1.0

197 15 7
                                    

"Eu ando pelo mundo

E meus amigos, cadê?

Minha alegria, meu cansaço

Meu amor, cadê você?"

- Adriana Calcanhotto

Los Angeles, Califórnia - EUA.
Fevereiro de 2017.

- Laura, Laura! Aqui, Laura! – gritavam os fotógrafos quando me viram saindo do restaurante. O segurança me escoltou até o carro e depois sentou no banco do motorista, acelerando em seguida.

- Para onde vamos agora, Senhorita Harrier? – perguntou Julius.

- Casa. Preciso estudar o novo roteiro.

- Desculpa perguntar, mas é do Homem-Aranha? – soltei uma risada.

- É sim. Mas isso é tudo que posso te contar.

Senti o celular vibrar no meu colo e notei que era uma mensagem do Klay.

“ Acho que vou chegar cedo hoje, passo aí pra te ver.” – Klay.

“ Vou esperar, meu amor!” – Laura.

O resto do caminho foi tranquilo, e felizmente a entrada do prédio, que meu apartamento ficava, estava livre dos abutres.

Eu morava perto de todos aqueles famosos de Los Angeles, já que agora eu também era uma, e precisava de um lugar seguro.

Quando abri a porta escutei um murmúrio. E entrando mais na sala, notei que eram Zendaya e Thomas sentados no sofá. Belle, a senhora que tomava conta de tudo na casa, estava servindo bebidas para eles. Zendaya pediu um vinho, enquanto o Tom quis apenas um café puro.

- O que faz vocês acharem que podem ficar invadindo minha casa e se apossar da boa vontade da Belle? – brinquei.

- Você disse tudo: ela está aqui de boa vontade.- disse o homem.

- Ela ama a gente. – completou a morena. – E a gente veio aqui pra falar um pouco do roteiro novo. Até quando eles vão ficar mexendo nas cenas? Que droga.

- Mudaram de novo? – peguei a pasta na mesa de centro e sentei na poltrona.

- Sempre tem uma mudança, por menor que seja, e a gente tem que saber. – apontou pra si e depois pra mim. Zendaya não era principal nesse primeiro filme, mas não desgrudava dele.

- E você, tá fazendo o que aqui? – perguntei para ela.

- Passeando. - respondeu sínica.

- Eu sinceramente não sei como conseguem esconder esse namoro. – folheei as páginas.

- Não tem como esconder uma coisa que não existe. – Tom disse sem graça.

- Não, amor. – minha amiga colocou a mão no ombro dele. – Tentar enganar a Laura é uma fase que a gente já passou.

- Jacob também já sabe. – completei. Estava me referindo ao Jacob Batalon.

- E só! Então vamos deixar assim. – pediu um pouco nervoso.

- Cadê o seu namorado atleta? – Zen perguntou com uma carinha de desprezo. Eles não se davam muito bem. Na verdade, ela detestava ele.

- Disse que passa aqui hoje. – meu sorriso se abriu ao lembrar dele.

- Sabe que consegue coisa melhor, né?!

- Zendaya! Por Deus! – Holland repreendeu-a.

- Desculpa, apenas sendo sincera. – levantou as mãos na frente do rosto em rendição. – Olha pra você, uma modelo renomada e atriz exemplar.

Lembro como ontem, meu primeiro ensaio fotográfico, em 2008. Depois disso minha vida mudou totalmente.

Deixei a faculdade para trás, junto com os amigos e Chicago. Mudei para New York, desfilei em inúmeros palcos e fui capa de várias revistas. E quando dei por mim, já estava explorando o mundo dos cinemas.

Em um desses eventos cheios de celebridades, conheci o jogador da NBA, Klay Thompson. Passamos três meses apenas trocando mensagens, devido a suas viagens constantes, e no nosso primeiro encontro, ele me pediu em namoro. Achei que era uma brincadeira e gargalhei. Ele ficou confuso, então percebi que era verdade.

Pedi para que me levasse em mais dois encontros, e então observar se era isso mesmo que queria.

Não preciso dizer que no terceiro encontro, ele me beijou no final e disse que eu poderia voltar para casa como uma mulher oficialmente comprometida.

E eu aceitei.

Me sinto muito bem com ele, mas sou sincera em confessar que não sinto por ele o mesmo que senti pelo Hamilton.

Esse que era tão famoso quanto eu, se não mais! Ganhando uma corrida atrás da outra, e algumas temporadas.

Nosso último contato foi naquele fatídico Setembro de 2008. Logo depois descobri que a tal pessoa era ninguém mais que Nicole Scherzinger, a vocalista do grupo musical feminino, The Pussycat Dolls. Depois disso evitei ao máximo saber da vida deles.

Os rumores que rolavam entre os famosos era que ela estava com ele apenas pela fama.

- Alô, Ruth! – Zendaya chamou-me.

- Você viaja com frequência, né?! – constatou meu amigo.

- Desculpa pessoal, agora tô aqui. Do que estávamos falando?

