The Last Song • jjk + pjm [HIATUS]

ℭαp. 01

Sentia-se grato.

Quando seus pés timidamente tocaram o chão gelado abaixo de si, teve a certeza que aquele dia valeria a pena ser vivido, talvez tenha pensado isso pela claridade entrando através da janela que dessa vez não o irritou, ou pela casa estar mergulhada em um silêncio acolhedor com o cheiro de café fresco pairando no ar, não saberia explicar caso alguém o perguntasse pelo motivo de sua genuína felicidade, mas não era algo que o mesmo quisesse explicar. Jimin sentia que o dia seria diferente, talvez perdesse seu emprego ou descobrisse que era adotado, só estava disposto a aproveitar aquela oportunidade sincera que a vida lhe deu, como se fosse a última.

Não que sua existência fosse triste ou solitária, era boa, trabalhava com o que amava, era pintor, e muito bem reconhecido por isso, tinha amigos leais que poderiam facilmente serem classificados como irmãos mais velhos, tinha um pai e irmão presentes que faziam tudo por ele, e morava em um bom apartamento com uma vista agradável e ótima vizinhança, na teoria tinha todo necessário para viver de forma plena e estável. Contudo, há tempos que se sentia vazio, logo após seu acidente ele havia perdido uma parte de si, a parte que o fazia transbordar e querer sentir o sopro da vida mais e mais. Sem essa parte seus dias eram bons, mas eram iguais, e aquilo o fazia se sentir incompleto de alguma forma, era trágico, mas por outro lado sua vida corria em um ritmo bom, o fazendo apreciar outras coisas que antes não o chamavam tanta atenção. Jimin era grato todos os dias por estar vivo, e aquilo bastava para o deixar realizado, mas não completo.

— Jimin? — Foi desperto de seus devaneios ao ouvir a voz de Hoseok do outro lado da porta acompanhado de leves batidas. — O café já está na mesa.

O jovem deixou um sorriso escapar se lembrando o quão sortudo era por ter aquele homem como amigo, Jung Hoseok sempre fora um homem admirado e querido por todos, nunca se deixando abater pelos momentos ruins que passavam por sua vida, era apaixonado pelas coisas simples e grato por tudo aquilo que conquistou com muito suor. Era um rapaz que possuía o necessário para esbanjar roupas de grife, carros importados, eletrônicos de última geração e tudo o que o dinheiro alcançava sem esforço, mas sabia que no final das contas aquilo não importava e preferia seguir de forma simplista, morando com seus amigos em um apartamento pequeno e usando suas roupas extravagantes sem preocupação.

Quando Jimin se viu perdido sem conseguir vender uma única tela, Hoseok o convidou para trabalhar consigo no seu escritório de advocacia, ele sabia que o amigo tinha capacidade para se tornar um homem elegante e de grande poder. Contudo, ele recusou imediatamente, sem medo anunciou que viveria pela arte, pintaria grandes telas e um dia quem sabe ser reconhecido por isso, ou talvez ser como Van Gogh, só depois de sua morte ser digno de apreciação, ele não se importava, pintava porque amava. O amigo entendeu de prontidão e se sentiu orgulhoso, jamais pediria que Jimin fizesse algo contra sua vontade, e no fundo sabia que o loiro merecia a liberdade de ser visto e admirado, sua alma colorida demais não foi feita para se esconder entre paredes de concreto e ternos desconfortáveis.

— Jiminie...? — Chamou-o mais uma vez, abrindo sorrateiramente a porta e colocando apenas a cabeça dentro do cômodo, com medo que seu amigo ainda estivesse dormindo. Jung sabia como o loiro ficava quando era acordado antes da hora, ah, como ele sabia... — Ah, já está acordado, por que não me respondeu? — Perguntou após ver o loiro ainda sentado na cama, com os olhos presos na janela e pensativo, assim que mirou em seu amigo, abriu um sorriso iluminado arrancando um do mesmo.

— Bom dia, velhote. — Brincou por ver Jung já trajado para o trabalho com suas roupas sociais rotineiras, era estranho vê-lo sem suas roupas coloridas e de estilo único. Riu baixo ao ver a careta que ele havia feito. — Desculpa não ter respondido, estava pensando.