The Last Song • jjk + pjm [HIATUS]

ℭαp. 11

#OceanoInquieto 🌊

Naquela manhã, ele quis pintar.

Não como Jimin, e sim como PJM. Os traços até poderiam ser parecidos, mas o sentimento não era. Também a forma e, definitivamente, a inspiração não era a mesma. Park era dois sendo um só, duas almas diferentes querendo ocupar o mesmo espaço, e por mais que fosse apertado e sufocante, era mágico, ao mesmo tempo.

Quando foi se deitar na noite anterior, sentiu uma paz que não sentia há muito tempo, como se fizesse parte de um plano grandioso. Era difícil colocar em palavras, aliás, desde que conheceu Jungkook não conseguia nomear muitas coisas, se sentia exposto, como se suas muralhas tivessem desmoronado, mas ao invés de sentir medo, ele se sentia livre.

Desde que foi demitido e humilhado na galeria, jurou que não pegaria um pincel tão cedo. Se sentia falho e sua inspiração havia se esvaído, não sabia sobre o que pintar e não conseguia se alinhar consigo mesmo, até perceber que quem estava bagunçado era o pintor Jimin, e não PJM. Esse continuava preso e reprimido querendo se livrar das amarras em que foi colocado para ficar seguro, então se lembrou que era adorado. Haviam pessoas dispostas a abrir mão de seu tempo para o ver pintar, sim, haviam pessoas que só eram amantes de sua arte porque queriam saber quem estava por trás dela – como Baekhyun havia comentado –, mas Jimin sabia que não eram todas. Ele sentia que sua arte tocava.

— Eu quero pintar — foi a primeira coisa que falou quando chegou na cozinha. Continuava descabelado e com as roupas amassadas, ninguém poderia dizer que o rapaz não tinha acordado naquele momento. — Do nada, eu sei! Mas eu quero, tem alguma coisa queimando aqui, preciso colocar pra fora. — Se sentou, tentando conter a agitação.

Taehyung o olhava com surpresa com a colher a caminho da boca enquanto Hoseok o admirava sereno, como se nunca tivesse duvidado que aquele momento chegaria. Não havia perdido a fé no amigo nem uma vez sequer, mesmo que sua preocupação o cegasse, a fé continuava firme.

— Certo... — O Kim foi cauteloso soltando seus talheres e olhando para Hobi, como se procurasse uma resposta para ajudar o loiro.

— Já faz um tempo que você não pinta, desde que saiu da galeria nunca mais tinha tocado no assunto.

— É, eu sei — disse batucando os dedos na mesa enquanto esperava uma reação dos amigos. — E então? Vocês acham que eu devo?

— Eu... Quem é você? Cadê o Jimin? O que aconteceu ontem? Ou melhor, o que mudou de ontem para hoje? — Taehyung se virou na cadeira para olhar melhor para o amigo que ao seu ver estava agindo de forma nada "Jimin" de ser. — Você nunca pede permissão para algo, principalmente se for relacionado a pintura. Chegou todo saltitante ontem e agora quer pintar depois de jurar que jamais pegaria em um pincel novamente? Isso tá estranho.

Houve um momento de silêncio na mesa que poderia ser julgado como tranquilo e reflexivo, todos ainda absorviam as palavras do Kim, até o mesmo que, mordendo os lábios, pensou se havia ultrapassado o limite e chateado o amigo, mas ao contrário do que algum dia poderia imaginar, o loiro continuava com o sorriso balançando.

— Eu não sei o que tá acontecendo, Tae. — Sorriu mais largo. — Mas eu acho que vou ter minhas respostas pintando, é o que tô sentindo aqui dentro. — Apontou para seu peito, na direção de seu coração.

— Ok... Que brega.

— Taehyung, dá um tempo. — Foi a vez de Jung se pronunciar, mirando um olhar afiado para o mais novo que, por sua vez, ergueu os braços em redenção. — Podemos te levar em um ateliê, ou prefere outro lugar? Tem algo em mente?

Jimin parou por um tempo, o sorriso já não era mais amplo, mas continuava ali, tímido e sereno. Pensou onde poderia se sentir confortável para pintar, não queria plateia e nem formar amizades, queria estar sozinho, desacompanhado dos exageros humanos, queria ficar a sós com seus sentimentos, conversar com eles e encontrar as respostas que tanto procurava.