Passamos o resto da tarde discutindo sobre algumas cenas, e no início da noite eu fui me arrumar, depois que eles se despediram. Coloquei uma lingerie rosa e um vestido branco de algodão, bem soltinho. Estava descalça e com os cabelos soltos quando ouvi a campainha tocar.

Cheguei na sala e ele já estava lá, corri em sua direção e pulei em seu colo, enlaçando minhas pernas na sua cintura.

- Porra, que saudade de você! – ele falou me apertando em seus braços, enquanto inalava no meu pescoço.

Segurei seu rosto e enchi de beijos por todo canto e depois desci dali.

- Cansado? – perguntei ao notar um leve escurecimento em volta dos seus olhos.

- Um pouco. – sentou-se no sofá e deu dois tapinhas na coxa, me chamando. Sentei ali e passei o braço por seu pescoço. – Mas pra você tô sempre pronto.

Começou a distribuir beijos pelo meu colo.

- Amor, assim não vou conseguir te contar como foi minha semana...

- Posso saber depois. – disse contra meu maxilar.

- E sobre a sua semana? Os jogos?

- Só procurar na Internet. – era como se eu estivesse tentando manter um diálogo com uma porta.

- Klay! – chamei num tom mais firme.

- O que foi agora, Laura? – me olhou descontente.

- É que você já chega aqui querendo me levar pra cama. – respondi baixo.

- Claro, eu chego aqui morrendo de saudade desse corpinho. - e logo foi subindo as mãos pelo meu quadril.

- Mas eu gosto de conversar, colocar as novidades em dia.

- Faz isso com suas amigas. – passou a mão nas alças do vestido, descendo pelo meu ombro até deixar o sutiã a mostra. Naquele momento eu vi que tinha perdido a batalha e puxei seu rosto para um beijo.

Klay era um pouco complicado as vezes. Sem muita paciência, mas eu conseguia conciliar. Entendia que seu trabalho era difícil, já que muita gente contava com o bom rendimento dele e a vitória do time.

Seu temperamento entrava em modo vermelho quando o Golden State perdia alguma partida.

Certa vez eu perguntei o porquê dele não ser mais tranquilo como o Curry. Isso me rendeu um tratamento de gelo por quase duas semanas.

Mas eu gosto muito dele, e sei que todo relacionamento tem problemas. Então trabalho para impedir que esses problemas acabem com o que temos.

Estávamos na cama, abraçados.

- Klay?! – chamei.

- Hm? - murmurou.

- Estou com um conflito na agenda e queria sua ajuda. – passeei os dedos em sua barriga.

- Manda!

- Calvin Klein e Louis Vuitton querem trabalhar comigo, e minha agenda não me permite aceitar as duas campanhas.

- Quais são as coleções trabalhadas?

- Conjuntos de lingerie na Klein e bolsas na Vuitton.

- Acho que a segunda opção é a melhor. – diz indiferente.

- Mas a Klein além de pagar melhor tem uma maior visibilidade.

- Mas a Louis Vuitton é clássica, algo mais a sua cara.

- Talvez tenha razão. Vou conversar com o Robin. – senti seu tronco subindo com a respiração funda.

- Pensou sobre o que eu te falei?

E eu já tinha noção do que se tratava.

- Não, Klay! – sentei na cama num rompante. – Essa conversa não!

- Sabe minha opinião. – e colocou as mãos debaixo da cabeça.

- E não concordo! Harper me acompanha desde sempre, ele me descobriu! Não posso quebrar nosso contrato por conta do seu ciúmes besta. – bradei.

- Não é um ciúmes besta, e sabe disso. Você é a pessoa da qual ele passa mais tempo junto depois do divórcio.

Robin Harper era meu empresário, aquele mesmo que me descobriu em Chicago. Ele era apenas um fotógrafo quando nos conhecemos, mas, por ter um melhor conhecimento da área, começou a me auxiliar e depois tornamos nosso contrato uma realidade.

Mas Thompson não gostava dele, e passou a gostar menos ainda depois que ele se divorciou, 2 anos atrás.

- Dar continuidade a essa conversa é pedir por uma briga. – levantei dali e entrei no banheiro.

Liguei o chuveiro e esperei até chegar na temperatura ideal enquanto enrolava o cabelo. Não demorei a sentir as mãos grandes apertarem minha cintura. Klay deixou alguns beijos no meu ombro.

- Sabe que sou louco por você, né?! E que morro de medo de te perder.

Não disse uma palavra.

- Olha como você é toda gostosa. Tá cheio de cara por aí te querendo, no mundo todo! – brincou, e soltei um risinho involuntário. – Vou te dar um banho bem gostoso agora...

- Não, amor. Estou cansada demais. – choraminguei.

- Vou te relaxar, sossega. – virei a tempo de ver seu sorriso malicioso. Segurou meu queixo com a ponta dos dedos e me beijou calmamente. Senti enquanto sua outra mão escorregava pela minha barriga, descendo.

Behind The FlashOnde histórias criam vida. Descubra agora