8 de março de 1969
— Sinceramente, para mim não faz nenhum sentido as forças militares de qualquer país impedirem a supremacia da vontade popular. — declarou Steve Landucci, em seguida tomando um gole de seu café.
Jungkook o ouvia enquanto se preocupava em mexer o açúcar no copo de suco, mas não dava muita atenção porque não se interessava por política. Na verdade, ninguém além de Steve tinha interesse em discutir sobre a guerra¹, mas ouviam o que ele tinha a dizer já que era inevitável.
Os cafés da manhã em família não eram frequentes, mas aconteceu de comerem juntos naquele dia. Steve estava sentado na cabeceira da mesa, vestindo uma de suas quase idênticas camisas de botões e com os cabelos castanhos semi grisalhos penteados com gel. Ele era sempre muito formal e sistemático; falava pouco e agia de maneira inexpressiva.
Sentada próximo a ele, a mãe de Jungkook era o extremo oposto. Yejin gostava de conversar sobre trivialidades, ria de humores simples e sorria sempre em uma conversa. Ela estava usando um vestido branco que fazia parte do imenso acervo de roupas caras que colecionava. Usava brincos de pérolas e anéis de ouro e estava maquiada e com cabelo bem arrumado, como sempre. Tomava uma xícara de café e comia um croissant enquanto fingia prestar atenção no que o marido falava.
Por fim, ao lado de Jungkook estava uma presença ilustre. Aquele café conjunto não estaria acontecendo se Maya não estivesse presente. Ela se preocupava em ouvir atentamente tudo o que Steve falava, embora não tivesse conhecimento sobre o assunto. Bebericava o chá enquanto concordava com a cabeça para tudo que ele dizia.
— Hoje vamos assinar os documentos para oficializar o local da festa. — Jungkook mudou de assunto para salvar a todos daquela conversa.
— Isso é ótimo, meu filho! — Yejin disse animadamente. Esticou o braço para tocar a mão de Maya em cima da mesa e falou olhando nos olhos dela: — Estou muito feliz por vocês, minha querida. Sei o quanto estão se esforçando para planejar isso e tenho certeza que vai ser o casamento mais bonito que essa cidade já viu.
Maya apertou de volta a mão da sogra, sorriu e respondeu:
— Obrigada, sra. Landucci. Nós é que agradecemos pelo apoio de vocês. Não é, Jungkook? — Direcionou o olhar ao noivo para incentivá-lo a falar porque sabia que ele não faria isso de forma espontânea.
Jeon respondeu um "sim" mecânico. As duas separaram as mãos e continuaram conversando sobre os preparativos, mas ele acabou se perdendo em seus próprios pensamentos. Dentro de alguns meses estaria casado, vivendo na sua própria casa e iria adquirir responsabilidades que nunca imaginou que teria antes dos trinta anos. Sentia-se apavorado com essa perspectiva.
Olhou atentamente para Maya e tentou se lembrar a razão para estarem juntos. Ela era sua melhor amiga, a pessoa mais gentil e amável que conhecia, além de ter sido sua primeira em muitos sentidos. Tinha a sensação de que os dois se completavam e se encontraram porque era preciso.
— Quer alguma coisa, senhor? — Jungkook voltou à realidade ao ouvir aquela voz. Olhou para o lado e viu Jimin de pé ao seu lado com o corpo levemente inclinado para que pudesse falar mais próximo.
Jimin parecia um felino sorrateiro espreitando os pensamentos de Jungkook. Ele aparecia de repente e lançava um olhar convicto como se soubesse tudo sobre as pessoas. Para completar, havia aquela maneira cordial de falar acompanhada pelas vestimentas formais de mordomo que o deixavam muito mais sério do que alguém tão jovem deveria ser.
— O que? — Jungkook estreitou os olhos e perguntou confuso.
— O senhor não comeu nada até agora. — disse, e apontou com a cabeça para o copo cheio e o sanduíche intacto. — Posso fazer outro lanche se quiser.
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Feriado Nacional
FanfictionHavia algo de muito estranho no ano de 1969. Não eram os foguetes sendo lançados no espaço, nem o fim dos Beatles e muito menos o modo de vida dos hippies. Em Nova Iorque, Taehyung explorava a noite como Drag Queen, desafiando os limites da própria...