The Last Song • jjk + pjm [HIATUS]

ℭαp. 06

Amava a vida.

E amava se perder nas linhas dela. Por mais que se conhecesse melhor do que ninguém, ainda se perdia em uma curva ou outra, mas sempre procurava lembrar do caminho de volta. Às vezes era difícil, mas o jovem Jeon gostava de apreciar a paisagem durante o percurso, o rapaz sempre foi grato e sabia reconhecer seus privilégios. Claro, tinha problemas como qualquer outro, problemas que iam desde família até suas inseguranças, mas quando estava a sós com a música, ela o consolava e isso bastava para lhe fazer reconhecer que um novo dia viria e com ele grandes oportunidades. Jungkook sempre foi seu próprio cais durante uma tempestade, e sempre teve seu próprio colo para lhe consolar, e por mais que fosse solitário e silencioso, era ele ali, entre choros silenciosos e gritos abafados. Jeon via beleza em seu próprio caos, porque por mais que não tivesse grandes conquistas, reconhecia que sua bagunça era somente sua e de mais ninguém, e isso bastava para lhe fazer acreditar que tinha o controle de sua vida.

Mas não tinha certeza até onde iria seu controle quando estava na companhia do loiro. O rapaz tinha aquilo que aquecia o coração em dias frios, Jimin se sentia pequeno, um grão de areia querendo conquistar seu espaço no mundo, e era tão ocupado com essa ideia que não percebia que de seus olhos jorravam amor, tão límpido e puro que Jungkook só queria um dia ter a oportunidade de mergulhar neles, e por mais que isso fosse uma grande metáfora, Jeon não ligava, afinal, o jovem era uma metáfora dos pés a cabeça, se colocava de frente com o que poderia o matar todos dias, mas não o dava a oportunidade de fazer.

— No que tanto você pensa? — Sua atenção foi desviada de seus pensamentos para um par de olhos curiosos, o fazendo sorrir fraco.

— Na vida, no controle que eu tenho sob ela. — Deu de ombros andando lado a lado em direção ao seu carro.

— Ninguém tem esse controle.

— Eu tenho, mesmo que pouco.

— Não, você acha que tem. — O loiro parou, o fitando sério. — Tem quem diga que a vida é um presente, por isso procura aproveitá-la, mas ela não é um presente, você não pode controlá-la, não pode segurá-la e esperar a tempestade se acalmar. O mundo não vai esperar você se resolver para voltar a girar. — E lá estavam eles, olhos transparentes como um vidro, e por trás deles muito bem maquiados, estava a presença de tudo o que o machucava e tentava o matar todos os dias.

O caos de Jimin.

— O seu problema talvez seja com o tempo, ou com o mundo. — Jeon voltou a andar, tentando entrar na bagunça do loiro, queria explorar seu limite, vê-lo desabafar e explicar onde doía. E como esperado, Jimin rendeu-se. Logo sua voz mais alta, mais trêmula e mais fina se fez presente.

— Estou tentando te dizer que você não pode controlar o incontrolável! A vida age por conta própria, ela vai te machucar e vai fazer você lidar com isso sozinho até os seus últimos dias! — Jungkook travou, se virando devagar. O limite estava próximo, só restava saber se Jimin se arriscaria.

— A dor foi feita para ser sentida, mas não para ser aguentada sozinha, ninguém aguenta o fardo de uma vida difícil sozinho, Jimin. — Mirou seu olhar para o céu escuro que os cercava; choveria logo mais, e por mais que Jeon amasse dias chuvosos, naquele momento se sentia triste. — Você passa a ter controle quando entende que é seu único amor, que ninguém merece o primeiro lugar no seu coração e te faça sentir que seu lugar é o segundo, você aprende a ter controle quando assume a dor. — De perto Jeon pôde ver o quão dolorida era a alma do loiro, marcada por um passado difícil e com medo de um futuro próximo. — Ninguém deveria sofrer sozinho.

— Então por que você sofre, Jeon Jungkook?

— O quê? — A pergunta havia o pego desprevenido, pensava que estava a frente, mas em uma luta de olhares, Jimin havia lhe dado xeque mate.