e foi até uma das várias pastas, voltou com a mesma aberta enquanto folheava algumas páginas.
- Esse aqui é o edital do curso. – pôs os papéis na minha frente. – Aqui são as vagas por semestre, valores, que veremos depois. E finalmente, as matérias!
Puxei um pouco mais pra perto e fui lendo. Os dois primeiros semestres tinham algumas matérias obrigatórias que pareciam ser bem cansativas. Mas logo fui passando para os próximos semestres e para as matérias extracurriculares.
Bom, foi amor a primeira vista!
- Estou vendo daqui o brilho nos seus olhos! – disse a Sra. Blair com um sorriso encorajador no rosto.
- As primeiras me deixaram com algumas dúvidas, mas o restante do curso é maravilhoso.
- Vou pedir para a moça da recepção tirar cópias desses papéis para você. Leve pra casa, analise calmamente e depois decida seu futuro.
- Muito obrigada, Sra. Blair, nossa conversa me ajudou muito, e me deixou muito interessada.
- Fico feliz em saber que já temos uma nova aluna. Sim, já estou te considerando da casa! – ela deu uma risada cheia de simpatia.
Saí dali cheia de esperança e aguardei pelas cópias.
E assim foram as próximas semanas, entre os corredores das bibliotecas, me enchendo de livros e artigos de papelaria para começar a encarar os meses seguintes.
Então minha nova rotina consistia em: estudar pela manhã, trabalhar de tarde e estudar mais pela noite. Precisava me esforçar, já que meu concorrentes tiveram a oportunidade de começar cedo.
O dia da prova chegou. E por incrível que pareça, Lewis e Rachel estavam mais ansiosos do que eu!
No meio dos treinos do meu namorado, e dos livros que me acompanharam durante os últimos cinco meses, não conseguimos manter contato todos os dias. As vezes era apenas uma ligação por semana.
Passou-se quase um mês, e lá estavamos eu e minha amiga para conferir o resultado.
- Harrier, Harrier, Harrier... – a loira repetia enquanto deslizava o dedo na folha grudada no quadro de avisos, procurando meu nome.
- Harrier, Laura Ruth. – pronunciei baixinho, mas conseguindo chamar a atenção da nervosa do meu lado.
- E então? Achou?
- Aprovada... – disse num fio de voz. Rachel verificou a linha para a qual eu apontava.
- Laura! Você passou! – Senti meu corpo sair do chão por alguns centímetros quando fui abraçada fortemente. – Rápido, liga pro Lewis! – mandou quando me soltou.
Catei o celular no bolso traseiro da calça, disquei o número e ouvi chamar duas vezes até ser desligado.
“Desculpa, Lau. Estou no meio de uma reunião muito importante. Assim que sair daqui te respondo com calma.” – Lewis.
- Reunião. – levantei o aparelho um pouco desanimada.
- Já tem um tempinho que vocês não conversam direito, né?!
- É, mas não tem culpado nessa história. Nossas vidas estão seguindo rumos diferentes e bem ocupados. – fomos caminhando para fora do campus.
- Bom, você acabou de receber uma notícia maravilhosa, que vai mudar toda sua vida. Então vamos logo pensar numa bela comemoração.
- Sim, claro. – tentei passar algum ânimo na minha voz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Behind The Flash
FanfictionA vida de Laura e Lewis não era fácil, mas o amor entre eles era capaz de passar por cima de tudo. Ou quase tudo. 10 anos depois, com vidas diferentes, eles se encontram. Os dois perseguidos pelas câmeras. E existe uma maior dificuldade em esconder...