capítulo 16 - guerras, mitos e sentidos

340 38 69
                                    

Sangue. Era tudo o que se via encobrir o corpo do Deus esverdeado. Sua pele e roupas estavam impregnados pelo cheiro ferroso e o tom carmesim ressecado. As três katanas em suas bainhas também estavam manchadas pelo líquido rubro.

Haviam alguns cortes e feridas recentes em seu corpo, mas elas não lhe incomodavam mais do que a sensação do líquido ressecado em sua pele. Seu coração ainda palpitava pela recente batalha travada em terra e mar, seu sangue corria fervendo em suas veias, agitado pelos confrontos intensos.

O Deus do Amor deu um suspiro entre o cansado e o conformado ao ver o esverdeado adentrar o salão. Não via sentido no fato do Deus da Guerra deixar-se ser ferido sendo que podia utilizar algum tipo de proteção mais resistente que sua epiderme.

- Vá se limpar, marimo idiota, nem pense nisso - avisou o loiro ao notar o olhar do esverdeado para o trono - sabe o quanto é difícil tirar manchas de sangue do estofado?

O esverdeado lançou um olhar levemente irritado e continuou seu caminho até o trono, sendo parado pelo loiro que espalmou suas mãos em seu peito e o virou para o outro lado, empurrando-o para fora do salão.

- Vá se lavar ou prefere que eu te dê banho? - questionou o loiro em um tom levemente sarcástico e provocativo.

- Não, você quer me ver pelado por acaso, seu Deus pervertido? - retrucou o esverdeado afastando as mãos do loiro de perto de si, seu rosto esquentando com aquela pergunta.

- Desde quando vou querer ver um brutamonte sem cérebro como você pelado? - retorquiu o loiro bufando baixo - além do mais você não é o tipo de homem que gosto de ver sem roupa.

- E desde quando gosta de ver homem, seu mulherengo? - retrucou o esverdeado cruzando os braços e erguendo uma de suas sobrancelhas em total descrença.

- Ora, desde sempre, o Amor não tem essa de gênero, idiota, o importante é o sentimento e não o que se tem no meio das pernas, apesar de mulheres serem muito mais atraentes - explicou o loiro voltando a empurrar o esverdeado para que ele fosse se lavar - vai tomar um banho para cuidarmos de suas feridas.

O esverdeado bufou contrariado, mas por fim o obedeceu, estava se incomodando com a forma com que sua pele parecia repuxar com o sangue seco em contato, além do cheiro forte que invadia suas narinas.

O Deus da guerra não deixou passar a forma com que o Deus loiro se envolvera em seus cuidados, nem pode deixar de sentir seu coração bater ruidosamente como uma canção de guerra em seu peito, como soldados marchando em direção ao objetivo.

[...]

A floresta anciã era belíssima e gigantesca, uma das maiores e mais extensas florestas que existiam, suas árvores eram as mais altas e vistosas de todo o mundo, suas flores as mais radiantes e vivas, pareciam reluzir toda a energia que receberam do Deus Enel em cada uma de suas pétalas, em seus espinhos e folhas.

O rio que cruzava a floresta era o mais límpido e cristalino, escorrendo com uma sinfonia relaxante, se chocando calmamente contra as rochas do caminho fluvial.

Os passos suaves dos dois homens caminhando pela floresta eram amortecidos pelas folhas secas que caíram das árvores durante começo do outono.

As cores das folhas eram deslumbrantes e vivas, apesar da época as tornar amarelas e laranjas, pareciam com tanta ou mais energia do que se estivessem vibrando em verde. Eram cores calorosas que pareciam aquecer o peito dos dois que atravessavam a floresta, assim como o sentimento cálido que traziam em seus interiores.

- Existe algo nas mitologias que seja real? - questionou Marco observando tudo ao seu redor com enorme interesse, deixando sua mão livre tocar nas árvores enormes enquanto a outra entrelaçava seus dedos aos do Deus ao seu lado.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 09, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Deus SolOnde histórias criam vida. Descubra agora