ℭαp. 05

2.4K 339 351
                                    


Sentia-se esperançoso.

As palavras do jovem o pegaram tão desprevenidamente que sua única reação foi não ter uma. Queria se agarrar àquilo e voltar a ser a pessoa de alguém, por mais que só o tivesse visto uma única vez, queria voltar a aparecer para o mesmo na hora certa, o ajudá-lo sempre. De algum jeito, a forma que o desconhecido o olhava era tão aconchegante que ele quase quis ser o protagonista da própria vida, apenas para saber se no final ganharia o coração do mocinho. Mas Jimin se recusava ter o papel principal, gostava de ser invisível, mesmo que entre quatro paredes desejasse que alguém o enxergasse.

— Onde se compra amor? — Falou sem pensar, o olhando de perto. A proximidade era perigosa, mas Jimin jamais passaria da linha pré estabelecida por ele mesmo.

— No mesmo lugar que se vende esperança, Solzinho. — A pergunta não tinha sentido, mas ficou feliz de saber que a resposta também não. Jimin era intenso em tudo que fazia, não pensava, apenas fazia. Esse era seu maior defeito, mas a melhor qualidade de Jungkook.

Coragem.

— Você está se sentindo bem? Quer comer algo? — Desconversou cuidadoso. O modo com que viu o jovem havia o assustado mais que o desejado, e sem pensar duas vezes correu para o ajudar, de algum jeito queria estar lá sempre que o jovem ameaçasse cair. Jimin, que nunca suportou ser o sustento de alguém, desejou ser o do moreno.

— Eu adoraria, 'tô meio tonto ainda. — Pôs a mão na testa arrastando a palma até os cabelos, jogando-os para trás. Aos olhos de Jimin, o moreno era perfeito, perfeição que se estendia desde seus olhos redondos inocentes até seus pés cobertos por coturnos grandes. Não que o loiro estivesse sentindo algo pelo desconhecido, isso não aconteceria, Jimin era blindado e seu coração inalcançável, tinha traumas e cicatrizes tão doloridas que jamais as mostraria para alguém, morreria levando sua solidão junto, mas não poderia não deixar explícito o quão lindo o jovem era.

— Conheço um bom restaurante, podemos pegar um ônibus ou um táxi, se preferir. — Alcançou o celular, jogando no navegador o endereço. Ter boa memória não era uma das qualidades do loiro.

— Eu estou de carro, é muito longe? — Sem aviso prévio se aproximou para olhar o aparelho grande demais para as mãos pequeninas de Park, queria dizer que a proximidade não havia o desconcertado, mas estaria mentindo. O cheiro de sabonete de bebê havia o pego tão de surpresa que quis morar ali na curvatura do pescoço do moreno apenas para aproveitar daquele cheirinho sem se cansar ou ser julgado por isso.

Percebendo que o loiro não olhava mais para o celular e sim para si, Jungkook o capturou com os olhos e por míseros segundos se perdeu ali no caos de Jimin. Podia ver a alma bagunçada e o mesmo pedindo socorro, então ali, na calçada de um estúdio de música em meio ao vai e vem de pessoas apressadas demais para os notarem ali, Jimin se mostrou transparente a Jungkook. Havia despido sua alma sem perceber e quis que o jovem pudesse a ler, mas não o salvar, porque Park Jimin era tão terrivelmente dono de si, que se salvaria sozinho.

Jimin se pertencia, antes de pensar pertencer a outro alguém.

— É melhor irmos logo, seu carro 'tá muito longe? — Então como uma brisa leve de verão, Jimin desviou o olhar guardando seu celular e se afastando. Sua transparência havia se tornado nublada antes mesmo de Jungkook conseguir lê-la propriamente.

— Não... Por aqui, vamos. — Ainda pensando sobre o que havia acontecido, o moreno jogou a cabeça para o lado rapidamente, queria espantar aquilo mesmo sem saber o que a troca de olhares havia significado. Caminhou na frente em direção onde havia estacionado o carro, destravando o mesmo e abrindo a porta do carona para Jimin que com um sorriso mínimo se mostrou agradecido e entrou. E por mais louco que aquilo parecesse, não se importou em entrar no carro de um desconhecido, ponderou a ideia de contar a Hoseok sobre aquilo sem saber se o mais velho surtaria de felicidade ou caçaria o moreno para saber se era fichado. Seus amigos eram os melhores.

The Last Song • jjk + pjm [HIATUS] Onde histórias criam vida. Descubra agora