Ace estava sentado no banco de mármore enquanto ouvia o calmo som dos pássaros cantando, seus olhos estavam fechados apenas apreciando o som ao redor, uma tranquilidade tão natural que fazia o moreno se sentir parte daquilo, aquele lugar já era tão conhecido para si que até o considerava um segundo lar.
O Deus sentiu uma mão quente tocar seu braço e pelos arrepios que sentiu em sua pele nem ao menos teve que abrir os olhos para saber de quem se tratava. O moreno sentiu o beijo úmido em sua bochecha e abriu os olhos fitando o imenso oceano preso naquelas orbes.
- Bom dia, Ace, não esperava te ver por aqui - comentou Marco sentando ao lado do moreno, seus braços se tocando suavemente.
- Bom dia, Marco - cumprimentou o moreno com as bochechas levemente avermelhadas e o coração batendo desesperado, apesar de ter se tornado quase uma rotina ser cumprimentado pelo loiro com um beijo na bochecha, Ace ainda se sentia um tanto envergonhado quando isso acontecia - eu gosto muito daqui, é tão bonito, tem som de lar.
- Som de lar? - Marco fechou os olhos e se pôs a escutar as coisas ao redor tentando entender o que o moreno queria dizer - acho que falta um pouco mais de vozes para ser de lar.
- Oh é verdade, você tem uma grande família, não é? - comentou o Deus fechando novamente os olhos apreciando os sons delicados da natureza - onde eu vivo na maior parte do tempo é silencioso, todos estão sempre fazendo algo.
- Sim, meus irmãos e irmãs estão todos casados e alguns tem filhos, então sempre tem muito barulho em casa - disse o loiro abrindo os olhos e se focando no moreno e suas expressões - deve ser bom viver em um lugar silencioso.
- Às vezes é bom, mas nem sempre, gosto quando todos estão juntos conversando - Ace balançou levemente as pernas - e você? Não vai se casar?
- Não é algo que eu realmente queira, mas não é algo que eu tenha escolha - suspirou o loiro olhando para o céu sentindo o vento bater contra seu rosto - depois que eu fizer 30 anos terei que me casar, provavelmente com a minha sobrinha mais velha.
- 30 anos? Então falta pouco menos de um ano - comentou o moreno, seu coração apertado em seu peito.
- É... Daqui um ano estarei casado e participando da Boulé e da Ekklesia - Marco voltou seu rosto para olhar para o Deus, Ace pode ver os pequenos e quase imperceptíveis sinais de tristeza no olhar alheio - acho tudo isso uma grande perda de tempo, contudo, é meu dever cívico e religioso, não há como fugir, a menos que eu morra antes.
- Não - gritou o moreno exasperado arregalando os olhos e segurando os braços do loiro - digo... Você não pode morrer ainda, desculpa - Ace afastou as mãos do loiro e virou o rosto envergonhado.
- Tudo bem, não vou morrer por enquanto - riu o loiro mexendo nos fios negros do menor - ainda não te mostrei tudo de Atenas, tenho muito o que fazer antes de partir.
Ace sentiu suas bochechas queimarem e seu coração palpitar descompassadamente, os dedos alheios em seu couro cabeludo pareciam pequenas correntes elétricas que percorriam todo seu corpo.
- Ouça, Nikólaos, você deveria executá-la como permite a lei, uma traição dessas é um desrespeito a sua superioridade e a organização ateniense, sua mulher deve se submeter a você, assim como os escravos devem se submeter ao seu poder - explicou um homem de cabelos curtos, pretos e encaracolados - eles são menos racionais e é a sentença divina deles seguir nossas ordens.
Ace fechou as mãos em punho sentindo seu sangue ferver ao ouvir aquelas palavras, ele virou o corpo para a direção em que os dois homens passavam discutindo e rangeu os dentes, como eles tinham coragem de falar aquilo de suas criações? Nenhuma ordem divina os separava e os dividia, eram todos iguais para o Deus Sol, como eles poderiam falar em sentença divina se estavam indo contra as vontades do Deus naquele momento?

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Deus Sol
FanfictionAce é um Deus poderoso, o Deus do Sol que aquece e mantém a vida na Terra, muitos são aqueles que o temem, outros tantos que o adoram, por milhares de anos foi louvado e por séculos sacrifícios e oferendas foram feitos em seu nome para a prosperidad...