28 de Junho de 1969E Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança; e domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre o gado, a terra, os répteis”. E à sua imagem Deus criou o homem e partir dele fez surgir a mulher. Ao menos era isso que estava escrito no livro de Gênesis da Bíblia católica a qual Jungkook foi ensinado a respeitar. Não sabia dizer ao certo se realmente chegou um dia acreditar naquilo ou apenas se conformou com o que lhe era dito. Na verdade, sequer sabia afirmar o que realmente acreditava.
A sua crença ou não em Deus nunca foi um questionamento, mas já fazia algum tempo que passou a se perguntar sobre tudo. De repente, o mundo a sua volta não parecia mais legítimo. Como se vivesse dentro de um quadro pintado com as pinceladas de outras pessoas. O que tinha conquistado na vida por mérito? Não conseguia se lembra de um só fruto de seu próprio esforço. Sempre teve tudo a sua disposição.
Quando era criança participava de várias atividades desde de futebol até línguas. Gostava de desenhar e usar tinta, por isso recebeu todos os materiais possíveis para expressar sua criatividade. Ainda sobrava tempo para acompanhar as mirabolantes aventuras que Hoseok aprontava. Usavam o estilingue para jogar pedras nos passarinhos, apostavam corrida de bicicleta, nadavam pelados no lago do rancho, tiravam as cabeças das bonecas de Maya só para fazer ela chorar. Também não poderia deixar de se lembrar das tardes de cinema, piqueniques e passeios a cavalo que fazia com Yejin, a melhor mãe que poderia ter sonhado em ter. Nenhuma angústia, nenhuma preocupação.
A adolescência foi recheada de boas festas, viagens e fins de semana com os melhores amigos. Seu maior desafio era ganhar a competição de quem conseguia beber mais cerveja, nada além disso. Não sabia lidar com os obstáculos que apareceram porque nunca teve nada que bloqueasse seu caminho antes. Encontrava-se então em uma completa negação e descontrole dos próprios sentimentos.
Estava no meio de um jogo de tabuleiro em que qualquer movimento poderia acabar magoando uma pessoa. Só tinha uma certeza: não poderia mais permanecer parado.
Jungkook mais uma vez não conseguiu dormir, rolou de um lado para o outro na cama sendo torturado por todos esses pensamentos, tentando buscar uma resposta simples que pudesse resolver tudo. Ficou encarando o escuro do quarto e articulando qual seria a escolha certa. Independente das razões românticas, qual deveria ser seu próximo passo enquanto ser humano dotado de escrúpulos?
Foi quando ouviu o telefone tocar na sala. Já era madrugada, todos na casa estavam dormindo e dificilmente levantariam para atender. Por que alguém ligaria naquele horário? Assustado com o que a ligação poderia significar, Jeon caminhou no escuro até a sala até alcançar o aparelho.
— Alô? Casa dos Landucci. — disse confuso e sonolento.
— É com Jungkook que estou falando? — Uma voz feminina mal humorada desconhecida soou do outro da linha.
— Sim, sou eu.
Jungkook precisou se sentar no sofá, preocupado com a chamada repentina na calada da noite.
— Estou ligando do hospital. Estamos aqui com seu amigo Kim.
O coração saltou uma batida. Só podia ter entendido mal.
— Pode repetir, por favor?
— Taehyung! Conhece esse nome?
— Conheço sim.
— Ele está aqui na nossa emergência. Pediu para que você viesse rápido. — A mulher passou o endereço e Jungkook fuçou a mesa de canto em busca de algum bloco de notas que pudesse escrever, mesmo não enxergando direito.
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Feriado Nacional
FanfictionHavia algo de muito estranho no ano de 1969. Não eram os foguetes sendo lançados no espaço, nem o fim dos Beatles e muito menos o modo de vida dos hippies. Em Nova Iorque, Taehyung explorava a noite como Drag Queen, desafiando os limites da própria...