15. Presente

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    14 de Junho de 1969 

   

Pela pequena fresta deixada na cortina, passou um tímido feixe de luz que foi atingir direto nos olhos de Jungkook. Incomodado pela luminosidade, virou-se para o outro lado da cama e sentiu dores musculares percorrerem todo o seu corpo. Sabia que parte disso era culpa do treino excessivo de box ao qual se submeteu, mas também era resultado de uma fadiga emocional que se arrastou por quase toda a semana. O acúmulo dessa carga sentimental resultou em adoecimento. 

    Depois de ser despertado pela radiação solar, Jeon não conseguiu mais adormecer. Ficou deitado na cama sendo atormentado por uma forte dor de cabeça e por uma série de pensamentos desconfortáveis. Maya estava brava com por ter sido omisso, Taehyung estava decepcionado por não ser confiável e Hoseok furioso por ser irresponsável. Resumindo, estragou tudo. Não estava sendo um bom filho, nem um bom amigo, um bom namorado ou… O que ele e Taehyung tinham mesmo? Não sabia classificar.

    Deitou de costas no colchão, ficou olhando para o teto e se martirizando por ser do jeito que era. Jungkook nunca se sentiu tão confuso e cheio de incertezas. Tudo que planejou para si mesmo parecia estar errado e aquilo que nunca imaginou desejar se tornou muito tentador. Estava literalmente traindo a própria confiança, decepcionando a si mesmo, descumprindo promessas íntimas. Como se duas personalidades habitassem o mesmo corpo, odiava intensamente seu "outro eu". Só não sabia dizer qual exatamente.

    — Amorzinho? — A porta foi aberta o suficiente para que Yejin pudesse enfiar a cabeça. — Está acordado? 

    — Estou. — Ele respondeu se espreguiçando na cama. 

    — Ótimo. — A mulher entrou no quarto usando seu longo robe de seda, indicando que também tinha acabado de se levantar. Andou até a janela e abriu as cortinas completamente para a luz entrar, fazendo os olhos de Jungkook arderem pelo excesso de luminosidade. — Está tão quente, o que acha de irmos na piscina do clube? Podemos tomar uns refrescos. 

    — Mãe, eu não estou me sentindo muito bem. Fica para uma próxima, pode ser? — Tudo o que mais queria era ficar deitado naquele colchão até que tudo magicamente se resolvesse. 

    — O que houve com meu bebê? — Ela se aproximou e sentou ao lado de onde ele estava deitado na cama. Colocou a mão na testa do filho para conferir a temperatura. — Você parece estar com febre. Vou trazer um termômetro e um remedinho, ok? 

    — Não. — Jungkook impediu que se levantasse e arrastou o corpo para que pudesse repousar a cabeça no colo dela. Pegou uma das mãos da mãe e posicionou de forma que pudesse acariciar os fios do seu cabelo. Era tudo o que precisava. — Fica aqui. 

    — O que aconteceu com você? — perguntou enquanto passava os dedos carinhosamente pelos fios negros. 

    — Não é nada, só estou cansado. — murmurou. 

    — Mentir para a mãe é pecado. 

    A relação entre Jungkook e Yejin sempre foi dúbia. Por um lado amava conversar com ela sobre o cotidiano, rir, contar histórias e pedir conselhos. Por outro, era obrigado a lidar com a rígida educação coreana que condenava duramente muitas das atitudes que tinha. Para falar com ela, suas palavras tinham que primeiro passar por um filtro. Estava fora de cogitação contar sobre Taehyung ou revelar suas incertezas a respeito da longevidade do próprio noivado. 

    Precisava ser cauteloso e indireto. 

    — Como você teve certeza que estava fazendo a coisa certa? Digo, se casando com o Steve. 

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