Primeiro de Agosto de 1969
Mil novecentos e sessenta e nove significava para Yoongi o portal para um novo mundo, com infinitos novos percursos para traçar e histórias para viver. Uma virada de década sempre era sinônimo de recomeço e não havia nada no mundo que ela desejasse mais do que tomar as rédeas da própria vida e seguir por rumos completamente diferentes. Em um passado recente, não tinha muita convicção de que as coisas poderiam melhorar, mas naquele momento estava confiante de que havia um lugar para ela no mundo. Finalmente conseguiu impulso necessário para buscar por seus sonhos que foram violentamente reprimidos. Parte disso tinha a ver com Hoseok.
Yoongi costumava ver a si mesma como uma espécie de concubina, aceitando migalhas de um afeto passageiro, um pouco de dinheiro e nenhuma satisfação pessoal. Hoseok não pediu que desse alguma coisa em troca, nem ofereceu caridade a ela, apenas indicou um caminho para que conquistasse um objetivo por mérito próprio. Ele acreditou no potencial que ela tinha e talvez esse fosse o principal motivo de seu grande apego emocional. Queria mais do que tudo no mundo deixá-lo orgulhoso.
Em sua primeira semana no novo emprego ela aprendeu tantas coisas novas que foi como voltar à sala de aula. Suas funções consistiam em cuidar da agenda do patrão, atender telefonemas, organizar horários, recepcionar, providenciar reservas em restaurantes, cuidar da correspondência e mais uma infinidade de pequenos detalhes da rotina de um artista renomado. Apesar do currículo vago, conseguir aquele trabalho só foi possível por seu carisma e facilidade de se adaptar. A princípio foi tão cansativo que no final do dia mal conseguia se manter em pé, mas essa foi uma sensação surpreendentemente maravilhosa. Não se importava com a quantidade de obrigações, estava extremamente empolgada com o trabalho. Pela primeira vez na vida conseguiu ficar em paz com si mesma genuinamente.
Tudo parecia estar perfeitamente bem até ela receber uma ligação durante a manhã, despejando palavras em sua cabeça como um balde de água fria. Não queria abusar da gentileza do patrão, mas precisou faltar ao trabalho para resolver uma questão de extrema urgência. Entre um transporte e outro, correu pela cidade movida por uma preocupação esmagadora até um dos maiores hospitais da cidade. Ao se deparar com a fachada imponente, Yoongi sentiu um aperto forte no coração.
Adentrou apressadamente o saguão e logo se dirigiu à recepção.
— Bom dia, estou procurando por Hoseok Fleming. — disse a uma das funcionárias atrás do balcão e só então se deu conta de que estava ofegante.
Antes que pudesse obter alguma resposta sentiu uma mão tocando seu ombro e no instante seguinte uma voz doce dizer:
— Com licença, você é Yoongi?
Virou-se para responder à indagação e se deparou com uma mulher desconhecida. Alta, dona de um par de olhos azuis cristalinos, cabelos loiros ondulados perfeitamente arrumados em um corte curto e trajando roupas caras e clássicas como alguém que possui uma importante reputação. Era de longe uma das pessoas mais bonitas que Yoongi já pôs os olhos, parecia uma fada de algum reino encantado das histórias infantis.
— Sim, sou eu.
— Diana. — A mulher estendeu a mão para que cumprimentasse. — Eu sou a mãe do Hoseok.
Foi perceptível que Diana fez um julgamento silencioso, analisando-a dos pés à cabeça no segundo que a viu. Imediatamente depois, direcionou a Yoongi um sorriso doce e receptivo. Não era possível prever o que estaria passando na cabeça da mulher, mas ela possuía um olhar muito caloroso.
— Vem comigo, ele está esperando por você. — disse com sua voz serena e aveludada, tocou-a novamente pelo ombro e encaminhou-a pelo corredor com delicadeza.
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Feriado Nacional
FanfictionHavia algo de muito estranho no ano de 1969. Não eram os foguetes sendo lançados no espaço, nem o fim dos Beatles e muito menos o modo de vida dos hippies. Em Nova Iorque, Taehyung explorava a noite como Drag Queen, desafiando os limites da própria...