The Last Song • jjk + pjm [HIATUS]

ℭαp. 08

Seu coração falava consigo.

E por mais que não entendesse o que ele falava, se colocava a ouvir com atenção. Isso fazia parte do processo de entender seu tempo, e por mais que quisesse fugir, continuava ali dizendo a si mesmo que estava difícil, mas que não desistiria assim tão fácil.

Tentava compreender Jimin enquanto o segurava apertado contra si com a destra enquanto a canhota apertava a tela pintada pelo loiro, procurava proteger quem estava em seus braços de um perigo que não conhecia, não sabia onde doía, não sabia quem o machucou, não sabia nada a respeito de Jimin. E por mais que tentasse entender, o rapaz sempre o afastava e depois voltava com um coração congelado querendo ser aquecido. Compreendia a carência de um peito pesado, mas era difícil entrar em sua cabeça o fato dele voltar; a questão era que o loiro era uma incógnita, isso era um fato, mas Jungkook não saberia dizer até onde aguentaria ser deixado de lado e logo depois ser arrastado de volta. Não tinha tempo para isso, por mais que quisesse que seu relógio parasse apenas para o moreno estar sempre ao dispor de Jimin.

— É melhor irmos, acho que vai chover. — Soltou o loiro devagar e estendeu a mão para que o mesmo pegasse seu trabalho de volta. — Ficou muito bom — disse o simplista, se referindo ao quadro.

— Não o suficiente.

— O que seria um quadro suficientemente bom para agradar você?

— Um que só recebe elogios. Simples.

— Elogios não significam nada, nunca significaram. Eu posso dizer que essa sua boina é linda quando na verdade vou estar pensando "ele não se toca? Essa cor é horrorosa". Não é o elogio que vai te fazer crescer, é a verdade dita com sinceridade e cuidado. — Deu de ombros, já cansado. — Enfim, quer que eu te leve pra casa?

— Você deve tá querendo mesmo se livrar de mim. — Riu baixo, abraçando a tela. — Mas não precisa, não quero lidar com meus amigos agora, vou beber alguma coisa antes.

Não soube o porquê, mas a ideia de Jimin beber sozinho aquela hora não o agradou. Diante disso, preferiu continuar de olho nele. Gostava da presença de Park mas não sabe se aguentaria ser tratado igual lixo novamente.

— Vou com você, então. Se me permitir, é claro. — O olhou com atenção vendo se o loiro iria se opor diante do convite e, como não obteve resposta negativa, continuou. — Tem algum lugar em mente? — Apanhou novamente a tela e caminhou devagar em direção ao seu carro na direção oposta.

Só notou que Jimin não o acompanhava quando abriu a porta para colocar o quadro no banco de trás e de soslaio viu que estava sozinho, e só então se virou, o encontrando no mesmo lugar, mexendo em seus dedos e de cabeça baixa. Jeon respirou fundo e caminhou de volta para o rapaz.

— O que houve? — Ergueu o rosto de Jimin, o segurando pelo queixo e só quando seus olhares se encontraram, o moreno o soltou.

— Por que você continua aqui? Eu não preciso de pena. — Sua voz soou baixa e fria. Os olhos ainda inundados não mostraram fraquezas, seguraram as lágrimas fortemente sem deixar escapar sequer uma, estavam presas. Seus crimes? Bom, pena máxima por sentir demais o peso da vida.

Jungkook o analisava com atenção, seus olhos captavam o vento fraco batendo nos fios loiros, os cílios finos baterem na bochecha minimamente, notava até mesmo a ponta do nariz vermelha por tanto chorar, e por mais que lutasse, sabia que jamais conseguiria tirar Jimin do fundo poço. Como ele já disse, faria isso sozinho, mas isso não o impedia de descer ao fundo com o mesmo. Jeon não queria ser herói, só queria ser amigo.

— Não tenho pena de você, nunca tive. — Suspirou audível protegendo suas mãos nos bolsos dianteiros da calça jeans.

— Então por que você tá aqui? Por que continua atrás de mim? Cadê o Yoongi?! Eu não chamei você, Jeon Jungkook! — explodiu gritando diante de si, ainda sim se manteve forte aprisionando suas feridas em formas de lágrimas. Estava cansado, isso era um fato, mas não se deixar ser cuidado era o que preocupava o moreno.